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Especial Disney Legends: Howard Ashman

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Lendas imortais são aquelas pessoas que deixam uma herança muito mais forte do que o tempo, heranças que atravessam gerações e épocas e que ainda se mantém firmes e fortes no coração das pessoas. Existiu um certo cara, que de uma forma ou outra, se tornou uma dessas lendas. Um cara fascinante, que infelizmente nos deixou muito cedo, mas deixou algo que vale o equivalente a se tivesse vivido durante um milênio, ou mais…

Esse cara nasceu em 1950, pra ser mais exato no dia 17 de Maio, numa cidade chamada Baltimore, em Maryland, nos EUA. Pulando a parte da infância, o nosso garoto entrou mais tarde para a Universidade de Indiana e logo recebeu o seu MFA (nos EUA, uma pós-graduação de grande valor) e em 1974 foi lá pras bandas da grande Nova York e se tornou editor da Grosset & Dunlap, mas ao mesmo tempo já escrevia suas próprias peças como, por exemplo, “Dreamstuff”, uma versão musical da célebre “The Tempest” de Willian Shakespeare.

O trabalho dele chamou a atenção do WPA Theatre’s, que logo o convidou para ser o grande diretor artístico, lá por volta de 1977. Dois anos depois, o nosso amigo artista conheceu um outro cara que se tornou o seu grande parceiro musical. Era um tal de Alan Menken, talentoso que só vendo! Os dois logo se uniram para produzir uma versão musical da obra do escritor Kurt Vonnegut, “God Bless You, Mr. Rosewater”. Não sei qual foi o resultado dessa versão, mas deve ter dado muito certo para que a dupla continuasse unida e produzisse um outro musical…

Desta vez o “alvo” dos dois artistas era um filme cult dos anos 60 de autoria do cineasta Roger Corman. Foi daí que saiu “Little Shop of Horrors”, ou, no nosso bom e complicado português, “A Pequena Loja de Horrores” (onde o nosso amigo não só foi o diretor, mas também o compositor e o libretista!…). E não é que a coisa fez um sucesso tremendo?! O musical recebeu rios de elogios dos críticos (um grande feito, já que esses são bem difíceis de engolir alguma coisa…) e do grande público, e naturalmente ganhou prêmios como o New York Drama Critics Circle Award de Melhor Musical de 1982-1983.

O sucesso foi tanto que o musical acabou indo pras telonas em 1986, por um senhor chamado Frank Oz, do qual o nosso grande artista também participou como roteirista e compositor de duas novas músicas, sendo que uma delas foi indicada ao Oscar. A sua obra acabou chamando a atenção de um certo estúdio de animação, mundialmente conhecido por seus filmes que transmitiram ao longo dos anos magia e diversão, mas que infelizmente não estava nos seus melhores dias naqueles últimos anos…

A tal “The Walt Disney Company” o convidou para trabalhar em seus longas de animação, convite que o nosso amigo aceitou, levando junto consigo o fiel companheiro musical Alan Menken. Depois de uma música para “Oliver e sua Turma”, ele e Menken começaram a trabalhar num filme especial, um conto de fadas sobre uma jovem sereia que enfrentava seu pai e a todos para ficar ao lado de seu amado príncipe humano.

Envolvido pela trama, ele abraçou o projeto e deu uma contribuição de grande valor para o longa. Além de ser o co-produtor dele, o nosso cara, ao lado de Menken, foi responsável pela sua bela e dançante trilha sonora, sem falar de suas grandes ideias para a obra, como por exemplo, a adição de uma tradição dos musicais da Broadaway. Vejam o que ele disse:

“Em quase todo musical já escrito há um lugar geralmente no início de cada show onde a personagem principal senta em alguma coisa e conta sobre o que ela mais quer na vida. Nós pegamos emprestado essa clássica regra da construção de um musical da Broadway para “Part of Your World” (…)”.

