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Especial Walt Disney | Do Cinema para a Televisão

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O sucesso de Branca de Neve e os Sete Anões (1937) foi estrondoso! Nas primeiras dez semanas, faturou US$6,7 milhões, sendo o filme dos Estados Unidos com maior bilheteria até então. Além do dinheiro, foram fabricados 2183 produtos diferentes do filme, de copos a lenços de papel, e claro, a história da jovem e os sete anões ganhou um prêmio especial da premiação do Oscar®: a famosa estatueta com mais sete versões menores da mesma.

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Somado a tudo isso, o filme tem grande importância para a sociedade dos Estados Unidos, pois por conta da grande movimentação econômica que o filme trouxe, jornais afirmavam que o filme era o caminho para o país sair da Depressão de 29.

Com todo o alvoroço e sucesso inegável do filme, Walt e Roy conseguiram ajudar financeiramente seus pais. No caso de Walt, ele acabou se distanciando um pouco de sua família, o que deixava sua esposa Lilian nervosa. Foram tempos complicados entre conciliar família e estúdio, mas as coisas aliviaram depois que Branca de Neve deu uma acalmada e Walt pode passar mais tempo com suas amadas meninas, Lilian, Diane e Sharon.

Por sorte, Walt Disney, apesar de ser viciado em trabalho, apreciava o momento mais familiar até por isso ser uma necessidade para ele. O fato dele poder estar em casa e não ser “Walt Disney“, a figura pública, reafirmava aquilo que ele acreditava ser, um homem simples.

Porém, sua simplicidade jamais o impediu de sonhar e de fazer aquilo que almejou. Depois do lançamento de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Walt e Roy viajaram para Europa e conseguiram os direitos de “Winnie The Pooh”, “The Wind in the Willows”, “Alice no País das Maravilhas” (direitos de desenho) e “Peter Pan”.

Desse momento em diante, era a vez de focar nos próximos projetos e, aparentemente, Walt já tinha pensado nisso e seria Pinóquio (1940). Após pagarem a bagatela de mais de dois milhões de dólares da produção de seu primeiro longa-metragem, Walt Disney fez um acordo com a RKO, distribuidora de filmes, no qual disponibilizariam um milhão de dólares para as próximas duas produção de Walt.

Com o novo desafio e a pressão da imprensa e do público, Walt escreveu uma vez: “Temos que provar para o público que Branca de Neve e filmes animados não são uma novidade passageira, mas têm um lugar definido no mundo do entretenimento e estão aqui para ficar”. Apesar de seus receios em não conseguir entregar um filme tão bom quanto ao primeiro, devido à forma que os diretores estavam interpretando as observações, Walt percebeu que Branca de Neve foi a chave que ele girou sobre como administraria toda a empresa.

Para isso, era necessário que um novo espaço, um local maior, que acomodasse melhor os todos os funcionários. Assim, Walt foi em busca do que, futuramente, seria o estúdio em Burbank, na Califórnia. Para ser mais exata o terreno comprado foi onde era localizado a Academia Militar de Black Fox e, por ser um estúdio maior, Walt Disney havia decidido que tudo teria que sair perfeito, desde a cadeira do animador até o produto final, sem pressa, mas com conforto e perfeição.

Na época em que estava com o projeto do novo estúdio, Walt estava trabalhando em Bambi (1942) quando percebeu que o filme precisava de um sensibilidade, a qual o estúdio não tinha, então o filme foi adiado. Pinóquio (1940) entrou em produção no final de 1937, com previsão para ser lançado na mesma época do ano seguinte. Enquanto o estúdio continuava trabalhando nesse filme, em curtas e em Bambi (1942), Walt estava ainda mais entusiasmado em criar um filme que a princípio seria chamado O Filme do Concerto, mas que futuramente seria o famoso Fantasia (1940).

O entusiasmo se dava devido À divisão de pressões, já que, para este filme, ele tinha como colaboradores musicais os maestros Stokowski e Taylor. Além disso, ele estava com a sensação de que algo novo estava sendo criado, algo que não precisasse de história, mas que se conectavam de alguma forma. Por conta disso, também deveriam inovar a experiência no cinema e, assim, criaram o Fantasound, um sistema de reprodução do som no cinema em altos-falantes na frente, no meio do salão, a direita e nas laterais, dando a sensação de haver uma orquestra completa.

