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Mais sobre musical de O REI LEÃO no Brasil!

 

Há 16 anos em cartaz na Broadway, “O Rei Leão” é a montagem mais lucrativa entre todas que já passaram pelos famosos teatros de Nova York. Depois que estreou em 1997, até mesmo já bateu o recorde de bilheteria de “O Fantasma da Ópera”, em cartaz desde 1986, faturando cerca de US$ 4,8 bilhões. Ao redor do mundo, 19 versões da montagem já foram produzidas, com o público superior a 65 milhões. E agora é a vez da América Latina fazer parte dessa estatística. O Rei Leão está vindo para o Brasil e promete ser a maior produção musical já realizada no país.

 

 

Em 1996, no auge do sucesso de “O Rei Leão” no cinema, a diretora Julie Taymor foi convidada pela Disney para adaptar o longa para a Broadway. Ao apresentar suas ideias à Tom Schumacher (que estava assumindo a recém-criada divisão de teatro da companhia), a diretora disparou: “Não quero fazer um musical ao estilo Disney, em que o segredo da fantasia não pode ser revelado. Quero que a plateia veja o ator manipulando o boneco e crie sua própria fantasia.” Coincidência ou não, era exatamente isso que Schumacher procurava, um produto com o selo Disney, mas que não se parecesse com um produto da Disney. Ele não queria um musical ao estilo de “A Bela e a Fera”. Ele estava pensando além do clássico e do padrão e acertaram na escolha. O sucesso foi imediato.

 

 

É essa ousadia criativa e financeira que foi apresentada à imprensa no Teatro Abril por Julie, Schumacher e o staff da Disney Internacional e da Time For Fun no último dia 02 de outubro. Toda a equipe contou para quem estava presente como será a versão brasileira de O Rei Leão, com estreia marcada para 7 de março de 2013.

A produção contará com a participação de atores estrangeiros – de 57, 8 serão sul-africanos – pois o espetáculo possui muitas músicas no idioma zulu. Além disso, Gilberto Gil será o responsável pela tradução e adaptação das músicas de Elton John e Tim Rice. “Conheço o trabalho de Gil de longa data – trata-se de um músico de inegável valor e seu trabalho me interessa especialmente por trazer um multiculturalismo original”, comenta Julie. “Sempre recomendamos que a versão local do musical seja feita por um autor com identificação imediata com o público”, acrescenta Tom Schumacher. “Claro que há uma obrigação de a letra se adaptar com a melodia, que não pode ser alterada – mas esse desafio resulta em trabalhos belíssimo”, acrescenta.

 

 

A história é fiel à trama da famosa animação dos estúdios Disney, contando a trajetória de Simba, filho de Mufasa, grande rei da Pedra do Rei. O nascimento do jovem herdeiro, desperta a ira de Scar, irmão de Mufasa, pois ameaça suas chances de conquistar o trono. Então, Scar mata o irmão e acusa Simba de ser o culpado pela morte do pai. O rapaz se vê obrigado a fugir do reino e amadurece à distância, até o momento em que ele se vê obrigado a voltar ao seu reino e enfrentar o passado para reconquistar seu trono por direito.

“O desafio era, a partir de um filme muito popular, manter sua essência e transformá-lo em uma montagem teatral”, comenta Julie, que utilizou sua experiência morando no exterior para descobrir o caminho que deveria seguir na produção: o musical preservaria o tom africano da história, sem abusar da tecnologia, apesar da mesma ser necessária.

 

 

Portanto, ao apresentar suas ideias aos diretores da Disney, ela fez questão de manter a ideia de que todo o mecanismo de manipulação dos bonecos da montagem fosse visível para a plateia. Além disso, os protagonistas não esconderiam o rosto, mesmo carregando máscaras no alto da cabeça. “Poderia parecer algo ousado em uma produção da Disney, que sempre preservou a construção da fantasia”, comenta Schumacher. “Mas era exatamente isso que nos interessava, um produto que mantivesse a magia intacta a partir de novos caminhos”.

“Quando começamos a trabalhar em “O Rei Leão”, fiquei entusiasmado com os interesses ideográficos de Julie, que ajudam a descobrir a essência do personagem.”, diz Tom, que se refere ao predomínio da ideia de um ciclo, presente em todo o musical: desde o grande sol que invade o palco na primeira cena, até a canção principal, Círculo da Vida, passando pelos traços das máscaras dos personagens. “É uma excelente representação de como funcionam as gerações, desde o nascimento de novos membros até a morte dos mais velhos que, por sua vez, são novamente substituídos.”

 

 

Julie assumiu a criação dos figurinos, das máscaras e dos objetos manipuláveis, já que é rara a oportunidade de correr tantos riscos em uma produção comercial desse porte sem que nenhum dos lados saia perdendo. Portanto, para cada personagem, a diretora desenvolveu traços e linhas pessoas, que o identificassem diante do público. “Era para ser África e Disney, sem que nenhum saísse perdendo.”

Julie manteve-se fiel à tradição cultural africana ao criar tais acessórios para os atores. As estampas e as cores dos figurinos são inspiradas em peças originais, como as formas criadas em cada uma das máscaras seguem a tradição africana. “A interconexão de culturas acontece quando o público assiste ao musical e o abraça com carinho”, defende Schumacher.

 

 

Essa conexão entre o público e a história só é exaltada ainda mais através da música, que possibilita o surgimento de um momento praticamente ecumênico entre a plateia e a história de “O Rei Leão”. Schumacher confessa que se surpreendeu com as letras criadas por Tim Rice, que também foi compositor de clássicos como “Aladdin”. “Tim elaborou canções surpreendentemente espirituais, o que é reforçado pelo constante uso do som africano no musical.”

Há 22 anos sendo responsável pelas montagens teatrais da Disney, Tom Schumacher não se mostra surpreso com o sucesso de “O Rei Leão”. Pelo contrário, enquanto garante a qualidade da montagem brasileira do musical, ele já planeja trazer ao país nos próximos anos a montagem de “A Pequena Sereia” que, apesar de não ter feito grande sucesso na Broadway, é um clássico de grande sucesso do estúdio. “Ainda não foi um sucesso, mas insisto com o projeto, até descobrir sua fórmula certa”, conclui ele.

 

Escrito por Felipe Andrade

Estudante de Administração, nerd, cinéfilo, colecionador e uma eterna criança. Não exatamente nessa ordem...