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A Outra Ponta do Lápis | Glen Keane

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Os filmes e personagens da Disney são famosos há anos e no mundo inteiro, mas poucos conhecem os responsáveis por tornar as idéias no papel em personagens quase vivos. A coluna A Outra Ponta do Lápis foi criada para apresentar a você, seja fã ou aspirante da área, aqueles que transformam sonhos em realidade.

Como criança dos anos 90 que fui (…sou?), tive a sorte de nascer em uma época na qual a Disney lançava futuros clássicos todos os anos. A lista de pessoas a quem devo um “Obrigada, você fez minha infância mágica!” é grande. Foi difícil decidir por quem começar. No fim, escolhi o animador que, com seu lápis, deu humanidade a uma fera:

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“Eu adoro personagens que têm esse forte desejo interior. Esse sentimento de acreditar que o impossível é possível.”

Glen Keane

Glen Keane nasceu em 23 de Abril de 1954, na cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos. Começou cedo a se interessar por arte enquanto assistia ao pai cartunista, Bil Keane, desenhar. Após terminar o ensino médio, recusou uma bolsa para jogar futebol americano e se inscreveu na CalArts – California Institute of the Arts (se você achar esse nome familiar, não fique surpreso, a maioria dos profissionais dos estúdios Disney cursaram essa instituição, entre eles John Lasseter, Tim Burton e Brad Bird).

Curiosamente, Keane se inscreveu no programa de pintura, ele queria ser artista plástico. No entanto, sua inscrição foi acidentalmente enviada para o departamento de animação, na época, Film Graphics. A faculdade vetou que ele trocasse de curso, então, lá ficou.

A paixão de Glen por pintura o ajudou tremendamente na animação, já que a primeira habilidade que uma animador deve ter é saber desenhar. Não desenhar simplesmente, mas realmente conhecer anatomia e como dar a ilusão de peso. Um bom exemplo do uso de seu conhecimento é a cena da transformação final da Fera, em “A Bela e a Fera“. Keane estudou Rodin por dias enquanto animava.

Transformação da Fera:

Durante o curso, Keane se apaixonou por animação e suas possibilidades. Foi orientado por animadores clássicos como Frank Thomas e Ollie Johnson (ambos membros do grupo de animadores iniciais da Disney chamado “The Nine Old Men”. Em 1974, ele se formou e começou a trabalhar para os estúdios Disney.

Seu primeiro trabalho foi em “Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus”. Nos anos seguintes Keane trabalhou em outros longas como “O Cão e a Raposa”, “As Peripécias do Ratinho Detetive”, “Meu Amigo, o Dragão”, “Oliver e sua Turma” e “Planeta do Tesouro”. Mas foi na época chamada Renascença Disney em que Keane se destacou. Você deve conhecê-lo melhor por ter animado Ariel (“A Pequena Sereia“), Fera (“A Bela e a Fera“), Aladdin (“Aladdin“), Pocahontas (“Pocahontas“), Tarzan (“Tarzan“) e, mais recentemente, Rapunzel (“Enrolados“).

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Mas o que faz um animador afinal?

“Se for cometer um erro, não cometa nos olhos. Porque todos prestam atenção neles.”

Glen Keane

Bem, antes de computadores auxiliarem a produção de animações, elas precisavam ser desenhadas à mão do início ao fim. Isso significa que, para que o personagem pudesse se mexer, era necessário desenhá-lo em cada pose. Como a frequência para se projetar um filme no cinema é de vinte e quatro quadros por segundo, eram necessários vinte e quatro desenhos no total para cada segundo de animação visto em tela.

Não há um profissional da área que não conheça o nome Glen Keane. Ele é A referência para animadores iniciantes. O que o destaca é sua paixão por seus personagens. Durante a produção das animações, Keane os compreende e assim consegue atuar melhor. Sim, atuar. Animadores são atores que utiliza lápis e papel ao invés do corpo. Cada ação deve ser pensada, planejada e muito bem executada.

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“Eu desenho coisas que conheço, que são reais para mim. Quando desenhava Ariel, eu estava na verdade desenhando alguém que já conhecia. Eu pensava em minha esposa. Ela morde os lábios o tempo todo.”

