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Piratas do Caribe 4: 1ª Crítica de Fã para Fã

 

Enfim, depois de tantos meses de espera finalmente pude me deparar com o quarto título desta franquia que atualmente tanto estimo: “Piratas do Caribe”! De “A Maldição do Pérola Negra” até “O Fim do Mundo”, me tornei um grande fã da série, talvez nem tanto quanto outros, mas um fã.

Até hoje recordo quando meus pais alugaram o DVD do primeiro filme e todos nós o vimos numa daquelas típicas “sessões-família” dominicais, e posso dizer que todos se divertiram muito naquele dia (quando descobri que Jack Sparrow nada mais era que Johnny Depp em pessoa, não pude deixar de exclamar surpreso: “Hã? É o mesmo cara que fez o Willy Wonka???!!!”). Os outros dois filmes me lembro de ter visto no cinema da minha antiga cidade natal (os longas pareciam que chegavam através de um carro de boi, tamanho o atraso em que eram lançados por lá…) e também os apreciei demasiadamente (embora tenha ficado fulo em ter de esperar por um ano para ver o desfecho da história), especialmente o (acho que sou uma das únicas pessoas deste planeta que gostou de “O Fim do Mundo”, já que pelo que me consta, muita gente desaprovou…)!

Mas onde quero chegar com esta introdução? Bem, acontece que num belo dia descubro que outro filme estava a caminho. Honestamente, fiquei mais surpreso do que feliz, afinal de contas pensava que tudo já tinha sido muito bem concluído na última produção… Pois bem, acabo de voltar do cinema desta minha nova cidade (muito mais decente por sinal) e posso dizer com toda a certeza de um…. de um… fã… É… um fã… Enfim, posso dizer com toda a certeza, de um fã, que Jack Sparrow, digo Capitão Jack Sparrow, ainda está jovem demais para se aposentar!

 

 

“Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas” nada mais é do que um filme deveras leve, divertido, atraente e emocionante, repleto das batalhas mais quentes, das criaturas mais fascinantes, das aventuras mais incríveis e, claro, dos piratas mais ardilosos já vistos em toda a história da tão querida 7ª arte! Para começar, mesmo que já saiba,vamos à sinopse:

O longa apresenta não só uma, mas várias jornadas, rumo a tão misteriosa (e perigosa) Fonte da Juventude, e em uma delas encontra-se o nosso querido Jack Sparrow (Johnny Depp) que se vê às voltas com uma antiga paixão do passado, a astuta (e sedutora) Angélica (Penélope Cruz), filha (ou pelo menos ela alega que é) do cruel e implacável Capitão Barba Negra (Ian McShane) que precisa da Fonte para se livrar de uma antiga profecia que impõe em seu destino o encontro com a morte.

Para salvar a vida de seu (aparente) pai, Angélica acaba metendo Jack no meio da história, pois sabe que ele possui informações preciosas sobre a localização da Fonte, sendo que o nosso Capitão também está metido em problemas com a real guarda britânica… e é claro, precisa de um navio! Além dos três, outro interessado pelas águas vitais é o Capitão Barbossa, para a surpresa de muitos agora do lado da Coroa Real Britânica protestante (e detalhe, sem uma das pernas e pior, sem o “Pérola Negra”), que em nome do rei fará tudo para que a juventude eterna não caia nas mãos dos rivais espanhóis católicos (embora seus reais objetivos sejam outros…).

Para tal busca, eles precisarão de misteriosos e sombrios seres do mar, criaturas tão belas quanto o mais puro dos anjos, mas na realidade perigosas e mortais como o pior dos monstros: sereias.

 

Trailer dublado de “Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas“:

 

Em relação à trama, “Navegando em Águas Misteriosas” é bastante simples se compararmos com os últimos filmes da franquia… Para alguns talvez isso seja ótimo, devido à intricada série de acontecimentos vistas nos dois últimos filmes, sendo que vemos aqui algo praticamente começado do  zero (embora a premissa já pudesse ter sido prevista no final do 3º longa), sem o núcleo Will – Elizabeth por exemplo, já que tudo em relação aos dois foi devidamente concluído em “O Fim do Mundo” (acho que também sou uma das únicas pessoas que vão sentir falta deles, no meu caso especialmente dela!…). Mesmo assim, o resultado final ficou deveras satisfatório! Ágil, divertido e leve na medida certa, o filme não desaponta os fãs da série, pois consegue trazer aquele mesmo ritmo e frescor, grandes responsáveis pela popularidade da franquia até então. E, naturalmente, as sequências de ação são um show à parte! Logo nos primeiros momentos temos uma perseguição de carruagens e soldados em plena Londres, de tirar o fôlego! Isso sem falar das lutas de espadas, motins, fugas e, claro, o clímax final, todos demasiadamente empolgantes, de não desgrudar os olhos da telona!