Maestro Stokowski e engenheiro Bill Garity trabalhando no Fantasound

Apesar de toda sua fascinação com Fantasia (1940), não podia ignorar que Pinóquio (1940), que mesmo com a estreia adiada para Fevereiro de 1940, os animadores corriam contra o tempo e Walt desejou que isso jamais acontecesse novamente. Por conta disso, ele mudou novamente o cronograma e depois da história do menino de madeira, seria lançado Fantasia (1940) e só então Bambi (1942) daria as caras nos cinemas.

Durante esse período, Walt ainda precisava se preocupar com a mudança para o novo estúdio. Por volta de Agosto de 1939, o estúdio de Burbank foi aberto, segundo algumas pessoas, era a utopia física de Walt Disney. O prédio refletia aquilo que ele buscava nas animações, limpo e eficiente. Tudo em sua arquitetura foi projetado para ter clima de campus universitário, como alguns repórteres diziam do antigo estúdio, e nada de monotonia, tudo foi providenciado para ser um local no qual as pessoas gostassem de ficar. Então, toda a questão interna que conhecemos da Disney começava a se firmar.

Em 7 de fevereiro de 1940, Pinóquio estreou em Nova Iorque e, apesar de ter sido adiado, os críticos perceberam que este longa tinha algo a mais. A animação estava superior à de Branca de Neve e muitos afirmaram ter o sido o melhor desenho animado que já tinham visto e, talvez, a palavra “desenho animado” não fosse suficiente para representar o que era o longa-metragem. A reação do público também foi positiva, mas acabou divergindo opiniões. Enquanto muitos teciam elogios ao filme, outros achavam o longa-metragem sombrio e perturbador e Walt culpou esse possível declínio devido à estreia de … E o Vento Levou (1940), semanas antes, e também por conta da guerra na Europa.

Esses motivos advinham de toda uma analogia que fizeram do longa anterior. Branca de Neve e os Sete Anões (1937) representava, como estudiosos da Disney dizem, como o suspiro pós-depressão de 1929, enquanto Pinóquio (1940) fazia o público relembrar da construção de responsabilidades e, principalmente, da realidade que ali se estabelecia, a reconstrução de um país pós-depressão e também a guerra da Europa. O filme foi tão impactado devido à guerra que foi apenas traduzido para Português e Espanhol, e não gerou metade de lucro gerado por Branca de Neve.

Walt Disney ficou abalado com os números, pois dentro do novo estúdio, queria que todos tivessem participação monetária, ou seja, todos os funcionários receberiam bônus caso o filme fosse um sucesso como Branca de Neve, mas aconteceu o contrário, o filme havia faturado somente dois milhões de dólares. Apesar de desolado, Walt voltou sua atenção para Bambi (1942) e pensou em levar o tempo que fosse para não repetir esse ocorrido.

Por conta do fracasso de bilheteria, os Irmãos Disney precisavam de dinheiro para a empresa e precisavam pensar em algo para seguir depois de Fantasia (1940). Como precisava de algo fácil, Walt deixou no cronograma para páscoa de 1941 o curta Mickey e o Pé de Feijão (1947) e, nesse mesmo período, se viu entusiasmado após ler a história de Dumbo e percebeu que, para produzir esse filme, não precisaria de todos os efeitos que usara em seus longas-metragens, por isso, seria um filme com um orçamento menor e, segundo o próprio Walt, “Dumbo é obviamente um desenho animado. Vou fazê-lo deliberadamente dessa forma. É do tipo que se faz assim. É uma caricatura o tempo todo.”

Diferentemente dos outros filmes, Dumbo (1941) teve realmente um orçamento baixo, foi feito com 350 mil dólares e, por ser uma história que não precisava de mudanças, os desenhos acabaram refletindo isso e os animadores confirmaram que o filme tinha essa natureza mais rápida, e o mais importante, Walt não estava buscando a perfeição, o que fez com que tudo andasse da forma mais redonda possível. No entanto, Walt precisou se virar para fazer algo que fosse rápido, divertisse as pessoas e, claro, desse dinheiro.