Glen Keane

Keane sempre alega se inspirar no dia-a-dia para animar. Na realidade, se você já assistiu “A Pequena Sereia”, “A Bela e a Fera”, “Tarzan” e “Enrolados”, você já conhece a família inteira do animador.

Sua inspiração para Ariel foi sua esposa, Linda Keane; a Fera animou pensando em si mesmo; utilizou os movimentos do filho Max Keane, sobre skates, para criar os movimentos de Tarzan deslizando sobre árvores; e Rapunzel é ninguém menos que sua filha Claire Keane (responsável pela arte vista nas paredes do quarto de Rapunzel).

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O último trabalho de Keane para os estúdios Disney foi “Enrolados”, animando Rapunzel. O animador iniciou o projeto como diretor, sendo afastado posteriormente por problemas de saúde. Ele teve como foco trazer algo de novo para o filme, queria que o filme nos fizesse sentir como se estivéssemos assistindo a um clássico em animação tradicional. E conseguiu. Os movimentos de Rapunzel foram planejados e testados em animação tradicional (se tiver a chance, adquira o livro The Art of Tangled, é recheado de esboços e estudos de Glen, lindíssimo).

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O animador saiu do estúdios Disney em 2012. Há rumores de que seu afastamento da direção e saída da empresa tenha sido causada pelas alterações no longa, inicialmente planejado para ser realizado em animação tradicional. No entanto, oficialmente sua carta diz:

“Queridos colegas e amigos do Walt Disney Animation Studios, após pensar e considerar por um longo tempo eu decidi deixar a Disney Animation. Estou convencido de que animação é realmente a melhor forma de arte do nosso tempo, com infinitos novos territórios para explorar. Não consigo resistir ao chamado de sair e descobri-los (…)”

No ano passado, 2014, os fãs de Keane ganharam um presente. O Google e a Motorola lançaram “Duet”, o primeiro curta de três do projeto “Spotlight Stories”. Feito em animação tradicional (Eba!) e finalizado com a ajuda de computação gráfica. Glen sempre gostou de misturar as duas formas para que se complementassem.

A animação conta a história de duas crianças que se conhecem ainda pequenas e como suas vidas acontecem sempre ligadas. (pode assistir, eu espero… sério, clica no “play”, você vai adorar).

“Duet”:

http://youtu.be/O9CG_PoEWCg

“Às vezes tudo o que se pode fazer é pressionar o lápis com mais força e tentar fazer com que o desenho expresse o que você está sentindo. E você espera que o público consiga sentir o mesmo quando estiver assistindo.”

Glen Keane

E o que vêm a seguir? Bem, como admiradora da Disney que sou, sempre torço para a volta de Keane aos estúdios (de preferência animando de forma tradicional) mas por enquanto não há o menor sinal de que isso vá ocorrer.

Glen Keane diz estar trabalhando em projetos pessoais mas não está em nenhum estúdio específico. Cruzo os dedos então para que seus projeto independentes deem certo e todos possamos continuar admirando seu trabalho por muito tempo.

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Online é possível encontrar uma quantidade imensa de material do animador: esboços, artes conceituais, makings ofs, animações e entrevista. Separei três dos meus vídeos favoritos. Se você gosta de desenhar, animar, ou apenas de Disney, sente-se confortavelmente e divirta-se! (não recomendado para quem não tem tempo de procrastinar).

Animando Aladdin:

Esse vídeo exemplifica uma das etapas da animação, mostrando o quão demorado e difícil é o processo.

Desenhando Ariel, Pocahontas e Fera:

Apesar dos personagens Disney, no geral, apresentarem traços em comum (como olhos grandes), esse vídeo mostra como as escolhas de design dos três personagens foram diferentes.

Desenhando Rapunzel:

Aqui Glen fala sobre Rapunzel enquanto a desenha. Podemos perceber como sua compreensão da personagem vai muito além do que simplesmente desenhar uma menina de cabelos longos. Quem quiser acompanhar Glen Keane pode curtir sua página no Facebook ou segui-lo no Twitter.

A Fera é meu personagem favorito dentre todos do universo Disney. Seu design e movimentos me deixam simplesmente encantada. E ainda por cima é complementada pela voz de Gárcia Jr. que a dublou na versão brasileira! Mas e você? Qual seu personagem favorito do animador? Escreva aqui nos comentários.

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Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.