Mas o destaque de fato fica para o ataque das sereias que é simplesmente fantástico! Não só por estas belas donzelas aquáticas, mas também pelo clima de suspense que toma conta de todos no início para em seguida o devido ataque, que, acredite, é de arrepiar os cabelos! As tomadas fora e dentro d’água são brilhantes, sem falar dos ótimos efeitos especiais (leia-se barbatanas muito bem feitas e perfeitamente sincronizadas!)! Outra cena muito bacana é uma luta entre Jack e Barbossa travada em circunstâncias bastante especiais (e bizarras)! Se eu desse mais detalhes seria um perfeito desmancha-prazeres…

Mas é claro, “Navegando em Águas Misteriosas” não se resume apenas à pólvora, lâminas ou seres fantásticos. Também temos uma generosa dose de romance… Complicado romance… No caso não poderia estar falando de nenhum outro casal a não ser Jack e Angélica! Para o deleite de todo o público, ambos possuem uma química formidável e definitivamente roubam a cena em diversos momentos! Na verdade, nada mais são do que as verdadeiras estrelas do filme ! O melhor dos dois é que você nunca sabe quando um está tentando passar a perna no outro ou quando realmente possui um verdadeiro afeto… Motivos para Angélica se vingar de Sparrow não são poucos! O cara simplesmente a traiu e a abandonou vários anos atrás, nada mais “natural” que ela se ache no direito de lhe dar o merecido troco. E Jack por sua vez como pode ter certeza se ela não está apenas o usando para chegar à Fonte? E é aí que entra a sacada de gênio: ambos têm um objetivo, mas é evidente que passam por verdadeiros conflitos internos devido à forte atração que ainda os une… Mas é claro que tal paixão não irá interferir em seus planos! Ah, isso nunca (e o desfecho comprova isso da maneira mais inusitada possível…)!

 

 

O destaque também fica para as ótimas atuações de Johnny Depp e Penélope Cruz! Os dois estão excelentes! Desde o início pensei que Penélope foi uma boa escolha para o elenco e vejo que não me enganei! Ela é simplesmente maravilhosa e consegue passar muito bem aquele lado astuto de Angélica, mas também o seu lado mais humano, romântico. Chega a ser irônico até: uma atriz interpretando uma personagem que por sua vez também é uma atriz, já que o dom da atuação é um dos mirabolantes ardis que Angélica possui! E Johnny Depp… o que eu poderia dizer? Não perdeu nem um pouco do estilo irreverente e único do já tão querido Capitão Jack Sparrow! O jeito malandro, esperto, ágil e bem-humorado ainda está presente da melhor maneira possível, embora as suas tiradas não estejam tão boas como antes (francamente, a “gag” do “Ah! Estou falando sozinho…” não teve a menor graça…)… Os dois combinam perfeitamente quando estão juntos em cena, e esbanjam um sem par de de sensualidade, charme e sedução!

E é claro! Não poderia esquecer-me do nosso outro casal, no caso o fervoroso missionário Philip e a bela sereia Syrena! A participação dos dois na trama não é tão grande quanto à de Will e Elizabeth (e tampouco possuem o mesmo carisma); na verdade creio eu que não deve ser uma grande novidade para muitos uma sereia se apaixonando por um humano e vice-versa (embora estas sereias sejam bem diferentes de Ariel…). Mas mesmo assim, eles estrelam cenas verdadeiramente encantadoras, especialmente da perspectiva de Philip que também entra num conflito interno entre os seus sentimentos e a sua fé. Acho que seria bom se tivessem explorado melhor esse conflito, e também a relação dos dois. Tudo acaba acontecendo tão depressa; seria bom se tivesse recebido uma atenção maior (creio que por isso alguns possam achar a participação deles meio que desnecessária para a trama)… Felizmente a escolha dos atores não poderia ter sido melhor! Tanto Sam Claflin quanto Astrid Bergés-Frisbey são ótimos! Mesmo tendo visto o filme dublado, não pude deixar de notar os olhares, as expressões… Deveras envolvente!

