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Demolidor | Crítica dos episódios 06 a 10

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Um mês se passou desde que Demolidor estreou na rede Netflix e o número de fãs da série não para de aumentar. Algum Camundongo fez a maratona recentemente? O que achou? Não deixe de ler Demolidor – Crítica dos episódios 01 a 05 e Audiodescrição e contar sua opinião nos comentários!

Os cinco primeiros episódios introduziram os personagens e tramas principais, além de ditarem o tom sombrio e violento do seriado que se mantêm até o fim. Matthew Murdock combate criminosos durante o dia como advogado, com a ajuda de seu sócio Foggy Nelson, e a noite busca justiça através da força e do medo.

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O bairro Hell’s Kitchen está se recuperando da destruição causada pela batalha vista em Vingadores e se tornou uma fonte de lucro para mafiosos e políticos corruptos. Dentre eles, Wilson Fisk. Ele está na liderança do esquema de distribuição de drogas do qual fazem parte os irmãos Anatoly e Vladimir Ranskahov, Madame Gao, Nobu e Leland Owlsley.

Apesar de já estarmos familiarizados com o mundo de Matthew e Fisk, ainda há vários outros personagens para conhecermos e conflitos para acompanharmos. Vamos lá?

“É isso que o torna perigoso. Não é a máscara. Não são suas habilidades. É sua ideologia. O homem solitário que acha que pode fazer a diferença.”

Wilson Fisk

Condemned dá continuação à história a partir do exato ponto onde o episódio anterior, World On Fire, terminou e não se preocupa em nos apresentar novos personagens. Após Fisk explodir diversas áreas da cidade para eliminar a gangue russa, Matthew se abriga em um galpão com Vladimir e continua tentando conseguir maiores informações sobre Fisk.

Um policial os encontra e logo o lugar está cercado de policiais. Esse episódio nos permite ter maior noção do quanto Wilson Fisk controla a cidade. Ele tem nas mãos a maior parte da polícia e dos meios de comunicação. Para benefício de Fisk, toda a ação é transmitida pela televisão como se Matt fosse um sequestrador que mantem o policial como refém.

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Vladimir revela a participação de Leland Owlsley nos crimes, mas mais importante do que o nome que revela é a dúvida que implanta em Matt. Ele diz que logo Matt será um deles pois é impossível atingir Fisk através do sistema judiciário, ele terá que matá-lo se quiser pará-lo.

A conversa dos dois é interrompida pelo próprio Wilson Fisk que fala com Matt através do rádio da polícia. Ele diz que os dois não são tão diferentes e ameaça culpá-lo pelas explosões e mortes de policiais caso não elimine Vladimir. Matt se mantém firme em sua decisão de não matar e Wesley autoriza que as redes de televisão transmitam o material fornecido por ele.

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As gravações mostram Matthew enfrentando policiais e inicia em todos da cidade uma dúvida quanto as motivações do vigilante mascarado. Foggy está entre aqueles que não gostam da maneira que o vigilante age apesar de Karen insistir em sua boa índole.

Esse tipo de conflito onde a população se volta contra o herói é muito comum nos quadrinhos e parece ser uma introdução sutil ao famoso arco Guerra Civil, que será abordado ano que vem no próximo filme do Capitão América. Matt consegue fugir mas Vladimir, por estar muito machucado, fica para trás. É o fim da presença da gangue Russa na série.

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Stick: “Eu precisava de um soldado. Você queria um pai.”

Matthew Murdock: “Bem, acho que ambos ficamos desapontados.”

Em Stick a série volta a contar um pouco mais do passado de Matthew e mostra a jornada de criança órfã e cega ao advogado e herói. O episódio começa nos apresentando um novo personagem, um velho cego que está à procura de “Céu Negro”, elemento ainda desconhecido do público. Ele descobre que o que procura está a bordo de um navio rumo a Nova Iorque, onde Nobu o espera.

