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Nausicaä | Crítica de Fã para Fã

A proposta das críticas do Disney Mania, seja os Clássicos na Crítica ou as Críticas de Fã para Fã, a priori, é analisar os clássicos animados e os principais lançamentos dos estúdios pertencentes à The Walt Disney Company. No entanto, abrimos uma exceção, nesta ocasião especial, para uma resenha de “Nausicaä do Vale do Vento”, longa-metragem de animação dirigido por Hayao Miyazaki e um dos maiores clássicos do cinema mundial e japonês, distribuído pela casa do Mickey Mouse nos Estados Unidos.

Miyazaki é um dos maiores nomes ligados à animação atual, sendo considerado o “Walt Disney japonês” por muitos, apesar do título não ser de seu agrado. Em 1979, deixou a Nippon Animation a fim de dirigir seu primeiro filme, “O Castelo de Cagliostro”, uma aventura de Lupin III, famoso personagem.

Em seguida, a Tokuma Shoten, editora de mangás, o abordou para adaptar às telas um de seus trabalhos como mangaka, a história da Princesa Nausicaä, à época, ainda em publicação. Miyazaki aceitou, contanto que pudesse dirigir, além de ter escrito o roteiro com base nos dois primeiros volumes – o mangá chegaria ao seu final somente em 1994, dez anos após o lançamento da animação.

Embora seja avaliado como tal, “Nausicaä do Vale do Vento” não é, de fato, um longa-metragem do Studio Ghibli, este abriu as portas em 1985, possibilitado pelo sucesso do segundo trabalho de Miyazaki como diretor. Isto acontece, pois, além do diretor, a animação apresenta muitas das conhecidas características do estúdio, a saber: jovem protagonista feminina, objetos voadores, e antagonista moralmente ambíguo.

 

 

Ambientada em um futuro pós-apocalíptico, no qual uma guerra destruiu a civilização humana, dando origem a uma floresta tóxica, com gigantes insetos e esporos letais, a animação retrata uma pequena vila, um dos poucos locais onde a vida ainda é viável, localizada no Vale do Vento, à espera da realização de uma profecia, a qual declara que um guerreiro trajando uma túnica azul, descendo campos dourados, irá um dia reunir homem e natureza.

Nausicaä, cujo nome se origina do poema grego “Odisseia”, é a princesa do lugar, alguém amável e bastante curiosa, a ponto de explorar a fundo os perigos da selva envenenada. A personagem, porém, possui o dom de se comunicar com animais, podendo acalma-los em momentos de raiva.

 

 

Durante uma noite, uma aeronave do reino Tolmekia colide no Vale, trazendo consigo uma preciosa carga, queimada após um ataque de insetos. Na manhã seguinte, tropas Tolmekians invadem a região para recuperar o conteúdo, destinado à destruição da floresta e, por consequência, do vale.

O roteiro é maduro e extremamente bem trabalhado, criando uma trama consistente e forte, repleta de personagens interessantes, conquanto o desfecho seja previsível, não deixa de surpreender pelo modo como foi construído e desenvolvido.

Há vinte anos, não existia uma consciência ecológica tão grande como atualmente, “Nausicaä”, porém, muito antes de “Avatar” (2009) e seus rebuscados efeitos, continha uma forte mensagem de preservação ambiental, a qual, em momento algum, se mostra forçada e deslocada.

 

 

A animação é competente, com uma impressionante qualidade para época. Miyazaki criou deslumbrantes cenários – algo recorrente nos outros filmes do Ghibli – e utiliza bem as cores e seus traços mais suaves para entregar algo único e inovador, destacando-se das produções ocidentais e até mesmo orientais do gênero.

Tantas qualidades combinadas comprovam o sucesso obtido nas críticas e em arrecadação, e não passariam despercebidas de Hollywood. Após seu lançamento, a New World Pictures adquiriu os direitos de exibição do projeto. Porém, a produtora alterou bruscamente o resultado final, com o objetivo de fazê-lo mais comerciável e orientado para as crianças.

 

 

Rebatizado de “Warriors of the Wind” (“Guerreiros do Vento”, em português), os personagens tiveram seus nomes alterados e a mensagem ecológica fora diluída completamente, ao transformar os insetos gigantes nos vilões. Tal decisão ocasionou uma conhecida curiosidade: Miyazaki enviou uma autêntica katana (espada de samurai) para os Estados Unidos com uma simples mensagem “sem cortes”, algo respeitado pela Disney, quando a mesma assinou contrato de distribuição com o Ghibli.

Nausicaä do Vale do Vento”, portanto, prova-se como um clássico atemporal, mesmo com suas peculiaridades. Os ensinamentos apresentados revelam-se ainda atuais e fortes, reiterando que uma boa história perdurará para sempre.

 

 

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Corra, pois são os últimos dias.

 

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".