E é claro, o humor! Naturalmente este novo “Piratas do Caribe” não poderia deixar de ter o humor sarcástico e hilário presente na franquia, embora eu ache que nenhum filme supere “A Maldição do Pérola Negra” nesse quesito. Mesmo assim, o longa também possui algumas “gags” impagáveis, como por exemplo a resposta do Capitão Teague (interpretado por Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones) quando indagado por Jack se já havia ido à Fonte da Juventude…

Porém, infelizmente alguns pontos do filme deixaram um pouco a desejar… Seria bom se fosse apresentada a origem da tal da profecia proferida contra Barba Negra ou se os zumbis tivessem tido uma participação mais efetiva (nada mais são do que a tripulação apenas…). O próprio Barba Negra acabou devendo, pois apesar de cruel ele passa por um momento crítico, quando é atormentado pelo medo causado pela terrível profecia, e para uma pessoa que passa por esse tipo de coisa ele me pareceu muito vazio (afinal de contas, mesmo sendo um monstro ele também deveria possuir um mínimo de humanidade, tal como o terrível Davy Jones cujos sentimentos por Calypso ainda eram muito fortes…). O conflito fé versus medo também poderia ter ficado melhor (embora o filme consiga ser maravilhosamente subjetivo nessa questão da crença, especialmente falando da disputa entre os ingleses protestantes e espanhóis católicos…). Ian McShane consegue passar muito bem esse lado implacável e frio do Capitão, mas é uma pena que não teve chances de desenvolver a humanidade do mesmo…

 

 

Ainda falando sobre algumas personagens, Barbossa (grande Geoffrey Rush) continua fantástico, embora ele dê o maior ar de sua graça nos momentos finais (esse sim tem ambos os lados muito bem trabalhados!), assim como Gibbs (interpretado pelo também ótimo Kevin R. McNally) apesar de ter uma participação menor nesse filme. A trilha sonora continua agradável aos ouvidos embora não apresente algo de muito novo (honestamente o tema instrumental da Fonte da Juventude me pareceu muito familiar…). Sei que é chato fazer essas comparações constantemente, mas ainda fico com a trilha do (é impossível não fazer comparações, mesmo sendo uma nova trama…)…

As locações por sua vez  são belíssimas! Desde o adornado palácio inglês até as tomadas no oceano ou nas praias, tudo verdadeiramente encantador, sem falar das belíssimas tomadas  como por exemplo nas que a câmera apresenta uma visão geral das vastas selvas do Havaí! E os efeitos especiais são outro deleite, principalmente os usados no clímax final, na manipulação do navio feita por Barba Negra e na constituição das criaturas fantásticas, tal como os zumbis e as sereias, muito bem acabados! E o 3D… Bem, tenho de ser franco, acho que algo estranho acontece comigo… Toda vez que vejo um filme em terceira dimensão, depois de certo tempo eu meio que me “acostumo” e a partir de então não acho nada de mais… No geral percebo alguns efeitos, mas no final das contas tudo acaba sendo tão “normal”… Por isso não posso ter uma opinião certa sobre isso, mas afirmo que tive uma sessão bastante agradável com os óculos e os efeitos foram muito bons (é muito legal a espada do Barba Negra na sua cara!), sendo que o 3D também se relaciona com a perspectiva da cena e esta é magnífica em todas elas!

Enfim, “Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas” é um ótimo filme para quem procura diversão, ação e romance em generosas doses! Mesmo que tenha alguns pontos não muito bem trabalhados e seja mais simples se comparado com a antiga trilogia, decerto se mantém a altura da franquia e espero que se dê muito bem nos números!  E o que está esperando, marujo? Mova-se em direção aos cinemas mais próximos imediatamente! Ou prefere encarar a prancha e a ferocidade dos 7 mares?…

 

 

P.S.: Aqui vai uma dica importante: Espere os créditos finais terminarem! Há uma cena de grande importância após o término deles!

Escrito por Luís Fernando

"Tupi or not tupi! That is the question..."