Através de flashbacks assistimos à recuperação de Matthew. Após sofrer o acidente que causou sua cegueira e perder o pai, seus sentidos aguçados se tornam uma tortura pois o garoto não tem controle do que escuta ou sente. Stick, o mesmo homem que vimos no início, é chamado pelas freiras que cuidam de Matt para tentar ajudá-lo. Ele o ensina a usar seus sentidos para ver o mundo de uma maneira que ninguém mais consegue.

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O menino aprende, por exemplo, a prever as ações de uma pessoa através de seu batimento cardíaco ou o que há em um ambiente através do cheiro no ar. Stick, no entanto, não o toma como pupilo por bondade, há um propósito maior: ele quer transformar Matt em uma arma, para lutar uma guerra que espera acontecer em breve. Mas Matt é apenas uma criança que se sente culpada pela morte do pai e ao demonstrar a menor afeição pelo mentor, é abandonado.

Vinte anos se passaram e Stick está de volta, ele precisa da ajuda de Matt para impedir que Céu Negro caia em mãos erradas. Apesar do ressentimento, Matt concorda em ajudá-lo se prometer que não haverá mortes. Quando Stick quebra essa promessa e mata Céu Negro, que agora sabemos ser apenas uma criança, a pouca confiança que existe entre os dois é quebrada. O velho zomba de Matt e diz que se quiser evoluir, ele deverá abandonar seus amigos e todos que ama.

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O roteiro, então, quebra mais um estereótipo encontrado na maioria das histórias de super-heróis. Enquanto boa parte dos personagens do gênero fazem tudo o que podem para que aqueles que amam se mantenham distantes, Matt se recusa a fazê-lo. Ele precisa dos amigos tanto quanto precisa de sua vida com a máscara. Não é um disfarce ou uma identidade secreta, e sim metade de quem é realmente.

O episódio termina com uma cena que nos enche de perguntas e nada nos responde: Stick presta satisfações a um homem, ao qual não conhecemos ou sequer vemos o rosto. A série não explica qual a função desse personagem misterioso ou de Céu Negro e não dá maiores detalhes sobre a tal guerra mencionada. Os fãs leitores de quadrinhos já devem prever o rumo que a trama irá seguir, mas para os que contam apenas com as informações passadas pela série só resta esperar, essas pontas soltas provavelmente serão usadas para ligar os outros seriados do mesmo universo.

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“Não fiz isso por ela. Fiz por mim. É por isso que ainda uso isso. Para me lembrar que não sou cruel pela crueldade. Que não sou o meu pai! Que não sou um monstro! Sou?”

Wilson Fisk

Shadows in the Glass é um episódio incrível porque nos permite entrar ainda mais fundo na mente do antagonista Wilson Fisk. Até então, sabemos que Fisk não é um vilão caótico, mas um homem sensível que acredita estar fazendo o melhor para a cidade onde mora. Ao fim do episódio, se torna quase impossível não sentir compaixão pelo personagem.

Na infância, Fisk foi um menino solitário e criado por um pai violento. Bill Fisk sonhava em sair de Hell’s Kitchen e mudar drasticamente sua vida e por isso acaba se endividando para financiar sua candidatura a vereador. Após perder a eleição, colegas zombam de Wilson e Bill o força o filho revidar de maneira extremamente bruta.

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À noite, quando Bill desconta suas frustrações em sua esposa a espancando, o garoto repete o comportamento ensinado pelo pai e em um ataque de fúria o mata com um martelo. Ele e a mãe se livram do corpo e como lembrança guardam as abotoaduras de Bill, as quais Fisk usa todos os dias desde então para nunca se esquecer de quem é.

A infância traumática de Fisk justifica o porquê ele sempre aparenta estar se controlando e romper em fúria quando pressionado ou frustrado. Ele conta todo seu passado à Vanessa que não o culpa e como símbolo escolhe novas abotoaduras para ele usar no dia seguinte. A decisão de tocar músicas clássicas na cenas com o intuito de contrastar com a tensão apresentada pelo personagem mostrou ser a escolha certa.

