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Winnie the Pooh | As primeiras aventuras do ursinho bobo no Universo Disney

Nascido em 18 de Janeiro de 1882, o britânico Alan Alexander Milne se inspirou nas brincadeiras de seu filho, Christopher Robin Milne, com os seus animais de pelúcia, incluindo um ursinho chamado Winnie-the-Pooh, para criar uma série de histórias retratando as aventuras de um menino, seu amigo urso de cérebro pequeno e os demais habitantes do Bosque do Cem Acres, também baseado no local real onde seu filho costumava passar as tardes.

Do outro lado do Oceano Atlântico, a filha mais velha de Walt Disney, Diane Marie, era apaixonada pelos livros de Milne e isso o inspirou a adaptá-los para o cinema. “Papai me ouvia rindo sozinha no meu quarto e entrava para ver do que eu estava rindo . Normalmente, era o humor delicado e excêntrico das histórias do Pooh, escritas por A. A. Milne. Eu as li repetidamente, e muitos anos depois, para meus filhos e, agora, para meus netos,” declarou Diane muitos anos depois.

Assim, logo após a estreia de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Walt iniciou uma jornada para adquirir os direitos de adaptação, o que aconteceu apenas em 1961. Três anos depois, o estúdio começou a desenvolver um longa-metragem, mas, durante uma reunião com a equipe, em 1965, Walt decidiu que essa não seria a melhor abordagem. No lugar, o filme seria dividido em curtas de vinte e cinco minutos, pois Walt acreditava haver maior chance de popularizar Pooh se criasse um interesse no público primeiro.

Como inspiração para o primeiro curta, Walt e seus colaboradores escolheram os dois primeiros capítulos do livro Winnie-the-Pooh (1926). No entanto, diferente de outros projetos e em razão da baixa recepção de Alice no País das Maravilhas (1951), outra obra muito popular na Inglaterra, Disney selecionou a dedo quais artistas poderiam participar da produção. Admiradores das obras de Milne, como os veteranos Frank ThomasMilt Kahl e Ollie Johnston, foram rejeitados.

Fofinho e Roliço

Walt temia que tais animadores se mantivessem fiéis demais ao original. “Eu acredito que Walt estava interessado em transformar o material em algo capaz de ser reconhecido como um filme da Disney,” declarou Thomas. Wolfgang Reitherman, responsável pela direção de A Bela Adormecida (1959) e 101 Dálmatas (1961), ficou incumbido de comandar o primeiro curta, enquanto os irmãos Richard M. e Robert B. Sherman escreveriam as canções, e Buddy Baker iria compor a trilha instrumental.

Todavia, mesmo com o talento de Eric Larson e John Lounsbery, dois dos Nove Anciões do estúdio, adaptar as aventuras do urso guloso não foi tão fácil quanto imaginado. As ilustrações cheias de estilo de E. H. Shepard – seus cenários, por exemplo, eram cheios de linhas quebradas – e o humor extremamente verbal de Milne eram complicados de serem traduzidos para as telas, assim como animar os personagens sem deixarem de ter a aparência de um animal de pelúcia.

Em seu livro Winnie the Pooh: A Celebration of the Silly Old Bear, o escritor Christopher Finch observa: “Se o Pooh da Disney for comparado com o de Shepard, será possível ver que foi construído um grau sutil de articulação em seus membros. Uma maneira adicional em que o Pooh da Disney se difere da versão de Sherpard é o uso de uma camiseta vermelha encolhida.” A camiseta, no entanto, foi baseada na pelúcia do personagem vendida nas décadas de 40 e 50 em Nova York e em um dos capítulos de Winnie-the-Pooh.

O sotaque estadunidense de Christopher Robin, interpretado no original pelo filho de Reitherman; e a adição do Toupeira, um personagem que não existe nas histórias de Milne, foram algumas das modificações realizadas pela equipe, a fim de conquistar a atenção do público dos Estados Unidos. Walt também deu o seu toque pessoal. A famosa cena na qual Pooh fica preso na toca do Coelho veio diretamente dos livros, mas as piadas do Coelho tentando transformá-lo em uma decoração foram ideias de Walt.

Preso na Casa do Coelho

Intitulado Winnie the Pooh e a Árvore de Mel, o curta estreou nos cinemas em 04 de Fevereiro de 1966, antecedendo Um Amor de Companheiro, comédia estrelada por Dean Jones. Embora a animação tenha se tornado um sucesso entre o público e recebido a aprovação da esposa e do filho de A. A. Milne, que faleceu em 1956, a sobrinha do autor, Marjorie, não ficou satisfeita com o resultado, especialmente com a ausência de Leitão, que não aparece nos capítulos nos quais a produção foi baseada, e o sotaque de Christopher Robin, levando a uma substituição de seu intérprete.

Meses depois, em Dezembro de 1966, Walt Disney faleceu em razão de um câncer de pulmão e, infelizmente, não teve a oportunidade de ver sua visão se concretizar. Em pouco tempo, o personagem se tornou extremamente popular, em grande parte pela combinação mágica da narrativa adorável de Milne e da criatividade da equipe de Walt. E apesar de terem sido desenvolvidos sob a supervisão do criador do Mickey Mouse, os outros dois curtas-metragens foram lançados postumamente.

Lançado em 20 de Dezembro de 1968, o segundo curta animado estrelado pelos personagens do Bosque do Cem Acres, com a apresentação de Leitão e Tigrão, Winnie the Pooh e o Dia Chuvoso (1968), venceu o Oscar®. Seis anos depois, em 1974, Winnie the Pooh e o Tigre Saltador chegou aos cinemas, e, em 1977, a ideia original de Walt foi, enfim, realizada com o lançamento do longa As Muitas Aventuras de Winnie the Pooh, o qual reúne as animações supracitadas por meio da inclusão de novas cenas.

Hoje, mais de cinquenta anos após a sua primeira aventura nas telonas, o ursinho bobo e guloso já estrelou uma quantidade impressionante de filmes, séries e jogos, como a recente releitura Christopher Robin: Um Reencontro Inesquecível (2018), e é responsável por grande parte dos lucros anuais da The Walt Disney Company. Estimada em vinte e um bilhões de dólares, a franquia é a décima segunda mais lucrativa no geral, e a quarta do conglomerado. Provando que a aposta de Walt valeu a pena – e muito!

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".

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