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Viva – A Vida é Uma Festa | A criação do visual do Mundo dos Mortos

Viva – A Vida é Uma Festa conta uma história sobre temas universais sobre família e seguir os seus próprios sonhos, porém, um de seus grandes destaques é a animação cheia de cores brilhantes, efeitos visuais impressionantes e uma incrível arquitetura, capaz de nos transportar, ao lado de Miguel e Dante, do Mundo dos Vivos para o Mundo dos Mortos, em seu dia mais agitado do ano: o Dia de Los Muertos.

Os dois mundos estão conectados por uma ponte de pétalas de calêndulas. Segundo Lee Unkrich, diretor do novo longa-metragem do Pixar Animation Studios, a ideia de criar a ponte surgiu durante a viagem de pesquisa no México. “Quando fomos convidados a participar do Dia dos Mortos no México, vimos caminhos feitos de pétalas de calêndulas que começavam nas ruas e terminavam em oferendas,” explica.

As oferendas são altares com fotos de família, comidas preferidas e objetos especiais. “Aprendemos que tudo aquilo era feito para ajudar a guiar os espíritos dos entes queridos de uma família para casa,” comenta o diretor. Para o diretor de arte Harley Jessup, a ponte se assemelha aos aquedutos do México, Espanha e Itália. E a equipe não queria uma ponte inerte e sem graça, e sim, algo vivo.

Conforme os personagens andam sobre a ponte, é possível notar os movimentos de das pétalas, enquanto sob a estrutura, há uma cascata de pétalas. Para obter tal efeito, os artistas usaram uma tecnologia na qual cada pétala funciona como um ponto de luz. “Nós temos um novo tipo de iluminação chamado partículas de luz, o qual pode ter muitos pontos de refração,” revela Danielle Feinberg, diretora de fotografia e iluminação.

Do outro lado da ponte, Miguel se depara com um local completamente diferente de tudo o que já havia visto. O maior desafio para se criar um cenário assim é envolver o público e fazê-lo acreditar naquilo. “Nós gostamos de encontrar uma lógica em todos os nossos trabalhos e não apenas inventar coisas por inventar. Eu, pessoalmente, acredito que um mundo fantástico e nada crível mantém as pessoas emocionalmente distantes,” observa Unkrich.

Na verdade, eu compararia o Mundo dos Mortos com o que fizemos em Monstros S.A., no qual criamos Monstropólis, essa fantástica e familiar cidade de monstros, onde há muitas coisas únicas e maravilhosas, mas está enraizada em um mundo já conhecido. Nós fizemos o mesmo em nossa vida do mundo após a morte,” aponta o diretor. O filme se apoia na ideia de que, embora sejam esqueletos, os mortos não perderam seu lado humano.

Logo no início da produção, Lee Unkrich e sua equipe tomaram uma decisão muito importante para definir o estilo do Mundo dos Mortos. “Nós tínhamos essa noção de que, qual fosse o trabalho de alguém em vida, ele iria se manter após a morte, para o bem ou para o mal,” brinca Unkrich. “Há algumas pessoas ainda exercendo o mesmo tipo de trabalho entediante e burocrático que faziam em vida.

Unkrich também aponta outra escolha crucial para se distanciar de outros mundos fictícios: nada de referências à cultura popular. “É um jeito muito fácil de fazer piada e nós tentamos fazer filmes atemporais. Quero que as pessoas continuem assistindo a esses filmes daqui a setenta e cinco anos. E quem sabe o que será popular? Nós tentamos não ir por essas piadas fáceis fazendo humor com a cultura popular.”

Jessup, por sua vez, ressalta as diferenças entre os dois mundos vistos na animação:  “O Mundo dos Mortos é vertical, em contraste com a estrutura plana de Santa Cecilia. As torres representam camadas de história: pirâmides mesoamericanas estão na base com arquitetura colonial espanhola construída no topo. E isso segue dessa forma – período por período, camada por camada, à medida que as pessoas continuam a chegar.”

Inspirado em parte pela montanhosa cidade de Guanajuato, localizada a noroeste da Cidade do México, e por estar sempre no período noturno, o Mundo dos Mortos precisou de um número impressionantes de luzes para ser iluminado, incluindo luzes de ruas e praças, luzes de edifícios maiores, luzes azuis ao longo do trajeto do bondinho, luzes nas gruas de construção e muitas outras espécies de iluminação.

Feinberg explica ser a primeira vez na qual o estúdio precisou sete milhões de luzes em uma única cena. Um novo software permitiu o agrupamento dessas luzes, as quais anteriormente deveriam ser colocadas e ajustadas individualmente por um técnico. Em vez disso, era possível colocar um milhão de pontos. “O renderizador vê isso como uma luz, mas nós vemos um milhão de luzes,” comenta o técnico de supervisão David Ryu.

Muito embora a trama de Viva – A Vida é Uma Festa enfatize a importância de se lembrar dos nossos antepassados, é apropriado que o filme tenha sido trazido à vida por meio de novas técnicas e softwares. “Nós realmente queríamos explorar os laços familiares que nos amarram as gerações que nos precederam,” observa Ryu. “Esta história é sobre celebrar o nosso passado, mesmo quando olhamos para o futuro.”

Clipe: Mundos de Disney·Pixar

Apesar de a música ter sido banida há gerações em sua família, Miguel (voz do novato Anthony Gonzalez) sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz (voz original de Benjamin Bratt). Desesperado para provar o seu talento, Miguel se vê na deslumbrante e pitoresca Terra dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho ele conhece o trapaceiro encantador Hector (voz original de Gael García Bernal), e juntos eles partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel.

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".