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Galavant | 2×01 – A New Season aka Suck It Cancellation Bear & 2×02 – World’s Best Kiss

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“Ei! Você pode ter câncer por andar? Pois sinto que os meus pés estão desenvolvendo um câncer.”

Rei Richard

Um milagre! A renovação de Galavant para essa segunda temporada, com certeza, foi proveniente de uma benevolência muito grande e momentânea dos executivos da ABC. E a série está bem ciente disso, a ponto da música de abertura, “New Season“, quebrar a quarta parede diversas vezes para transformar a situação da série em motivo de piada, a exemplo da esnobada no Emmy® e do inferno congelar se conseguirem uma audiência decente.

E esse pode ser o trunfo do seriado — abraçar esse lado irônico e ácido e mergulhar de cabeça nas situações bizarras. A dupla de episódios de estreia, A New Season aka Suck It Cancellation Bear e World’s Best Kiss, aproveita muito bem a comicidade, tanto nas músicas quanto nas tramas. Outro ponto favorável foi a mudança nos núcleos, com trio principal dividido e espalhado por diferentes reinos, criando expectativas para o iminente reencontro.

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Agora, nosso herói Galavant precisa unir forças com seu antigo inimigo, Rei Richard, para voltar ao reino e salvar Isabella, aprisionada e prestes a se casar com o rei de Hortensia, seu primo de onze anos. Por lá, também estão o Chefe e sua amada Gwynne, o Bobo da Corte, o Rei e a Rainha de Valencia, sendo o único grupo sem uma história clara. E por último, Madalena e Gareth seguem com seus planos de dominação e crueldade em Valencia.

Richard, na temporada passada, se desenvolveu de forma espetacular e roubou a atenção em diversas cenas, graças à atuação certeira de Timothy Omundson; portanto, colocá-lo ao lado de Galavant é uma jogada muito interessante e também arriscada. A dinâmica entre os dois é excelente, porém, se Joshua Sasse, o qual se mostrou um ator limitado nos oito primeiros episódios, quiser manter o posto de protagonista precisará se esforçar mais para não ser ofuscado completamente por Omundson.

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Seguindo com a dupla, a excursão pela Floresta Encantada foi uma forma divertida e inusitada para os roteiristas iniciarem a temporada — e uma engraçada desculpa para tirarem a roupa de Galavant — e facilmente figura entre os momentos mais engraçados da série, como a fuga pelo banheiro feminino. A participação especial e cara de Kylie Minogue, como Rainha, foi rápida, mas a julgar pelos outros convidados, devemos voltar a vê-la no futuro, ou ao menos, o famoso Tio Keith.

De certo modo, a jornada de Galavant é apenas uma reciclagem do ano anterior, no qual ele desejava resgatar Madalena. Ao invés de Isabella e Sid, temos Richard como parceiro de viagem; e Isabella no lugar da donzela indefesa, embora ela seja uma feminista e não precise dele. E a partir dessa aventura, as demais tramas se desenrola. Isso nos leva à visita ao vidente e ao encontro de Richard com o unicórnio e a descoberta acidental da Espada do Herói, ao estilo de A Espada Era a Lei (1963).

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Quanto aos demais núcleos, não houve muita movimentação e serviram apenas como apoio. Galavant, infelizmente, sofre com o subaproveitamento dos personagens, e muitos são usados apenas para impulsionar o enredo. Chefe e Gwynne, de um lado, fazem alguns comentários irônicos, seja pelo súbito aparecimento do amuleto de Isabella ou sobre a troca de guardas, enquanto auxiliam na tentativa de fuga; do outro, Madalena e Gareth trocam farpas, resultando na mediana “Agree to Disagree“, sem acrescentar ao desenvolvimento da série.

Porém, se os roteiristas pecam pelo exagero de personagens, a dupla de compositores Alan Menken e Glenn Slater segue realizando um trabalho de altíssimo nível. As músicas continuam simpáticas e funcionam bem dentro das linhas narrativas, alternando com facilidade entre o humor e um drama leve. Inclusive a melosa “World’s Best Kiss” auxilia a trazer uma maior coesão e desenvolve a história de modo satisfatório.

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Galavant não é o tipo de programa perfeito. Não há qualquer preocupação em ser historicamente correta, tampouco há uma vontade de produzir uma comédia refinada ou de criar tramas intricadas e complicadas. Apesar dessas características, os cenários e figurinos são lindos; não vemos piadas apelativas e burras; e muito menos temos um roteiro preguiçoso. Para quem procura se desligar do mundo e aproveitar alguns minutos de diversão, essa é a escolha perfeita.

Contrariando as probabilidades, o seriado retornou com um humor mais ácido e com tramas promissoras — a guerra entre todos os reinos, prevista pela música de abertura, pode ser uma agradável surpresa. Segundas chances são raras na televisão, especialmente em se tratando da ABC, mas a comédia musical prova ser digna da confiança da emissora e continua sendo uma ótima opção de entretenimento. Agora, falta o grande público perceber isso…

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".