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12 ANOS DE ESCRAVIDÃO, indicado a nove Oscars

 

Baseado nas inesquecíveis memórias que expuseram ao público americano os meandros da escravidão no século 19, chega o impressionante e comovente relato “12 Anos de Escravidão” (“12 Years a Slave”), dirigido por Steve McQueen, sobre o sequestro inesperado de um pai de família de Nova York, Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) e sua aflitiva jornada até fazendas de escravos na Louisiana… e sua busca incessante para voltar para sua família e seu lar.

A história real da súbita perda de liberdade de Northup é igualmente entremeada por momentos transcendentes de beleza, gentileza e lembranças das conexões que temos uns com os outros. De um músico bem-sucedido e artesão com mulher e filhos em Saratoga Springs, Nova York, Northup se vê em uma situação surpreendente: drogado, sem seus documentos, algemado e vendido para um inflexível mercador de escravos chamado Freeman (Paul Giamatti). Ele foi enviado para Louisiana onde seu destino encontrava-se na piedade de uma série de donos de fazendas, incluindo William Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwin Epps (Michael Fassbender), que mudam Solomon de maneiras bem diferentes.

Embora Solomon encontre conforto na amizade com Eliza (Adepero Oduye) e Patsey (Lupita Nyong’o), seu corpo e sua mente são forçados ao limite da capacidade humana com os caprichos de seus captores. Mas a cada momento, ele se recusa a sucumbir à desesperança ou à opressão surreal na qual se encontra, agarrando-se à crença de que ele foi, é, e um dia será de novo, um homem livre. Quando Solomon finalmente conhece um carpinteiro caridoso chamado Samuel Bass (Brad Pitt), seu caminho para liberdade surge com uma carta declarando sua captura e levando a seu triunfante retorno à família e a subsequente publicação de suas memórias revolucionárias.

 

 

McQueen, que tem experiência com filmes intensos e impressionantes como seus dois longas “Fome” (“Hunger”) e “Shame”, começou a conceber “12 Anos de Escravidão” antes mesmo de ler o livro. Ele sabia que queria explorar a escravidão nos EUA de uma maneira ainda não vista: através da perspectiva de um homem que conhecera o júbilo de uma vida livre e a injustiça da escravidão humana. McQueen sabia que historicamente alguns escravos de Sul foram sequestrados para os estados do Norte, mas só mais tarde ele saberia que as memórias precisas da experiência que ele estava imaginando já existiam.

Eu queria contar uma história sobre escravidão, e esse é um dos temas em que eu me perguntava, bem, como vou abordar isso? Eu gostei da ideia de começar com alguém que é livre, um homem igual a qualquer um que assista ao filme no cinema – um homem de família comum”, recorda-se McQueen, “e que depois é sequestrado e transformado em escravo. Eu pensei nele como alguém que pudesse levar a plateia através das sinistras correntes da história da escravidão.”

 

 

À época, McQueen mencionou sua ideia para sua esposa, Bianca, e foi ela quem encontrou as memórias de Solomon Northup, um livro que outrora sacudira a sociedade americana, mas não era mais tão conhecido ou amplamente lido. “Minha mulher achou o livro e logo eu abri e não consegui mais parar. Eu fiquei perplexo e surpreso com esta incrível história real. A narrativa era como Pinóquio ou um conto dos irmãos Grimm, com um homem arrancado da vida em família e levado para um túnel retorcido e escuro, mas com uma luz no final,” diz ele.

McQueen achou, como muitos, que Northup era um sagaz observador de pessoas, um dos poucos capazes, à época, de levar ao mundo as notícias vitais de como era de fato a escravidão do ponto de vista de dentro. Com sua história chocante, a narrativa de Northup também tinha uma sensação contemporânea, uma jornada vibrante da coragem tanto física quanto moral. Era um depoimento profundo e, ao mesmo tempo, levantava a questão que as maiores literaturas levantam – não só o que aconteceu, mas o que você teria feito?

 

 

Com o aniversário de 160 anos da libertação de Northup em 2013, McQueen achou sua história especialmente urgente para ser contada agora. “Esta história tem muito mais alcance do que tudo mais que eu já vi ou li ultimamente”, afirma ele. “Eu não conseguia acreditar que nunca tinha ouvido falar sobre este livro. Como isso era possível? A maioria dos americanos aos quais eu falei sobre livro não tinha ouvido falar dele também. Para mim é tão importante para a história dos Estados Unidos como O Diário de Anne Frank é para a história da Europa– um relato notável da jornada de um homem pela estarrecedora desumanidade. Todos acham que conhecem sobre esse período da história americana. Mas eu acho que muitas coisas neste filme surpreenderão as pessoas do mesmo jeito que me surpreenderam. Achei que seria uma honra e um privilégio transformar o livro em filme e levar essa história às pessoas.”