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No presente, Fisk enfrenta problemas com seus sócios. Nobu está irritado por ter tido sua carga roubada e Madame Gao dúvida da competência de Wilson. O grupo está em crise e por algum motivo Fisk parece querer tirar um por um do esquema. Ele demonstra um respeito muito maior por Madame Gao do que pelos outros. Medo, talvez? Nos faz perguntar o que ela tem de tão especial.

Karen, Foggy e Matthew agora trabalham em parceria com Ben Urich para desmascarar Fisk e as empresas que comanda. Sabendo que as provas nunca serão suficientes, Murdock visita Ben vestindo sua máscara e pede que o jornalista denuncie Fisk mesmo sem grandes fontes.

Sobre Fisk:

Murdock quer apenas chamar a atenção da sociedade para a existência de Wilson na esperança de que alguém saiba algo que possam usar para incriminá-lo. No entanto, Fisk surpreende a todos na manhã seguinte, com um pronunciamento em rede aberta onde conta seus planos para melhorar a cidade e expressa sua raiva pelo vigilante mascarado.

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“O que tem de se perguntar é: está lutando com o fato de que não quer matar esse homem mas tem de fazê-lo? Ou de que não precisa matá-lo mas deseja fazê-lo?”

Padre Lantom

Speak of the Devil traz como tema principal o questionamento: será matar Fisk a única maneira de detê-lo? E se for, será Matthew capaz de ir até o fim? Perturbado por essa dúvida, Matt busca a orientação do padre Lantom, já apresentado em episódios anteriores, que o obriga a analisar profundamente seus sentimentos.

Não é apenas uma questão de fazer o que é certo ou errado, mas do quanto ele vai sentir prazer em fazer o mal se necessário. O catolicismo do personagem se faz presente como em nenhum outro momento, ele realmente teme a consequência de seus atos.

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A cidade, que antes nem ao menos conhecia o nome Wilson Fisk, agora o considera um herói do povo. A imprensa está repleta de matérias que contam sua triste história de vida e ao mesmo tempo todos os veículos de comunicação parecem dispostos a incitar o ódio pelo Diabo de Hell’s Kitchen.

Mesmo com o apoio público, Fisk não se esquece dos transtornos causados por Matt e pede a ajuda de Nobu para se livrar dele. Em troca, promete agilizar a entrega da área da cidade prometida a ele: o quarteirão em ainda não entregue devido a resistência de Mrs. Cardenas, a senhora representada por Nelson & Murdock que não aceita deixar o apartamento onde mora por quantia alguma.

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Matthew quer saber mais sobre Wilson. Em parte porque precisa de mais informações para ajudar o caso de Cardenas e em parte porque acredita que isso o ajudará a se decidir. Ele vai até a galeria onde Vanessa trabalha e lá acaba encontrando Fisk pela primeira vez. Essa é uma das cenas mais marcantes de toda a série porque mesmo sem violência, é extremamente tensa.

Assistimos aos dois conversarem calmamente sem saber se um deles irá romper em um ataque de raiva repentino. Matthew transmite não apenas o ódio que sente por Fisk mas também seu medo. No fim, o advogado sai tão confuso quanto chegou, ele percebe que Wilson é capaz de amar e ser amado. Como poderia matar um ser humano?

O conflito interno de Matthew  se resolve quando os três amigos recebem a notícia de que Mrs. Cardenas foi assassinada, eles sabem que Fisk é o responsável. A impunidade certa do culpado é o suficiente para que Matt decida por fim matá-lo. Ele veste sua máscara e parte em busca de Fisk mas é surpreendido por Nobu.

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Os dois lutam e, mesmo muito ferido, Matt vence causando a morte do adversário. Wilson aparece no último instante e o enfrenta pessoalmente. Ele é muito mais forte do que Matt jamais previu, seus socos e golpes são duros, fortes e quase o destroem. Murdock foge e consegue com esforço voltar para o apartamento onde mora.

