Menu
in

História da Pixar | O Sucesso e a Parceria com a Disney

Continuando com nossa jornada pela História da Pixar, estamos agora no ano de 1997. Com o sucesso de Toy Story (1995) nos cinemas e os prêmios especiais concedidos pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, o futuro do Pixar Animation Studios parecia bastante promissor e, claro, a The Walt Disney Company não gostaria de perder o novo aliado. E por isso, a empresa do Mickey Mouse faria grandes esforços para manter o estúdio por perto.

Os dez anos seguintes trariam mais grandes surpresas para a companhia adquirida por Steve Jobs… Além da produção de novos longas-metragens de sucesso, a segunda década do estúdio foi marcada por uma infinidade de novos prêmios e quantias inimagináveis de dinheiro, mas também foi marcada por diversos conflitos com a empresa fundada por Walt Disney e por uma mudança de cidade. Venha conosco continuar essa viagem pelo passado.

Movidos pelo sucesso financeiro e de crítica da aventura de Woody e Buzz, diversos outros estúdios, incluindo DreamWorks SKG, Turner Broadcasting e Warner Bros., estavam realizando experimentos com a animação digital e se preparando para competir com a Pixar neste território praticamente inexplorado, já as empresas de efeitos visuais e de soluções para computação de alto desempenho, como a Digital Domain, Industrial Light & Magic e Silicon Graphics, também queriam entrar para a disputa de recursos tecnológicos.

Enquanto isso, a produção do curta O Jogo de Geri (1997) era finalizada. O desenho viria a se tornar o segundo vencedor do Oscar® de Melhor Curta-metragem de Animação. Na mesma época, o estúdio também recebeu outros dois prêmios técnicos da Academia, um pelo sistema de animação Marionette e outro pela técnica de pintura digital, e um grande incentivo financeiro, quando a receita e o lucro líquido chegaram, respectivamente, a US$34 milhões e US$22 milhões.

Assim, em 1997, o Pixar Animation Studios, agora empregando trezentas e setenta e cinco pessoas, e a The Walt Disney Company fizeram um novo acordo, o qual previa a produção de cinco filmes em um período de dez anos, substituindo o antigo de apenas três longas, com ambas as empresas como parceiros igualitários. Com isso, os outros dois títulos previstos no combinado anterior e ainda não lançados nos cinemas se tornaram os primeiros dos cinco da nova negociação, a começar com Vida de Inseto (1998).

John Lasseter, mais uma vez, assumia a direção do projeto – dessa vez, ao lado de Andrew Stanton. Embora a animação de Flik tenha disputado as bilheterias com outras três, FormiguinhaZ (1998), O Príncipe do Egito (1998) e Rugrats: Os Anjinhos – O Filme (1998), ela se sobressaiu e conseguiu arrecadar mais de US$360 milhões mundialmente, superando a renda obtida por Toy Story três anos antes, e quebrando recordes estabelecidos até aquele momento.

Trailer em inglês de Vida de Inseto:

Porém, a produção de Toy Story 2 (1999) gerou os primeiros conflitos entre os dois estúdios. A casa do icônico camundongo planejava lançar a sequência diretamente em Home Vídeo, portanto, excluindo-a do acordo de cinco filmes. Até o momento, o Walt Disney Feature Animation – atual Walt Disney Animation Studios – havia produzido apenas uma sequência para os cinemas, Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus (1990), as demais foram animadas pelo DisneyToon Studios, com um baixo orçamento, e lançadas em VHS.

Ignorando os riscos, o estúdio novato foi capaz de convencer o veterano e Woody e Buzz voltariam aos cinemas. No entanto, os pedidos para adiarem a data de lançamento da continuação, marcada para 24 de Novembro de 1999, foram negados tanto por parte da Disney quanto por Steve Jobs – devido aos produtos licenciados – e insatisfeita com o material produzido, a Pixar recrutou a sua primeira equipe criativa, com intuito de refazer o projeto dentro de um prazo de nove meses sob a liderança de Lasseter e Lee Unkrich.