Conhecido por justapor cenas intensamente emocionantes, e por vezes provocantes, com quadros exuberantes e de beleza formal, a história daria a McQueen uma oportunidade inédita de aprofundar ainda mais seu estilo visual único – e ao mesmo tempo aperfeiçoar sua habilidade como contador de histórias.

 

Trailer legendado de “12 Anos de Escravidão”:

 

E, em última análise, foi a história de “12 Anos de Escravidão” que inspirou McQueen – uma história impressionante contada com uma dignidade comovente e determinação inspiradora. “Em essência, é uma história sobre família e a esperança de voltar para casa e para quem se ama”, resume ele.

É uma história extraordinária e comovente. Ela imediatamente nos deu a perspectiva que queríamos, um período de tempo longo o bastante para realmente entender ou investigar o que foi a escravidão, o que isso significava no cotidiano e o que significava em muitos aspectos”, explica a produtora Dede Gardner.

 

 

Em 1853, o livro “12 Anos de Escravidão, um relato de Solomon Northup” (conforme contado a David Wilson) se tornou um best-seller na época, por falar a leitores em vários níveis e abrir uma janela anteriormente fechada na vida dos escravos, revelando o que significava realmente “pertencer” a um amo, seja ele cruel ou aparentemente gentil e benevolente. Ao mesmo tempo, foi pintado um quadro complexo da moral, da emoção e do impacto espiritual que a escravidão – a chamada “Instituição peculiar” – causava em todos os tipos de pessoas, de escravos de diversas origens aos próprios proprietários das fazendas. De forma determinante, o livro falou diretamente ao indestrutível espírito humano.

Escrito um ano depois de Northup recuperar sua liberdade, e nove anos antes da Guerra Civil, o livro se tornou uma parte vital do debate nacional sobre o futuro da escravidão e de combatidas alegações de situações idílicas feitas por donos de escravos. O próprio Northup disse que, ao compartilhar sua história e revelar a ampla gama de personalidades e atitudes dento do sistema das fazendas, ele estava “determinado a retratar a instituição da escravidão como eu vi e conheci”.

 

 

Muitos ficaram comovidos com sua coragem de não só explicar o que aconteceu com ele, mas também de dar detalhes específicos. O grande estadista norte-americano Frederick Douglass, que também em 1845 publicou uma autobiografia inspiradora de sua vida, tendo nascido escravo, disse sobre Northup: “Por trinta anos um homem com todas as esperanças, medos e aspirações – com mulher e filhos para chamá-lo pelos nomes carinhosos de marido e pai – com um lar, humilde talvez, mas ainda um lar… depois por doze anos se torna uma coisa, uma mercadoria, qualificado como as mulas e os cavalos e tratado com menos consideração do que eles… Ah, é horrível! Dá arrepio pensar que coisas assim existem.”

Apesar da poderosa influência do livro e sua importância como um documento histórico, “12 Anos de Escravidão” praticamente desapareceu. Não foi impresso durante quase todo o século vinte. De fato, ele poderia ter se perdido completamente se não fosse pela historiadora Sue Eakin, que em 1968 restaurou as memórias de Northup e as levou de volta para as discussões públicas sobre os direitos civis. Eakin validou o livro ao documentar cuidadosamente que Northup era uma pessoa real que havia passado por tudo que é relatado nas memórias. Desde então, o livro se tornou uma das narrativas mais consagradas sobre escravos, mas nunca entrou inteiramente na consciência cultural contemporânea.

 

 

O diretor Steve McQueen queria tornar a história acessível para o século vinte e um e dar a Northup sua devida reputação como uma figura inspiradora. “Esta é uma história universal e também muito oportuna, eu acho,” diz McQueen. “Olhe ao redor e você verá a repercussão da escravidão todo dia. É algo que não desapareceu totalmente. Mas pode-se analisar esta história agora, examiná-la e reavivar nossas memórias sobre como e por quê coisa que acontecem hoje refletem o passado. O que torna esta jornada tão significante e relevante é que todos nós somos Solomon Northup. E você segue a história, você se vê em Solomon e se pergunta se teria a coragem e a dignidade que ele teve.”

Indicado a nove categorias do Oscar®, “12 Anos de Escravidão” chega ao Brasil nesta sexta-feira, 21 de Fevereiro de 2014, com distribuição pela Touchstone Pictures.

Nos Estados Unidos antes da Guerra Civil, Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um homem negro e livre do estado de Nova York é sequestrado e vendido como escravo. Enfrentando a crueldade (personificada pelo perverso dono de escravos interpretado por Michael Fassbender), bem como inesperadas gentilezas, Solomon luta não só para sobreviver, mas também para manter sua dignidade. No décimo segundo ano de sua inesquecível odisseia, um encontro ao acaso com um abolicionista canadense (Brad Pitt) mudará sua vida para sempre.

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".