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Os muitos detalhes do figurino de “Frozen”

 

Quando se pensa em um longa-metragem animado da Disney, um figurino espetacular não deve ser o primeiro pensamento a cruzar a mente, porém, isso mudou com o lançamento de “Frozen: Uma Aventura Congelante”.

Os trajes dos personagens principais capturam uma verdadeira sensação de profundidade e credibilidade, as quais são notáveis para o gênero. O diretor de arte Mike Giaimo descreve como “o figurino animado em computação gráfica mais elaborado até o momento”.

Giaimo convocou a designer Jean Gilmore para auxilia-lo a criar o visual que estava à procura. A arista trabalhou para o estúdio em basicamente todas os clássicos animados lançados durante a década de 1990, desde “Aladdin” a “Fantasia 2000”, além de “Atlantis: O Reino Perdido”, “Planeta do Tesouro” e “Toy Story”, este da Pixar Animation Studios.

 

 

Na animação tradicional, o figurino era tratado como uma parte do personagem, e nenhuma distinção era feita” comenta Gilmore a respeito da evolução das roupas e dos personagens. “Nela, todos os tipos de distorções aconteciam acidentalmente e são permitidos por serem parte do charme da arte original da movimentação.

“Porém, com a computação gráfica, e por causa de como é manipulada e criada no computador, as vestimentas precisam ter mais lógica – parecerem mais reais, ou se tornam uma distração. Caso não sejam bem desenhadas, feitas com a textura certa e animadas apropriadamente, as roupas ficam com uma aparência plástica ou emborrachada, e até mesmo feita do mesmo material que o próprio personagem. Isto é inaceitável para os olhos e cérebro humanos, e uma desconexão acontece. Esta qualidade melhorou muito através dos anos, criando um resultado muito mais crível na tela, independente de qual seja o estúdio a produzir,” finaliza.

 

 

De acordo com Gilmore, a animação feita à mão sempre foi sobre a facilidade e a fluidez da movimentação, sobre a força e a viabilidade gráfica, portanto os desenhos simplificavam estilos e períodos – usando-se apenas uma sensação geral da época, simplesmente para situar o espectador, assim como os cenários não possuíam a exatidão temporal.

Com a chegada da computação gráfica, isso mudou gradualmente, em especial no caso de “Frozen: Uma Aventura Congelante”, cujo nível de detalhamento nunca havia sido tentado antes. Apesar do orçamento restrito e do pouco tempo terem provocado discussões se valia ou não investir em tantos detalhes, uma equipe técnica bem criativa aceitou o desafio e provou que perseverança e capacidade criam resultados deslumbrantes.

 

 

O departamento de arte tinha um sonho, e eu estava privilegiada e determinada em ajudar a realiza-lo,” revela Gilmore. “Mike tinha uma ideia precisa do que ele queria, e sabia exatamente qual a paleta de cores ele empregaria, com influência escandinava. Seguimos em viagem para Solvang, na Noruega, onde fotografamos caimentos e peças de roupas.

Enquanto todo o filme é levemente baseado em material real, a maioria das roupas é, na verdade, fantasiosa. A minha abordagem geral era fundir as silhuetas históricas da Europa Ocidental de 1840 com as formas e as relações e detalhes do vestuário popular na Noruega, por volta do século 19.

 

 

O chapéu de viagem de Anna é feito do ‘fator fofura’, inventado por Mike, e da minha simplificação de um real chapéu norueguês,” continua. “O vestido de Rainha da Neve de Elsa simula cristais de gelo, flocos de neve e superfícies refletoras do gelo em suas variadas formas. Kristoff tem um vestuário com uma material mais rústico e primitivo (as tradições do povo Sami foram estudadas extensivamente) e os trolls, claro, possuem roupas não refinadas feitas de materiais encontrados ao seu redor. No geral, Mike e a equipe não queriam usar nenhuma referência literalmente, porém somente o que servia aos efeitos e à composição da imagem como um todo.”

A designer ressalta que nos últimos anos tem crescido uma consciência no meio das animações de que os figurinos não devem ser vistos meramente como parte do personagem em si, no entanto, como uma entidade separada com suas propriedades e comportamentos únicos.

 

 

O ‘Desenvolvimento Visual’ cria digitalmente uma pintura do aspecto das superfícies; outros departamentos lidam com o movimento, peso, espessura e luz da animação têxtil. A Disney possui uma crescente biblioteca de tipos e amostras de tecidos, à qual Mike e eu, no curso da produção, corríamos loucamente para fornecer aos diversos departamentos o necessário para continuarem. Muitas amostras nossas vieram da divisão de figurinos dos parques, em Fullerton, Califórnia, onde obtivemos mais recomendações e lições. Esta colaboração traduziu-se diretamente na interpretação das personagens para os parques, quando a época chegou. Realmente ajuda quando um estúdio tem esses amplos recursos.

Mais sobre o processo de concepção dos figurinos e do mundo de “Frozen: Uma Aventura Congelante” pode ser obtido através do livro “The Art of Frozen”, à venda com frete gratuito na loja parceira Animazon.

 

Trailer de “Frozen: Uma Aventura Congelante”:

Inspirada em “A Rainha da Neve”, de Hans Christian Andersen, “Frozen: Uma Aventura Congelante” é uma aventura épica sobre Anna (voz original de Kristen Bell), uma destemida otimista que se junta ao montanhês Kristoff (voz original de Jonathan Groff), sua rena de estimação Sven e ao boneco de neve Olaf (voz original de Josh Gad) em uma jornada para reencontrar sua irmã mais velha Elsa (voz original de Idina Menzel), cujos poderes congelaram o reino de Arendelle.

Parcialmente traduzido do Tyranny of Style.

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".