Todos os medos foram deixados de lado, quando o longa-metragem – o primeiro da história totalmente criado, masterizado e exibido de forma digital – chegou aos cinemas e se tornou um novo sucesso de bilheterias, inclusive superando a arrecadação do filme original. O sucesso levou o estúdio ao seu quinto ano consecutivo de lucros, com uma receita de US$121 milhões e ganhos superando US$50 milhões. Completando a alegria, a empresa recebeu o seu nono Oscar® técnico, pelo sistema de gravação a laser PIXARVISION™.

Já no ano seguinte, em 05 de Junho de 2000, o curta Para os Pássaros foi exibido no Festival de Animação de Annecy, na França, e também faturou mais um Oscar®. Em 27 de Novembro de 2000, o Pixar Animation Studios deixou a sua sede em Richmond, na Califórnia, e passou a ocupar um novo quartel-general, localizado em Emeryville, também na Califórnia. Com uma área de vinte e dois acres, o novo estúdio seria o local de trabalho de mais de seiscentos funcionários.

Trailer em inglês de Monstros S.A.:

https://youtu.be/8IBNZ6O2kMk

Lá, Pete Docter trabalhava arduamente para finalizar seu primeiro projeto como diretor, Monstros S.A. (2001). Em sua estreia nos Estados Unidos, o longa-metragem alcançou a marca de cem milhões de dólares em apenas nove dias, um feito inédito na história da animação. Ao sair de cartaz, a animação estrelada por Mike e Sulley já tinha arrecadado mais de US$542 milhões mundialmente, superando os três lançamentos anteriores do estúdio.

Durante anos, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas resistiu à criação de uma categoria exclusiva para as animações, concedendo apenas prêmios especiais ou técnicos. Com o grande aumento de filmes animados, em 2001, foi estabelecida a categoria de Melhor Longa-metragem de Animação, da qual Monstros S.A. foi um dos primeiros concorrentes. Embora tenha sido derrotada por Shrek (2001), a dupla de assustadores não saiu de mãos vazias, vencendo o prêmio de Canção Original, pela composição de Randy Newman, “If I Didn’t Have You“.

Seguindo rumo ao infinito e além, a casa do Luxo Jr. continuava focada em criar histórias atraentes e personagens marcantes. Com cada vez mais fama no mercado internacional, o estúdio lançou Procurando Nemo (2003), para grande aclamação do público e da crítica. A história de Marlin e Nemo comoveu o mundo e foi considerada impressionantemente encantadora. Dessa forma, o filme quebrou recordes de bilheteria, colocando mais de US$890 milhões nos cofres do estúdio. Até o momento, Nemo é a terceira maior bilheteria do estúdio.

Novamente, a relação entre as duas empresas entraria em choque em 2004. O acordo estabelecido há sete anos previa uma divisão meio a meio dos custos e lucros, enquanto a Pixar cuidava da criação e da produção, a Disney ficava responsável pela distribuição e divulgação. No entanto, a companhia do Mickey era a detentora dos direitos sobre a história e de possíveis sequências, além de cobrar uma taxa pela distribuição. Logo, o estúdio de Emeryville estava insatisfeito com a situação e queria renegociar o contrato.

O novo acordo abrangeria apenas a distribuição, pois o Pixar Animation Studios pretendia ter total controle criativo e seria o único responsável pela parte financeira, arcando com os custos de produção e recebendo todos os lucros gerados pelos filmes, com apenas o pagamento de uma taxa de distribuição de dez ou quinze por cento. Outro ponto crucial na negociação era a exigência do estúdio de ter o controle sobre os filmes já em produção, incluindo Os Incríveis (2004) e Carros (2006), algo inaceitável para a Disney.

