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A Outra Ponta do Lápis | Marc Davis

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O clássico “Cinderela” ganhou uma nova roupagem Disney depois de sessenta e cinco anos do lançamento de sua versão animada. E para celebrar a data, apresento a vocês um dos mais completos artistas que já trabalhou para os estúdios Disney: Marc Davis.

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“Um animador é basicamente um ator. Mas ao invés de ter seu rosto na frente de uma câmera, você tem um personagem. O meio é o desenho, a pintura, a música, a atuação, a dança. São todas as artes combinadas em uma única performance.”

Marc Davis

Marc Fraser Davis nasceu no dia 30 de Março de 1913, na Califórnia. Sua família estava no ramo do petróleo e, por isso, Marc morou em diversos lugares dos Estados Unidos, estudando em mais de vinte escolas diferentes enquanto crescia. Quando terminou o ensino médio, Marc estudou no Kansas City Art Institute, em seguida cursou a California School of Fine Arts e, por fim, o Otis Art Institute.

Durante a sua época como estudante, ele passava horas e horas desenhando animais no zoológico. Seu domínio nessa área pode ser visto nos esboços iniciais de Bambi, um dos melhores trabalhos de estudo de personagem já feito pelos estúdios.

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Marc entrou nos estúdios Disney durante a produção de “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), mais precisamente no dia 2 de Dezembro de 1935, como animador aprendiz. Na época, Walt Disney estava contratando o maior número possível de artistas para treinar e realizar seu primeiro longa. Sendo assim, Davis fez parte do grupo de primeiros animadores dos estúdios, os chamados “The Nine Old Men”.

Em seu blog Deja View, Andreas Deja conta que, em 1934, o estúdio tentou representar a figura humana feminina com realismo nos curtas “The Flying Mouse” (1934) e “The Goddess of Spring” (1934), mas o resultado não havia agradado Walt.

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Quando Branca de Neve entrou em produção, Walt contratou atores e atrizes para servirem como referência para sua animação. Essa prática se repetiu nas produções seguintes. E somente artistas excelentes foram chamados para finalizar os desenhos. Observem os traços delicados de Davis sobre os esboços do animador Grim Natwick.

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“Quando Marc cria um personagem ele sempre começa já fazendo ótimos desenhos, enquanto eu enfrento vários desenhos ruins antes de conseguir algo que goste.”

Milt Kahl

Já repararam como é difícil reproduzir exatamente as princesas Disney clássicas? Seus traços eram precisos e seus designs muito bem estudados. Elas flutuam entre o real e o cartoon lindamente.

Entre os personagens mais conhecidos de Davis estão: Branca de Neve (“Branca de Neve e os Sete Anões“, 1937); Bambi e Tambor (“Bambi“, 1942); Cinderela (“Cinderela“, 1950); Alice (“Alice no País das Maravilhas“, 1951); Aurora e Malévola (“A Bela Adormecida“, 1959); Sininho (“Peter Pan“, 1959); e Cruela de Vil (“101 Dálmatas“, 1961).

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“Cada uma de minhas personagens femininas são únicas em seu estilo. Amo todas elas de diferentes maneiras.”

Marc Davis

Marc foi escolhido para a coluna deste mês porque animou a cena mais encantadora de “Cinderela”: a transformação do vestido. Essa sequência é também o momento favorito, dentre todos os filmes, do próprio Walt Disney.

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Marc Davis era um artista tão completo, que Walt Disney o chamava de “Homem da Renascença”. Ele realmente sabia fazer um pouco de tudo. Colaborou com roteiros, criou o design de vários personagens, animou e pintou cenários.

Posteriormente foi transferido para o departamento, hoje chamado Imagineering, responsável por criar as atrações da futura Disneyland. Entre elas: “The Jungle Cruise” (1955), “The Carousel of Progress” (1964), “It’s a Small World” (1964), “Pirates of the Caribbean (1967) – isso mesmo, o filme foi baseado no brinquedo -, e “The Haunted Mansion” (1969).

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“Eu trabalhava como um homem de ideias e amava criar personagens, sendo eles para uma animação ou qualquer outra mídia.”

Marc Davis

É interessante apontar que, durante a criação dessas atrações, sua esposa teve um papel muito importante. Seu nome era Alice Estes Davis e ela conseguiu se destacar em uma época na qual as mulheres eram pouco reconhecidas e animar não era considerado uma real arte. Alice era fashion designer e criou os figurinos usados em “Pirates of the Caribbean” e “It’s a Small World”.

Mark se aposentou em 1978, após trabalhar quarenta e três anos nos estúdios. Ele e sua esposa continuaram criando figurinos e auxiliando na produção de outros parque, como o Tokyo Disneyland. Em 1989, recebeu o título “Living legend” dos estúdios Disney, a maior honra oferecida aos artistas da empresa. Sua esposa também foi honrada com o título em 2004. Ele faleceu dia 12 de Janeiro de 2000. No mesmo mês, uma bolsa de estudos foi criada em seu nome na famosa CalArts (California Institute of the Arts).

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Gostaram de saber quem animou suas princesas favoritas e querem ver mais? Na internet, há diversos blogs com o trabalho do animador. Mas se gostam de ter tudo no papel, procurem por “Marc Davis: Walt Disney’s Renaissance Man”, publicado em 2014 pela Disney Editions Deluxe.

Por último, separei alguns vídeos interessantes para os apaixonados por animação!

Marc Davis fala sobre Malévola:

Marc Davis fala sobre Bambi:

Modelo de referência da Aurora, de “A Bela Adormecida“:

Animação de Philip e Aurora:

Animação de Cruela:

Disney Family Album – Marc Davis:

https://youtu.be/PM0H2eHFGHc

Já conhecia o trabalho de Marc Davis? Qual sua princesa favorita do animador? Branca de Neve, Cinderela ou Aurora? Escreva aqui nos comentários.

Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.