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Branca de Neve e os Sete Anões | A criação do clássico mais belo de todos

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Se a ideia de produzir um longa-metragem de animação não era desafiante o suficiente, a escolha de Walt Disney para o conto de fadas apenas tornou tudo mais difícil. Afinal, a personagem no centro de Branca de Neve e os Sete Anões (1937) não era uma simples caricatura, mas uma delicada criatura feminina e humana.

Uma das cenas de maior dificuldade para os animadores é a sequência na qual Branca de Neve dança com os anões. Assim como em outros momentos do filme, foram utilizadas filmagens de pessoas recriando as ações dos personagens. A dançarina Marjorie Belcher ficou responsável por encarnar a protagonista, enquanto o diretor da sequência, Perce Pearce, serviu como “Dozey”.

“Dozey” foi o apelido dado pelos animadores à criatura formada quando Dunga (Dopey) sobe nos ombros de Atchim (Sneezy) para valsarem com a princesa. A cena era filmada e fotografada a fim de ajudar a equipe de animação a analisar e estudar os movimentos dos humanos durante uma dança. Outros membros da equipe também foram filmados para obter o comportamento dos demais anões naquela hora.

O desenvolvimento dessa cena, chamada de Sequência de Entretenimento, ocupou grande parte dos quatro anos de produção do filme. Isso se deu não apenas pela complicada combinação da música com a ação dos personagens em formas intricadas, mas pela exigência de Disney: a animação e a movimentação dos anões não deveriam ser comprometidas de forma alguma.

Com a insistência de Walt em manter um padrão elevado das técnicas de animação, os artistas do estúdio aceitaram o desafio proposto e apresentaram uma quantidade extraordinária de desenhos e pinturas – no total, foram feitos mais de dois milhões de esboços. E a maioria dessas obras nunca foi vista por pessoas de fora do estúdio. Juntas, as imagens representam parte da façanha desse filme histórico.

Porém, Branca de Neve não foi a única tarefa complicada dos animadores. Os demais personagens do título ofereceram um outra espécie de obstáculo. A ideia de ter sete anões com nomes e personalidades distintas não surgiu no decorrer da produção, ela já estava presente no conceito de Walt para o filme desde o princípio.

Versões anteriores da história, tanto para o cinema quanto para o teatro, apresentavam apenas pequenas variações entre um anão e outro. No entanto, Disney foi ousado e, nos primeiros rascunhos de sua versão, quis diferenciá-los completamente, usando personalidades fortes para cada um. Isso, aliás, foi uma das principais razões para o criador de Mickey Mouse querer produzir o longa-metragem.

A grande onda de criatividade surgida no Walt Disney Animation Studios, na década de 1930, foi devidamente celebrada ao longo do tempo, mas o público, muitas vezes, deixou de enxergar o coração do pioneirismo do estúdio: a animação de personalidades. Como personagens, os anões foram feitos sob medidas para ambiente artístico.

Não existe nenhum manual melhor sobre o exercício da animação de personalidade do que este: sete personagens, todos com alturas e aparências semelhantes, os quais devem ser desenhados e animados de forma a serem imediatamente distinguidos uns dos outros. E como outras versões não haviam feito isso, os animadores da Disney precisaram partir do zero. Era um desafio inspirador.

Rainha Má, enquanto o terceiro maior personagem humano da história, representou um desafio de animação assustador. A vilã era descrita como uma mistura de Lady Macbeth, da tragédia escrita por William Shakespeare, com o Lobo Mau, dos curtas dos Três Porquinhos, pois a beleza era sinistra, madura e cheia de curvas.

Quem ficou responsável por animá-la foi Art Babbitt. Uma escolha certamente curiosa, afinal, à época, Babbitt era conhecido por ter sido um dos criadores e um dos principais animadores do atrapalhado Pateta. No entanto, o artista tinha uma paixão pela análise dos movimentos e como eles refletem a personalidade dos personagens.

Já o alter-ego da Rainha, a Bruxa, foi uma questão completamente diferente. Apesar da antagonista precisar ser tão assustadora como a sua contraparte bonita, desde o princípio os animadores perceberam não haver a necessidade de aplicar o mesmo realismo. Devido à aparência grotesca da Bruxa, ficou permitido usar do estilo cartunesco dos curtas.

Logo, a tarefa de dar vida à personagem foi incumbida a Joe Grant, o responsável pelas caricaturas das celebridades nos curtas Parade of the Award Nominees (1932) e Mickey’s Gala Premier (1933). Grant explorou profundamente cada aspecto e detalhe da vilã, à procura de capturar sua alegria maníaca em suas maldades e a verdadeira ameaça existente, a qual a afasta de se tornar uma figura cômica.

Transformar-se em uma bruxa claramente tem um efeito libertador na personagem. No lugar da maldade contida e subentendida das cenas da Rainha, Norm Ferguson animou a transformação com um esplendor melodramático, revelando de forma inconfundível a sua alegria e prazer em suas maldades e delitos. Em 2017, Branca de Neve e os Sete Anões completa oitenta anos de seu lançamento original nos cinemas.

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".

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