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Os Heróis de Sanjay é um importante marco na história da Pixar

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Dia de estreia. A sala de cinema está lotada de crianças e adultos ansiosos para assistir ao mais recente lançamento do Pixar Animation Studios. As luzes se apagam e o filme já vai começar, mas antes, um pequeno agrado para o público: um curta-metragem inédito.

Os Heróis de Sanjay (Sanjay’s Super Team, no original) será esse agrado antes das sessões de O Bom Dinossauro, cuja estreia está prevista para 07 de Janeiro de 2016 no Brasil. A animação é dirigida por Sanjay Patel, animador do estúdio desde 1996, quando foi escolhido para trabalhar em Vida de Inseto (1998).

Sanjay Patel, diretor de Os Heróis de Sanjay, trabalha na Pixar há quase vinte anos.

Nesses quase vinte anos de carreira, Patel trabalhou como animador em diversos títulos, incluindo Monstros S.A. (2001), Os Incríveis (2004), Toy Story 3 (2010) e Universidade Monstros (2013), além de ter feito os storyboards dos dois primeiros e ter supervisionado muitos curtas da série As Grandes Histórias do Mate.

Por ter sido criado em San Bernardino, na Califórnia, por uma família Gujarati, suas influências vieram de dois mundos bem diferentes: dos gibis e desenhos animados, e dos deuses hindus e da cultura espiritual. Dessa mistura, nasceram gibis e livros ilustrados revisitando a mitologia hindu a partir de uma abordagem baseada na cultura pop.

Arte conceitual do deus hindu Vishnu, por Paul Abadilla.

Com Os Heróis de Sanjay, o diretor teve a chance de contar uma história pessoal através de uma crônica sobre sua jornada ao entendimento do mundo hindu tão importante para seus pais. Na trama, o amor de um menino da primeira geração indo-americana pela cultura ocidental entra em conflito com as tradições do pai.

O mundo inteiro de meus pais girava em torno das divindades hindus,” disse Patel, em entrevista ao Los Angeles Times. “Nossos mundos eram diametralmente distantes. Eu apenas queria que meu nome fosse Travis, não Sanjay.

Trecho de Os Heróis de Sanjay:

Quando Sanjay era pequeno, seus pais compraram o Lido Motel, um antigo hotel na rota 66, onde eles ainda vivem e trabalham, e que serve como um dos cenários da animação, que traz um importante marco para a história do estúdio, ao ser a primeira produção da Pixar estrelada por um personagem fora da etnia branca.

Patel apresentou a ideia do curta em meados de 2012, após um longo período de insegurança sobre sua cultura. “Demorei um bom tempo para me sentir confortável com minha identidade. Porém, John Lasseter se mostrou empolgado de celebrar esse lado pessoal da história.”

Arte conceitual de Sanjay, por Chris Sasaki.

Durante o Festival de Cannes, em Maio desse ano, o chefe criativo do estúdio, John Lasseter, comentou a importância de ter personagens femininos e étnicos no cinema. Segundo Patel, a presença de pessoas, nos filmes e na televisão, com quem poderia se identificar teria mudado a sua infância.

Se eu pudesse, voltaria para a década de 1980 e daria esse curta de presente à minha versão mais jovem,” revela. “Eu quero normalizar e trazer a história de um jovem garoto indiano para o meio da cultura pop. Ter um público tão amplo quanto o da Pixar assistindo a isso… é muito importante. Estou muito animado com isso.”

Culturas pop e hindu colidem no curta Os Heróis de Sanjay.

Ao site da revista Variety, a produtora Nicole Paradis Grindle (Ratatouille, Universidade Monstros) declarou: “O curta será bom para a cultura em geral. Pessoas que não são indianas ou que não seguem o hinduísmo serão levadas a fazer mais perguntas sobre essa cultura.”

O conflito interno vivido pelo diretor é a premissa de onde Os Heróis de Sanjay parte, pois o garoto se sente mais atraído pelos heróis dos gibis e dos desenhos animados do que pelos rituais religiosos e pela meditação. Em meio ao tédio, Sanjay sonha acordado com os deuses Vishnu, Hanuman e Durga formando uma super-equipe, ao estilo dos Vingadores.

Arte conceitual da deusa Durga.

Junto ao fato de ser a primeira produção do Pixar Animation Studios centrada na cultura hindu e estrelada por um indiano, o curta fará par com o primeiro longa-metragem do estúdio comandado por um diretor que não é branco, Pete Sohn.

Sohn, filho de coreanos, foi o primeiro oriental a assumir a direção de um dos títulos da casa do Luxo Jr., o curta Parcialmente Nublado (2009), abrindo, assim, as portas para o filipino Ronnie del Carmen co-dirigir Divertida Mente (2015) e, agora, Sanjay Patel pode trazer essa representatividade dos bastidores para as telas.

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".