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John Carter | Crítica de Fã para Fã #1

 

Um guerreiro pode mudar seu metal, mas não pode mudar seu coração.

~ Ditado popular de Barsoom.

 

A abertura adaptada da Walt Disney Pictures para “John Carter – Entre dois Mundos” – versão cinematográfica de “A Princesa de Marte”, de Edgar Rice Burroughs – revela que veremos algo grandioso, incomum e, certamente, épico; além de ser um dos muitos cuidados técnicos da equipe de produção para nos fazer acreditar que estamos nos solos de Marte.

Já nos primeiros minutos, conhecemos a história de Barsoom, como os habitantes do planeta vermelho o chamam. Uma guerra entre duas cidades – Zodanga e Helium – pode culminar no fim daquele mundo, e em meio às batalhas, habitam os homens verdes, seres com quatro braços e mais de três metros de altura, conhecidos como tarks.

Enquanto isso, na Terra, Capitão John Carter (Taylor Kitsch) está à procura da mina de ouro guardada pela “aranha” para solucionar seus problemas financeiros. Contudo, sua busca o recompensará com uma viagem a Marte. Curiosamente, a chegada do protagonista acontece no momento da eclosão dos ovos dos bebês tarks e, assim, “o pequeno verme branco” será tratado como um.

 

 

A relutância do protagonista em permanecer naquele lugar o leva à Dejah Thoris (Lynn Collins), a princesa de Helium, foragida de um casamento forçado, que tenta encontrar uma solução para a guerra. Dejah vê nos novos poderes de Carter a salvação de sua cidade, porém seu único interesse é voltar para casa e para sua mina de ouro.

A teimosia de Carter e a disposição da princesa de acabar com a guerra serão os grandes guias da aventura da dupla, fazendo-os passar por diferentes obstáculos. Um dos grandes diferenciais de “John Carter – Entre dois Mundos” é, mesmo com diversos percalços enfrentados pelos protagonistas, a fluidez da trama, não permitindo que o longa-metragem se torne cansativo.

O roteiro apresenta a mitologia daquele planeta, um pouco superficialmente talvez, mas de modo compreensível, para quem não está familiarizado com a série de livros escrita por Burroughs, e eficaz. Conhecemos Marte e seus moradores, e começamos a nos importar com a estória, à medida que o herói desbrava aquele local.

 

 

Apesar de ser considerado um filme majoritariamente masculino, “John Carter” possui uma grande alma feminina. O romance do casal é explorado de forma coerente e sem ser piegas, fugindo do estereótipo da donzela em apuros, pois Dejah Thoris é uma guerreira, que não precisa ser defendida.

O elenco, composto por poucos “humanos”, não faz feio. A captura de movimentos para a criação dos tarks é bem-utilizada e bastante crível, não passando a sensação de falsidade usual. Como Matai Shang, Mark Strong consegue mostrar a frieza e a serenidade do vilão de forma precisa.

Contato, Taylor Kitsch e Lynn Collins merecem toda a ênfase dada a eles. O par de protagonistas rouba a atenção em todas as cenas em que aparece. O destaque fica por conta dos expressivos olhos do casal. Com um par de olhos azuis, Collins transmite toda a necessidade que a princesa sente de encerrar aquela interminável peleja e o orgulho de fazer parte do povo que anseia pela volta dos extintos mares. Kitsch, e seus olhos verdes, demonstra a transformação sofrida pelo personagem. No início, os olhos do ator expressam o sofrido passado (e os momentos de loucura) de Carter e o desapego que ele sentia por aquela sociedade, suavizando-se ao final, quando o herói encontra seu novo lar.

 

 

Michael Giacchino, em mais um excelente trabalho, cria um trilha sonora pontual para “John Carter – Entre dois Mundos”, dando o tom certo às cenas de ação e às cenas mais calmas. O ápice do instrumental acontece quando Carter, em meio à batalha, decide enterrar seu passado e abraçar seu novo futuro, e as notas das canções se misturam aos sons da cena, somando-se à ótima edição.

O grande trunfo dessa produção é a presença de Andrew Stanton, veterano das animações da Pixar Animations Studios, na cadeira de diretor. Com uma fotografia impecável, Stanton acrescenta ares grandiosos e épicos ao longa-metragem com as tomadas dos vastos desertos de Marte, em contraste com as complexas construções marcianas, e o modo como filmou as batalhas. E não decepciona com o 3D convertido, aumentando ainda mais a profundidade dos cenários e realçando os efeitos visuais e os momentos de ação.

O surpreendente final, que evidencia a mudança do coração do protagonista, amarra toda a estória com maestria e, claro, deixa alguns pontos para uma possível continuação. Stanton, co-escritor do roteiro, entrega um produto extremamente satisfatório, com potencial para se tornar uma grande franquia para o estúdio do Mickey Mouse, mas tudo dependerá das bilheterias.

 

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".