Desentendimentos entre Steve Jobs e Michael Eisner, diretor-executivo da The Walt Disney Company no período, deixaram ainda mais distante a possibilidade das empresas chegarem a um acordo, ao ponto de, em meados de 2004, Jobs anunciar publicamente a procura por outra distribuidora. Apesar dos conflitos, Os Incríveis chegou aos cinemas em 05 de Novembro de 2004 e continuou com a trajetória de sucesso, sendo mais uma vez aclamado tanto pelo público quanto pela crítica, faturando US$633 milhões ao redor do mundo.

Trailer em inglês de Os Incríveis:

https://youtu.be/eZbzbC9285I

Com direção de Brad Bird, trazido por John Lasseter para o estúdio após o fim das atividades do Warner Bros. Feature Animation, o longa-metragem foi reconhecido por seu roteiro inteligente e divertido, assim como por revigorar os filmes de super-heróis. A obra disputou em quatro categorias do Oscar®: Melhor Longa-metragem de Animação, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som e Melhor Roteiro Original, das quais venceu nas duas primeiras e se tornou o primeiro filme do estúdio a ganhar mais de uma estatueta na cerimônia.

Em Março de 2005, um ano antes da expiração de seu contrato, Eisner anunciou seu desligamento do cargo, assumido pelo atual, Robert Iger. O ocorrido permitiu a retomada das negociações entre as empresas. E em 24 de Janeiro de 2006, poucos dias antes de completar vinte anos de fundação, a The Walt Disney Company anunciou a completa aquisição do Pixar Animation Studios, por US$7,4 bilhões, obedecendo às ressalvas feitas por essa, as quais incluíam os direitos sobre todas as histórias e personagens e o total financiamento de suas produções.

Jobs, o qual havia reassumido a presidência da Apple em 1997, e ainda era o maior acionista do estúdio, com 50,1% das ações, foi elevado ao posto de maior acionista único da Disney, com 7% das ações, e se tornou membro do conselho de diretores. Como parte do novo contrato, John Lasseter, na época Vice-presidente Executivo, assumiu a posição de Diretor-criativo do Pixar Animation Studios e do rebatizado Walt Disney Animation Studios. Catmull permaneceu como Presidente, porém, agora, também comandando o WDAS.

E enquanto os últimos ajustes eram feitos, Carros acelerava nas telonas em 09 de Junho de 2006, uma exigência de Jobs anterior à aquisição. Para o criador da Apple, seria mais vantajoso lançar os filmes no meio do ano, uma época mais lucrativa nas bilheterias, e isso permitiria o lançamento em Home Vídeo a tempo das compras natalinas. Apesar do pensamento de Jobs ter se mostrado correto para os futuros lançamentos, Relâmpago McQueen trouxe apenas US$462 milhões, uma quantia aquém às obtidas por seus antecessores.

Trailer em inglês de Carros:

Sob o comando de John Lasseter, o longa-metragem não foi tão bem recebido pela crítica, a qual considerou o roteiro fraco e voltado para a diversão do público infantil, embora o visual fosse atrativo. Porém, o sucesso de McQueen e Mate viria por outros meios. No lançamento do DVD, foram vendidas cerca de cinco milhões de cópias em apenas dois dias. Com mais de quinze milhões de exemplares vendidos naquele ano, Carros ficou atrás apenas de Os Incríveis, com dezessete milhões, e Procurando Nemo, com vinte e quatro milhões.

Desse modo, Carros pode não ter sido tão aclamado quanto os filmes anteriores, mas marcou o vigésimo aniversário do Pixar Animation Studios e o fim de uma era. Agora, o estúdio do Luxo Jr fazia parte oficialmente do Universo Disney. E se ainda era necessária uma comprovação de qualidade, o ano de 2006 trouxe mais dois prêmios técnicos do Oscar®: um pela simulação do movimento de tecidos e outro pela subdivisão de superfícies. Na terceira e última parte deste Especial, falaremos do período compreendido entre 2007 a 2017!

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".

Leave a Reply

Sair da versão mobile