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Biblioteca da Fera | Resenha do livro A Espada na Pedra

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A lenda arturiana já foi contada diversas vezes ao longo dos anos. Algumas de suas versões são cheias de mistério e magia, como os livros As Brumas de Avalon escritos por Marion Zimmer Bradley. Outras tentam se basear em fatos históricos como a trilogia As Crônicas de Artur de Bernard Cornwell.

Entre tantas coletâneas, há uma obra considerada a inspiração para todas as outras, recheada de elementos e personagens icônicos, como o Mago Merlin, que inspirou a animação clássica dos estúdios Disney, A Espada Era a Lei (1963). A obra se chama A Espada na Pedra, e foi escrita por T. H. White.

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Terence Hanbury White é um autor inglês, nascido em 29 de Maio de 1906. Ele teve uma infância conturbada, com um pai alcoólatra e uma mãe distante. O autor nunca chegou a se casar e muitos acreditam que isso se deve ao fato de White ter sido homossexual sem nunca se assumir. Ele faleceu no dia 17 de Janeiro de 1964, aos 57 anos, devido a uma parada cardíaca.

Apesar de ter escrito dezenas de livros, os quais influenciaram grandes autores contemporâneos como J. K. Rowling, suas obras mais conhecidas são aquelas que recontam as aventuras de Rei Artur e seus cavaleiros. Principalmente as que fazem parte da saga de quatro livros, O Único e Eterno Rei.

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O primeiro livro da saga, sobre o qual falaremos hoje, A Espada na Pedra, foi publicado inicialmente como uma obra solo em 1938. A versão em português que li foi a lançada pela editora Hamelin em 2013 e contém 256 páginas. Até o momento, a editora lançou apenas dois dos quatro livros da coleção.

Sabemos que toda a vez que Disney escolhe uma história para transformar em animação ela muda vários elementos da trama, às vezes até mesmo seu desfecho, e com esse livro não poderia ser diferente.

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As alterações não são sutis, mas se mostram indiferentes para o desenrolar da trama. Por isso, não há realmente muitos detalhes que posso contar que irão estragar a jornada de um futuro leitor. Mesmo assim, é importante alertar que ao longo desse comentário sobre a obra haverá spoilers pelo caminho.

O início do livro é muito parecido com o desenho de 1963. A história começa em uma Inglaterra antiga, com o jovem Artur – aqui, também chamado de Wart – vivendo com seu pai adotivo, Ector, e seu irmão de criação, Kay, em um castelo no meio de uma clareira. O lugar, conhecido como o Castelo da Floresta Sauvage, é o típico castelo de lendas antigas com torres altas, pontes levadiças e fossos com animais perigosos ao seu redor.

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Enquanto Wart é um garoto esforçado em suas tarefas domésticas e corajoso, Kay é convencido e se ocupa com treinamentos para se tornar cavaleiro, uma honraria com a qual Artur sonha mas sabe que nunca poderá ter por ser filho ilegítimo. Certo dia, enquanto caça com falcões com Kay, Wart se perde na floresta.

É, então, que a história começa a apresentar maiores diferenças se comparada com sua versão animada. Ao invés de ser perseguido por um lobo e rapidamente se deparar com a choupana de Merlin, Arthur conhece um valente cavaleiro na floresta, chamado Pellinore, que caça uma besta. Esse personagem aparece brevemente na animação, é o homem que chega sob chuva e bebe com Ector.

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E apenas após o dia amanhecer, encontra o famoso mago. Merlin é excêntrico e carrega uma longa barba, como na animação. Por já ter visto e vivido tantas eras, se confunde constantemente com o tempo e possui valores morais diferentes para a época. Para ele, mais vale muito estudo do que força bruta e habilidades com a espada.

Ah, aqui, ele também possui sua coruja falante e fiel companheira, Arquimedes. O personagem, porém, recebe muito menos foco do que na animação. O mago segue Artur até o castelo e lá conhece Ector. Ele utiliza sua magia e logo consegue convencer o dono do castelo a deixá-lo ser tutor de Wart, novamente o desenho clássico seguiu fielmente a trama.

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Curiosamente, o jovem Artur se preocupa com o fato de seu irmão mais velho não estar recebendo instrução e chega a pedir em determinado momento que o mago ensine Kay. Isso diz muito sobre sua personalidade boa e como sua relação com o irmão é diferente da que vemos no desenho. Porém, Merlin explica que isso seria impossível, ele está ali apenas para guiar o pequeno Wart.

As lições pelas quais Wart precisa passar se assemelham com as vistas na animação. Ele vira um peixe e posteriormente um pássaro, por exemplo. No entanto, esses momentos se estendem muito mais, trazendo outras subtramas e reflexões, deixando a ação de lado. Artur é transformado em diversos outros animais, como uma formiga, ao longo de seu aprendizado.

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Uma das maiores diferenças entre a trama aqui vista e sua versão animada, é a ausência de Madame Mim – hoje, mais conhecida pelos fãs como Madame Min. No lugar da excêntrica bruxa que odeia Merlin, temos a brevíssima presença da famosa feiticeira Morgana. A lendária bruxa havia capturado os homens de ninguém mais, ninguém menos, que Robin Hood.

Juntos, e sem magia, Kay e Artur ajudam Robin, Marian e João Pequeno a resgatar seus companheiros. Vemos, então, novamente, como o elo dos dois irmãos é mais forte que o visto em sua versão Disney. Anos se passam. Seis, mais precisamente. Artur continua crescendo tendo suas lições contínuas com Merlin e aperfeiçoando suas habilidades como escudeiro e ajudante de cozinha.

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A partir de agora termos uma sequência praticamente idêntica à apresentada do filme: o rei da Inglaterra morre, deixando nenhum herdeiro. E eis que sem explicação surge uma pedra com um espada fincada em seu interior. No punho da espada, os dizeres: “Aquele que tirar esta espada desta pedra e bigorna é por direito o rei nascido para governar toda a Inglaterra”.

Durante um torneio, Kay esquece sua arma e Wart, desesperado, tira a espada da pedra sem perceber que seu feito o tornaria rei. Perdido, ele encontra em Merlin o seu futuro guia. O mago logo confessa que sabe o passado real do garoto, sobre como ele é descendente de Uther Pendragon.

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Apesar desse ser o fim do filme, é apenas o início da longa jornada do famoso Rei Artur. Ainda há cavaleiros a serem encontrados, um reino a ser criado e uma távola redonda a ser construída. Se querem saber como a lenda continua não deixem de ler os três outros volumes da saga: A Rainha do Ar e das Sombras; O Cavaleiro Imperfeito; e A Chama ao Vento.

Devo dizer que o livro não me conquistou como outras obras que tratam do mesmo tema. Por vezes, senti que o ritmo era muito arrastado e que a história estava recheada de momentos que não levavam a trama principal para frente.

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Porém, não creio que esse seja um defeito do livro. Acredito que devido a época na qual foi escrito, a trama simplesmente não foi pensada para agradar ao leitor que já conhece toda a história de Artur de cor. Não há personagens imperfeitos ou reviravoltas ao longo da jornada que prendam nossa atenção.

O livro acaba se mostrando um livro infantil ideal, por ter apenas uma camada e apresentar uma clara e simples jornada de personagem. Senti falta das piadas e da leveza dos diálogos da animação, principalmente das contribuições de Arquimedes.

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É claro que essa é apenas a minha impressão da obra e gostaria de saber a de vocês. Então não deixem de comentar! Já leram o livro? O que acharam da história quando comparada a animação original?

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Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.