Lá, é encontrado por Foggy que retira sua máscara e se assusta ao reconhecer o amigo. Que reviravolta! Quem assiste ao episódio nove com certeza não consegue deixar o dez para outro dia.

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Matthew Murdock: “Essa cidade precisa de mim com a máscara, Foggy.”

Foggy Nelson: “Talvez você esteja certo. Talvez precise. Mas eu não. Só precisava do meu amigo.”

Que Demolidor é uma série extremamente violenta e visceral nós já sabemos, mas talvez o que pegue todos de surpresa seja o fato de um dos episódios mas densos, Nelson v. Murdock, ter como trama central apenas a conversa entre dois amigos em um apartamento vazio.

Foggy e Matthew se tornaram amigos quase instantaneamente durante a faculdade e desde então planejam trabalhar juntos usando a lei para ajudar os que mais precisam. Após se formarem, estagiaram na famosa Landman & Zack, mas recusam uma vaga permanente ao perceberem que estavam do lado errado da lei.

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Eles, então, decidem começar do zero e abrir um pequeno escritório em Nova Iorque. Foggy sempre apoiou e confiou em Matthew para tomar decisões importante na vida dos dois, ele o seguiu cegamente durante todos esses anos o que torna as mentiras ainda mais difíceis de perdoar.

Após descobrir o segredo de Matthew, Foggy não demonstra pena ou compreensão pelo amigo. Ele se sente traído e a primeira coisa que questiona é a veracidade da cegueira. Matthew conta como vê o mundo através de seus sentido aguçados e como Stick o ensinou a lutar. No entanto, as explicações apenas enfurecem ainda mais Foggy que não consegue assimilar o fato das ações do amigo nunca terem sido sinceras.

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As cenas entre os dois chamam atenção pela veracidade com que foram escritas. O primeiro impulso de Foggy não é pedir para ver as habilidades de Matt ou algo do gênero para gerar humor, mas sim relembrar todos os anos que viveu acreditando conhecer o amigo. Ao mesmo tempo, Matthew não age como se estivesse completamente certo, ele sabe que pode perder Foggy a qualquer momento e que não tem mais ninguém.

A discussão termina sem que eles se entendam. Nenhuma das explicações de Matt são suficientes e Foggy não consegue perdoá-lo por ter arriscado a vida de todos.  Mais do que isso, Foggy não consegue perdoá-lo por ter omitido algo tão importante dele.

Enquanto isso, Urich descobre que seu plano de saúde não irá mais cobrir o tratamento de sua mulher e decide parar de investigar para se dedicar apenas a cuidar da esposa. Karen não gosta de vê-lo desistir e o convence a ir com ela até uma casa de repouso que acha que ele deveria conhecer.

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Após chegarem, Urich percebe que Karen o enganou, a garota queria apenas companhia para entrar em contato com a mãe de Wilson Fisk. A mulher sofre graves lapsos de memória e conta tudo sobre seu marido e como o filho matou o pai há muitos anos.

Longe dali e sem saber o que acontecia com a mãe, Wilson atende um evento repleto de grandes nomes da cidade e leva Vanessa consigo. Mas alguém envenenou as bebidas servidas e vários convidados passam mal no mesmo instante, incluindo Vanessa, que desmaia e espuma em seus braços. Fisk entra em pânico. Quem estará por trás?

Sobre Foggy:

E assim termina o décimo episódio da série, o final está muito próximo! Com Wilson Fisk sendo adorado, o Diabo de Hell’s Kitchen perseguido e sem o apoio dos amigos, a jornada de Matthew Murdock parece ter atingido um beco sem saída. Cada vez se torna mais difícil julgar quem está certo ou errado. O que acharam da série até esse ponto, Camundongos? Algum episódio ou cena favorita?

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Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.