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Divertida Mente | Transformando neurociência em diversão

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Está na hora de colocar Elsa e Anna de lado e voltar os olhos para Divertida Mente. O novo filme da Pixar, já aclamado pelas críticas e profissionais da saúde, mostra um grande estudo sobre a neurociência de forma animada e simples para qualquer pessoa conseguir entender, inclusive crianças. Para começar vamos deixar bem claro que não foi um filme que demorou um ano para ser feito, e sim, cinco anos. Cinco anos de pesquisa, de construção e desconstrução da mente humana, de produção, animação, e finalização.

Antes de tudo, não sou nenhum tipo de neurocientista ou algo assim, apenas gosto do assunto, e achei interessante passar essa informação para vocês. A minha ideia aqui é desconstruir o filme de forma que todos possam entender de onde saiu tudo aquilo que vimos e as mensagens presentes no longa-metragem. Para isso, vamos começar pelo básico, o que são emoções e como elas funcionam em nosso cérebro? Emoções são as reações do nosso corpo em relação a alguma experiência, a alguma mudança dentro da gente ou até mesmo no ambiente que estamos (ou até mesmo a combinação dessas duas mudanças).

De acordo com diversos neurocientistas, temos quatro emoções primárias que são a Alegria, relacionada a momentos que o corpo experimenta felicidade; a Tristeza, quando o corpo experimenta situações mais sensíveis como a perda, um trauma, solidão; a Raiva, quando o corpo se exalta diante de algo que a pessoa não concorda; e o Medo, que é um sentimento que serve para nos proteger. As outras emoções são combinações dessas primárias, como é mostrado no filme com a personagem Nojinho.

INSIDE OUT

Nossas emoções servem para nos motivar a seguir diferentes caminhos ao longo de nossa vida e, principalmente, moldam nossa personalidade. Todos nós sentimos todas as emoções que passam na mente da jovem Riley, porém, se observamos possuímos uma emoção que se destaca mais, como é o caso da Alegria na mente de Riley, a Tristeza na mente de sua mãe e Raiva na mente de seu pai.

Explicado o que é uma emoção, vamos para seu funcionamento no cérebro. Nossas emoções são controladas pelo sistema límbico de nosso cérebro, lá é onde emoções, motivações, memórias, comportamento e aprendizagem são controlados. O cérebro humano é feito para reconhecer uma ameaça ou uma recompensa e, quando o faz, mensagens químicas são liberadas através do sistema límbico para o nosso corpo, o que resulta no sentimento de alguma emoção.

Algumas de nossas reações ocorrem antes mesmo de pensarmos sobre o assunto, o que influencia todo o resto do nosso pensamento, por exemplo, quando estamos em uma situação recompensadora, liberamos hormônios como serotonina, oxitocina, dopamina e endorfina; ou quando nos sentimos ameaçados, liberamos hormônios de estresse como o cortisol e adrenalina assim como o nosso pensamento pode influenciar nossas emoções.

INSIDE OUT

Bom, até aqui já podemos dizer que o filme se passa no sistema límbico da Riley, mas o que são aquelas bolas? A princípio, elas parecem ser meras lembranças, porém ao fim do dia, elas são enviadas para memórias de longo prazo, portanto, não são memórias comuns. De acordo com a neurociência, memórias de longo prazo são memórias de curto prazo que sofrem um processo de consolidação, ensaio ou associação significativa, como por exemplo, a música do comercial de chiclete que, assistido diversas vezes, foi armazenada lá.

Toda memória que aparece na animação reforça uma atitude, uma informação ou aspectos de sua personalidade. No caso daquelas células (os metalúrgicos) que vemos selecionando determinadas memórias para que Riley as esqueça, está relacionado ao processo de esquecimento, quando as memórias de longo prazo têm suas conexões sinápticas enfraquecidas ou uma nova memória se sobrepõe, como é a justificativa colocada no filme, “Ela não precisa lembrar de números de telefones, ela tem tudo anotado no celular!”.

Logo depois, temos a Ilha da Imaginação e a Produções de Sonhos. Nessa parte, falamos das mesmas áreas do cérebro. Quando falamos de imaginação, juntamos tudo aquilo que já vimos uma vez na vida e construímos algo novo. Ao ativarmos nossa imaginação, diversas áreas do nosso cérebro entram em atividade para que possamos criar essa nova imagem e ideia, por isso, não há como dizer exatamente onde a Ilha da Imaginação e a Produção de Sonhos estão localizadas, porque ambas as “funções” ativam diferentes áreas de nosso cérebro.

Depois de tudo isso, surgem algumas dúvidas quanto à mensagem transmitida. Muitos pensam que Divertida Mente trabalha com a depressão, outros pensam que é a aceitação da tristeza. Como não temos a confirmação de nenhuma das duas hipóteses pelo diretor, trabalharemos com essas duas ideias.

INSIDE OUT

Quanto à ideia de depressão, é plausível, pois a doença está relacionada a diminuição de dopamina e serotonina liberado através das sinapses nervosas, traduzindo isso, seria quando a Alegria e a Tristeza são transportadas as memórias de longo prazo. Nesse momento, não existe uma emoção no controle e todas aquelas presentes estão relacionadas ao hormônio de estresse. Nojinho, Raiva e Medo não sabem como controlarem Riley de uma forma mais feliz ou centrada, portanto, a personagem passa a ficar introvertida, tímida e até mesmo insegura.

Já a outra mensagem seria sobre a aceitação da Tristeza na vida da pessoa. Convenhamos que não existe fórmula mágica ou Hakuna Matata que faça com que vivamos uma vida só com boas emoções e alegrias, até porque isso não é saudável. No longa-metragem, isso é claramente mostrado em diversas situações, especialmente naquelas em que momentos de Alegria foram formados a partir de um momento triste.

É importante sabermos respeitar e saber sentir essa Tristeza que, ao longo do tempo se torna em compreensão, assim como é mostrado pela Tristeza sentando ao lado Bing Bong, logo após perder seu carrinho. Experiências resultam em novas emoções que, consequentemente, resultam em novos aprendizados e compreensão sobre nós mesmos o que nos faz evoluir e desenvolver emocionalmente.

C rescer pode ser uma jornada turbulenta, e com Riley não é diferente. Ela é retirada de sua vida no meio-oeste americano quando seu pai arruma um novo emprego em São Francisco. Como todos nós, Riley é guiada pelas emoções – Alegria, Medo, Raiva, Nojinho e Tristeza. As emoções vivem no centro de controle dentro da mente de Riley, onde a ajudam com conselhos em sua vida cotidiana. Conforme Riley e suas emoções se esforçam para se adaptar à nova vida em São Francisco, começa uma agitação no centro de controle. Embora Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente se manter positiva, as emoções entram em conflito sobre qual a melhor maneira de viver em uma nova cidade, casa e escola.

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Escrito por Catarina

Colecionadora de tsum tsums, seu filme favorito da Disney varia de acordo com o humor. Apaixonada pelas trilhas sonoras da Disney e o mascote do site é o seu maior xodó gráfico.