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Entrevista com Diane Marie Disney

 

Nascida em 1933, Diane Marie Disney é herdeira de uma das maiores empresas do entretenimento atuais. Ela é a primogênita de Walt Elias Disney – fundador da Walt Disney Company, criador de Mickey Mouse e Oswald, o Coelho Sortudo e o precursor dos filmes animados – e de Lillian Bounds Disney, e de quem pouco ouvimos falar.

A simpática senhora de fala mansa, como é descrita, concedeu uma entrevista ao Portal Terra sobre a construção do ‘império’ Disney e sobre o orgulho que sente de sua família, que a levou a inaugurar The Walt Disney Family Museum (O Museu da Família Disney, em português), em 2009. Diane Disney Miller também comentou o sucesso das animações em 3D e opinou sobre os desenhos feitos à mão, além de falar sobre a Edição Diamante de “A Dama e o Vagabundo“.

A entrevista, extraída na íntegra do Portal Terra, pode ser lida a seguir.

 

Diane Disney Miller, a primogênita de Walt Disney.

 

Terra – Quais novidades que a versão diamante de A Dama e o Vagabundo traz ao público?
Diane Disney – Para começar, a qualidade da nova cópia é muito melhor. A imagem, o som, tudo é muito mais claro e belo. Há também algumas sequências de animação inéditas, que não estavam na versão original pois foram cortadas da edição final. Além disso, o lançamento tem em seu conteúdo um documentário em curta-metragem que fiz sobre o apartamento de meus pais na Disneylandia, alvo de grande curiosidade para muitas pessoas.

Terra – Qual é o foco desse documentário?
Diane – Eu falo sobre meu pai, especialmente focada no museu de nossa família, em São Francisco, que possui diversas mobílias da casa onde morávamos. Eu queria que as pessoas conhecessem a história dessa residência, um lugar muito precioso para mim.

 

Walt Disney, Lillian e Diane.

 

Terra – A senhora acompanhou quase desde o início a construção da Walt Disney Company, transformada em um verdadeiro império ao longo dos anos (Diane é de 1933 e a empresa foi fundada apenas uma década antes). Imaginava que o projeto de vida de seu pai se tornaria o que é hoje?
Diane – Não, provavelmente nunca. É tão imenso! No entanto, eu acredito que isso não o surpreenderia, pois ele tinha bastante claro em sua cabeça o rumo que as coisas deveriam tomar. Ainda assim, para mim, tudo isso é demais, impensável.

 

Walt Disney e suas filhas Sharon (esquerda) e Diane.

 

Terra – A construção do “império” Disney é toda envolta em situações de superação. A Walt Disney World, por exemplo, de longe o maior complexo de parques do mundo, foi erguida sobre um terreno improvável, um gigantesco pântano. Walt não teve a oportunidade de ver o parque ser finalizado, já que morreu antes disso, mas você acompanhou todo o processo. Como foi vê-lo concluído?
Diane – Na verdade, eu nunca realmente parei para pensar nisso. Se ele estava fazendo, é porque sabia que conseguiria terminar. Sem querer soar clichê, serei muito honesta: quando meu pai se propunha a fazer algo, pode ter a certeza de que ele o faria direito e até o fim. E eu não digo isso por ser filha dele. Sou muito sincera em relação a esse assunto.

 

A Família Disney.

 

Terra – Para a senhora, quais foram os principais ensinamentos deixados por ele para o mundo?
Diane – É tão difícil responder a essa pergunta. Afinal, sou muito próxima. Mas o tipo de entretenimento que ele produziu e do qual foi pioneiro, com o humor e as músicas, construiu um padrão para todas as animações posteriores. A partir daí, tanto a Disney quanto as outras produtoras as fizeram evoluir em diversão e qualidade, sempre a máxima possível, além de passarem a testar e usar até o limite tudo relativo à tecnologia que estava ao seu alcance.

Terra – Os Estúdios Walt Disney relançaram o longa O Rei Leão em 2011, desta vez em versão 3D, e, em suas duas semanas de exibição, o levou ao topo das bilheterias do mundo. Para a senhora, qual é o motivo de tanto sucesso hoje de uma animação originalmente lançada há mais de 15 anos e incansavelmente assistida pelas gerações posteriores?
Diane – Provavelmente é pelo fato de os adultos de hoje, crianças uma década e meia atrás, terem se interessado em levar seus filhos para ver essa animação, um grande clássico, além de terem a oportunidade de revê-la. Ainda não assisti a nova versão, mas ouvi dizer que é maravilhosa.

