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A origem de “Walt nos Bastidores”

 

Ian Collie, o cineasta e documentarista australiano, conta como surgiu a primeira ideia de fazer o trabalho que acabaria sendo a inspiração para “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”: “Eu encontrei uma biografia da Pamela Travers, escrita por Valerie Lawson (a primeira edição foi publicada na Austrália, em 1999, com o título “Out of the Sky She Came: The Life of P.L. Travers”) em uma livraria local. Travers era australiana, e isso me pareceu fascinante porque a história da Mary Poppins mostra a essência do espírito inglês.”

Depois de terminar o documentário para televisão “The Shadow of Mary Poppins”, em 2002, Collie se perguntou se a história de Travers poderia ser transformada em um drama cinematográfico. “Ao explorar os anos da infância de Travers, senti que seria bom transformá-los em um filme. Quando Travers saiu da Austrália, em 1924, ela praticamente se transformou e deixou toda a sua vida australiana para trás.

“Ela se mudou para Londres e tornou-se mais inglesa do que os próprios ingleses. Quando ouvimos sua voz em uma gravação, conseguimos perceber o sotaque de Oxbridge que ela passou a ter. Travers se reinventou, e essa mudança que ela sofre, de menina para mulher, me pareceu uma história fascinante. Uma verdadeira transformação,” conclui.

 

P. L. Travers, a mente criativa por trás de Mary Poppins.

 

Com a esperança de transformar sua ideia em um roteiro, Collie pediu ajuda à Sue Smith, uma das roteiristas mais bem sucedidas e reconhecidas da Austrália, com trinta anos de carreira cheios de elogios da crítica e prêmios de televisão e cinema. Por causa da conexão de Travers com a Austrália, seu país de origem, e Londres, Collie achou que o projeto deveria ser uma coprodução australiano-inglesa.

Foi assim que a produtora britânica Alison Owen (“Elizabeth”) recebeu uma cópia do documentário de Collie e um roteiro do filme escrito por Sue Smith, e ela ficou curiosa sobre a nacionalidade Travers, afinal Mary Poppins era conhecida como uma babá inglesa. E ali começava a aventura de “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”.

 

Richard Sherman, Julie Andrews, Dick van Dyke e Robert Sherman, nos bastidores de “Mary Poppins“.

 

Alison Owen não esperou mais e chamou Kelly Marcel (“Terra Nova”) para trabalhar no roteiro com o apoio da BBC Films. “Fiquei fascinada com a ideia de alguém que vive a vida condicionada pelo seu passado”, conta Marcel sobre o que a atraiu na personagem de Travers. “Me pareceu muito interessante. Além disso, eu não sabia que tudo isso tinha acontecido nos bastidores das filmagens de Mary Poppins. É um filme muito emblemático e um dos meus favoritos desde a infância. A justaposição desses dois argumentos me deixou fascinada.”

Antes de começar a escrever, Kelly Marcel iniciou uma intensa pesquisa sobre a Disney e sobre Travers, além de ter lido cinco livros sobre o gênio de Hollywood, incluindo o estudo de 912 páginas de Neal Gabler: “Walt Disney: O Triunfo da Imaginação Americana” (2007), que dedica várias páginas para contar a história do conflito vivido entre Walt e Travers.

 

Julie Andrews, Walt Disney e P. L. Travers na première de “Mary Poppins“.

 

Marcel também consultou o livro de Valerie Lawson, “Mary Poppins e Sua Criadora: A Vida de Pamela Travers”, que muitos consideram ser a biografia mais abrangente sobre a vida e obra de Travers. Lawson que assim como a protagonista é australiana, dedica um capítulo de quarenta páginas ao filme de Mary Poppins, chamado “The Americanization of Mary”.

Antes de procurar diretor ou elenco, antes mesmo de entrar em contato com a Disney, Owen compartilhou o roteiro com o compositor Richard Sherman que, há 50 anos, havia lidado com toda a irracionalidade de Travers. “Kelly Marcel escreveu um roteiro maravilhoso”, comenta Sherman, que ajudou Marcel a deixá-lo o mais perto possível da realidade, principalmente na parte dos diálogos, referência que ela não poderia ter obtido em nenhuma das biografias que leu.

 

Dick van Dyke, Walt Disney e Julie Andews.

 

Algumas frases só eram usadas no estúdio, com Walt. Elas não tinham sido mencionadas em nenhuma pesquisa. Depois que ela incorporou as mudanças que sugeri no roteiro, fiquei realmente comovido. Me emocionei com a história que ela havia conseguido contar,” relembra o compositor.

Com a confirmação de Sherman de que a história estava sendo contada de acordo com a verdade, Owen se sentiu confiante para enviar o roteiro para a Disney. O roteiro passou por todos os altos executivos, os responsáveis pela tomada de decisões, e a Disney decidiu dar todo o apoio ao projeto. Com os trabalhos iniciados, a própria Disney chamou Tom Hanks e tratou de buscar a aprovação da família Disney.

 

Os irmãos Sherman compondo.

 

Depois que “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” encontrou o lugar ideal para as filmagens, os cineastas se dedicaram com muito entusiasmo para levar o filme às telonas.

Logo depois de ter acesso ao roteiro de “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”, o Walt Disney Studios forneceu 500 páginas de documentos sobre o desenvolvimento de “Mary Poppins” – desde rascunhos e roteiros até todas as figuras-chave da equipe de produção do filme – que ajudariam a contar a história. O estúdio também abriu as portas do seu incrível Departamento de Arquivos para ajudar os cineastas e a equipe.

 

Trailer legendado de “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”:

Quando as filhas de Walt Disney imploraram a ele que fizesse um filme do livro favorito delas: “Mary Poppins”, de P.L. Travers, ele fez uma promessa feita, porém ele não imaginava que levaria duas décadas para cumpri-la. Na busca para obter os direitos, Walt enfrenta uma escritora intransigente e sempre irritada, que não tem a menor intenção de ver sua babá mágica recriada pela indústria do cinema. Até que, diante das baixas vendas do livro, concorda em ir até Los Angeles para ouvir pessoalmente os planos do empresário. Durante duas curtas semanas, em 1961, Walt Disney fez de tudo tudo para conseguir convencê-la. Armado com storyboards criativos e canções envolventes dos talentosos irmãos Sherman, ele lança um ataque pesado em direção a P.L. Travers, que não se mostra interessada. Só quando recorre à própria infância que Walt descobre a verdade sobre os fantasmas que atormentam a fechada escritora e, juntos, eles libertam Mary Poppins para um dos mais encantadores filmes da história do cinema

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".