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Pinóquio | A Magia da Câmera Multiplano na produção do clássico

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Um dos grandes sonhos de Walt Disney era fazer as pessoas acreditarem em seus longas-metragens de animação. “Eu queria ter alguns efeitos específicos para um filme. Eu sentia como se precisasse ter alguma profundidade, não podia algo achatado…,” revelou em uma entrevista ao jornalista Pete Martin durante a década de 1950.

Isso é o que atualmente chamamos de câmera multiplano, na qual, em vez de uma pintura em um único plano, pintamos o cenário em vários planos e podemos mover a câmera através deles, criando a ilusão de profundidade,” explica. A câmera multiplano foi algo totalmente inédito dentro do estúdio de Walt Disney, e foi a sua ferramenta preferida na produção de Pinóquio (1940).

O departamento de câmera utilizando a câmera multiplano.

Projetada pelo técnico Bill Garity, a câmera conseguia adicionar profundidade, textura e um novo sentido de espaçamento para as animações. Com quase quatro metros de altura, o equipamento utilizava várias camadas de fundo, plano do meio e primeiro plano, com alturas variadas, sob um câmera localizada no topo.

Testada no curta O Velho Moinho (1937), vencedor do Oscar®, a câmera foi utilizada no primeiro longa animado, Branca de Neve e o Sete Anões (1937). O resultado dessa experimentação se tornou um novo modelo cinematográfico para a Disney. Mas Pinóquio ficaria famoso por usar a tecnologia em algumas das sequências mais complexas e visualmente atraentes da história.

Walt Disney apresenta a Câmera Multiplano:

Dirigida por T. Hee, a cena de abertura da sequência de número sete do clássico, a qual começa com uma noite enevoada e câmera foi se aproximando até chegar a um bar, onde os vilões Gideão, João Honesto e Cocheiro estão se reunindo, tem apenas dezesseis segundos de tela, porém, levou cerca de quarenta e seis horas para ser filmada por uma equipe de cinco homens.

As possibilidades de uso da câmera multiplano eram tantas quanto os níveis em sua estrutura e essa versatilidade era ideal para Walt Disney, pois ele estava sempre à procura de novos e melhores meios para contar uma história. Em 1952, sua curiosidade o levaria a fundar a WED Enterprises – atual Walt Disney Imagineering –, responsável por diversas inovações e com mais de cento e quinze patentes obtidas.

Cena da sequência “Indo para Escola”.

Em razão dessa exigência do visionário e à extrema preocupação com cada um dos detalhes das cenas, um dos momentos mais aclamados pelo uso da técnica é a sequência de número dois do filme, chamada “Indo para a Escola“. Para isso, Garity desenvolveu uma outra versão do aparelho, dessa vez para trabalhar na horizontal, ocupando um cômodo inteiro e proporcionando uma maior liberdade de movimento.

Tal cena abre com uma linda manhã ensolarada, com sinos tocando e pássaros voando. Imitando os movimentos da câmera em um filme de ação ao vivo, a imagem continua caminhando pela abaixo, virando lateralmente enquanto as crianças da escola entram nas ruas e, finalmente, para na oficina de Geppetto, onde o protagonista se preparar para ir à aula.

Walt Disney trabalhando em Alice no País das Maravilhas (1951) com a câmera multiplano.

John Canemaker, animador e historiador, descreve a sequência como “um dos momentos mais célebres e complexos da obra da Disney. O demorado e cuidadoso esforço empregado nessa cena por dezenas de funcionários resultou em uma das cenas mais caras de um filme na época: US$45.000 mil naquela época, cerca de US$1.8 milhão atualmente.”

Walt, na época da produção de Pinóquio, estava disposto a garantir o máximo de qualidade e detalhe em cada cena. Uma câmera poderia se mover graciosamente em uma aldeia com personagens se movimentado. Na realidade, o local era cinco grandes pinturas de vidro, apoiadas em armações mecânicas, iluminadas de todos os lados, com uma câmera lentamente passando. O resultado foi pura magia.

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".