 

Cena de “A Dama e o Vagabundo”, lançado em Edição Diamante nessa semana.

 

Terra – Estando tão próxima do que ocorre dentro da Walt Disney Company, a senhora deve ter percebido que o carro-chefe da empresa é cada vez mais as animações da Pixar, feitas com tecnologia digital. Ainda há espaço para as produções clássicas – a última, A Princesa e o Sapo, é de 2009?
Diane – Acredito que sim. De fato, acho que as pessoas até gostam mais delas do que dos novos filmes, feitos digitalmente. Recentemente, a série de animações Silly Symphony, a primeira feita por meu pai, foi exibida em um festival de cinema e as pessoas adoraram – particularmente, o episódio A Dança do Esqueleto, o primeiro a ser lançado por ele, em 1929.

Terra – Esse tipo de animação ainda é viável, tanto em termos de custos quanto de prazos?
Diane – Parece ser. Há, junto com os lucros das animações, aqueles vindos de merchandising, que fazem parte de toda a conjuntura de ganhos dos Estúdios. Essas animações também agregam muito à Disney como produções artísticas, pois são bastante especiais.

 

Celebração do 50º aniversário da Disneyland, em 2005.

 

Terra – Quais outras animações clássicas serão relançadas pelos Estúdios Walt Disney?
Diane – Além de A Dama e o Vagabundo, teremos o relançamento, em Blu-Ray, de Cinderella, no outono de 2012 (primavera no Brasil).

Terra – A tecnologia 3D tem crescido de forma incrível nos últimos anos. A senhora a vê como o futuro do cinema?
Diane – Eu não sei. Quem poderia dizer? Honestamente, isso não me interessa. Eu não assisto nem à televisão em 3D, apesar de ter um novo e moderno set do aparelho com essa tecnologia na minha casa.

 

Diane corta a faixa de inauguração de The Walt Disney Family Museum, em 2009.

 

Terra – Os desenhos, personagens e produtos da Disney são conhecidos no mundo inteiro. A senhora vê a empresa como responsável por moldar uma cultura universal?
Diane – É verdade, eles realmente fizeram isso (risos). E sou muito grata por isso.

Terra – Conte-me um pouco sobre seu trabalho no Museu Walt Disney.
Diane – Bem, somos muito orgulhosos deste espaço. Nós o criamos com o objetivo de mostrar ao mundo meu pai como um ser humano. Sua história, exposta no museu, é muito inspiradora para as pessoas, que também têm a oportunidade de ver uma boa coleção de animações de nosso acervo, cada vez maior. Acho muito importante o trabalho que temos feito no museu da família.

 

A filha de Walt Disney em frente ao museu dedicado à sua família.

 

Terra – A senhora fala muito em inspiração. Qual característica de seu pai causa isso nas pessoas?
Diane – Para mim, a principal é: se você quer fazer algo que ama e em que acredita, pode conseguir viver exclusivamente disso. Há um sem números de exemplos relacionados a isso, não só nas artes. Nossa exposição é meio que um show, um passeio com áudio e vídeo com a voz de meu próprio pai narrando a sua trajetória, que realmente é muito inspiradora. Se, por exemplo, você sonha em fazer moda, pode estudar e ganhar as habilidades necessárias para ser uma grande designer do ramo. Há muitos caminhos possíveis para se atingir o objetivo de obter sustento com aquilo que se ama.

Terra – Para finalizar, qual é a sua animação favorita dos Estúdios Disney?
Diane – Eu não tenho uma, gosto de todas. Elas são muito especiais para mim, além de serem muito diferentes umas das outras.

 

“Branca de Neve e o Sete Anões” o primeiro longa-metragem animado da história.

 

Terra – Não há nenhuma mais marcante para a senhora?
Diane – Ah, eu amo Pinóquio…amo todas. As histórias das animações são muito diversas e acabam sendo marcantes em diferentes momentos. Entre Branca de Neve e os Sete Anões (o primeiro longa da Disney, de 1937) e Pinóquio (o segundo, de 1940), por exemplo, há muitas diferenças. Depois, veio Bambi, muito emotivo, totalmente original, assim como Fantasia, orquestrado, sem falas, maravilhoso. Logo, não consigo pensar em uma específica para lhe dizer. Todas são especiais.

 

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".