O resultado foi um sucesso que a própria Disney não tinha visto já há algum bom tempo! O filme conquistou a todos os públicos e se tornou um Clássico definitivo, não só do estúdio, mas também de toda a história da animação, e fez com que a companhia renascesse por completo!

E se as coisas não poderiam ficar melhores, elas melhoraram! A nossa dupla dinâmica foi indicada ao Oscar de Melhor Trilha Sonora e duas de suas músicas foram indicadas à Melhor Canção. E não é que ganharam as duas estatuetas?! Olhem a animação deles!

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O melhor que tudo aquilo era apenas o começo…

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O mesmo estúdio estava empenhado em outro conto de fadas. A história de uma jovem aldeã que encontra uma terrível fera, que na verdade é um príncipe enfeitiçado desesperado por encontrar o verdadeiro amor, única coisa capaz de quebrar o feitiço. Porém havia um probleminha… A equipe da produção estava completamente empacada, não sabia como dar continuidade à história e dar um toque a mais no filme. Adivinhem então, quem eles chamaram?

Sim! Se você disse que era o nosso chapa, acertou na mosca! E ele não só aceitou ajudar, como deu uma contribuição importantíssima para o projeto! Foi ele quem deu a ideia de os empregados do tal príncipe também serem enfeitiçados, no caso eles seriam objetos animados. E não só isso, mas também outras ideias; contribuições tão importantes que o tornaram o produtor executivo (chique, não?!). E é claro, novamente ao lado de Menken, esse cara compôs uma das trilhas mais belas e tocantes de toda a história do cinema, especialmente uma música que até hoje ensina como o verdadeiro amor está muito além das aparências.

O resultado final foi um novo Clássico inestimável, que encantou platéias e diversas gerações em todo o mundo. Uma animação que tocou até o coração dos críticos que finalmente indicaram uma animação ao Oscar de Melhor Filme, sem falar é claro das indicações à Melhor Trilha Sonora, Melhor Som e três músicas à Melhor Canção. Uma delas mais a Trilha acabaram ganhando a estatueta.

Mas infelizmente o nosso cara não chegou a ver o resultado final dessa obra-prima e muito menos tais premiações. Voltando um pouco no tempo, poucos dias depois de ele e Alan Menken terem ganhado o Oscar pelo filme da jovem sereia, ele revelou ao parceiro musical que descobrira a presença de uma terrível doença, um vírus maldito que corrói o organismo aos poucos. Leia-se HIV.

O pior é que com o tempo o nosso amigo foi de fato se enfraquecendo aos poucos, a ponto de todo o estúdio de gravação ter de ficar em pleno silêncio para ouvi-lo pelo telefone. Mas a sua criatividade, ah, essa não enfraquecia nunca! Ele continuava vivo, com mil e uma ideias, inclusive dando suas contribuições para outro filme, a adaptação de um conto árabe, cuja produção na verdade foi ideia dele. O nosso artista chegou até a compor 11 músicas só pra esse longa (das quais só 3 foram aproveitadas no resultado final..). Mas infelizmente a doença não deixou que ele prosseguisse…

Em 14 de Março de 1991, o nosso artista faleceu.

Mas espere! Ele não morreu! Nunca morrerá! Ele sempre estará conosco! A cada vez que ouvirmos e vermos as suas grandes obras, a sua aura criativa sempre vai estar presente, pois um legado como o desse cara é invulnerável à morte e ao tempo! Porque enquanto houver magia e sentimentos puros em nossos corações, você sempre estará com nós, senhor Howard Elliot Ashman!

Nossos sinceros agradecimentos a tudo o que você nos deixou e que descanse em paz no paraíso das lendas imortais!

E abaixo vocês conferem uma música que ele compôs para aquele conto árabe, mas que infelizmente não vingou no filme…

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Sempre nos orgulharemos de você Ashman! Sempre!

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Escrito por Luís Fernando

"Tupi or not tupi! That is the question..."