Com a evolução do processo de produção de Bambi (1942), Walt percebeu algo: sua equipe de animadores não precisavam ter um “Estilo Disney”, o modo com que estava acostumado a trabalhar com um determinado traço de desenho ou método de enredo, não poderia ser aceito se ele quisesse alcançar distâncias.

Nem todos os filmes precisavam de comicidade, eles poderiam ter mais sensibilidade, mais profundidade e sutileza, que foi o que Walt percebeu enquanto analisava Bambi (1942). Aquele momento foi crucial para Walt Disney perceber que seus filmes têm essência, têm um diferencial. Além disso, ele dava espaço para novos estilos de desenhos, o que resultava em novas possibilidades.

Sendo assim, Fantasia teve sua estreia em 13 de Novembro de 1940 e, em tempos de guerra, uma animação que misture sons, emoção e arte gráfica faz com que qualquer espectador suspire um pouco mais fundo e agradeça por existir algo assim, mas ao mesmo tempo, também existem aqueles que acharam o filme brutal devido ao modo que Walt representou o mal em alguns pontos. Mais uma vez, o longa de Walt Disney fez sucesso, embora tenha dividido a crítica, marcou a experiência no cinema através do Fantasound.

Apesar do filme ter dividido opiniões, Walt ficou deprimido com o resultado do filme, pois ele viu algo incrível, o qual muitos não viram. De acordo com seu irmão, Roy: “Foi como se tivesse visto mais no filme – as possibilidade – do que conseguiria extrair dele, porque Walt realmente não conquistou os artistas“. Anos depois, Walt disse: “Cometi um erro todas as vezes em que caminhei em uma direção onde, na verdade, não sentia as coisas. E eu, realmente, tentei dar uma de espertinho.”

Os desenhos de Walt Disney conquistavam o público por demonstrar a habilidade que o homem tinha em criar sua própria realidade, o que dava aos espectadores um pouco de esperança, mas naquela época, por mais atual que fosse o desenho, nada podia ignorar que tinha uma guerra se aproximando ao país.

A partir de 1941, a Disney teve todo um relacionamento com o governo dos Estados Unidos e a Segunda Guerra, assunto já abordado nesta matéria. No meio deste período, em Agosto de 1942, houve o lançamento de Bambi. Porém não foi bem-sucedido com os críticos, pois devido ao momento que estavam passando, acharam que Walt Disney havia perdido a fantasia e que estava realmente chegando perto do real, algo não desejado pelo público.

Apesar dessa indiferença com o público, Bambi (1942) conseguiu aumentar sua exibição por conta de publicidade, porque desafiava os defensores do meio ambiente e caçadores. Embora fosse uma forma apelativa, Walt enxergava isso como oportunidade, mesmo que breve.

No período pós-guerra, por volta de 1946, Walt Disney estava pronto para voltar a produzir longas-metragens completos. Sua expectativa era de fazer três filmes por ano e, na fila, já estavam Alice no País das Maravilhas (1951) e Peter Pan (1953), sem contar um conjunto de curtas que seriam inspirados pelas histórias da Hans Christian Andersen. Porém, o dinheiro se tornou um problema — a empresa estava com dificuldades financeiras — e, por sua vez, muitos animadores saíram, se demitiram ou prestaram serviço à guerra.

Durante altos e baixos dentro, em 1947, foi decidido ser necessário um novo filme para salvar o estúdio. Walt fez uma reunião com pessoas que não eram animadores e pediu para que escolhessem qual filme deveria ser produzido e escolheram Cinderela (1950). A movimentação para a produção trouxe de volta ao estúdio uma sensação boa. Walt, para não arriscar, fez o filme usando atores como referência para poder perceber se as cenas e diálogos estavam longos demais ou não. Isso ajudou, mas ao mesmo tempo, Disney sabia que Cinderela (1950) teria de ser totalmente diferente.

Não existia mais estilo Disney, e sim, o que a arte no momento demandava que era o simples, o minimalista. Os animadores ajudaram com alguns macetes de animação, os quais além de economizar tempo, economizavam dinheiro. A produção se seguiu e Walt sentiu a necessidade de se distanciar um pouco do estúdio.

Neste período, Walt, que sempre adorou trens, havia comprado um modelo para si, mas queria um real para ele, um que ele pudesse colocar em seu estúdio. Seu pedido foi uma ordem e foi instalada uma ferrovia pequena nas oficinas do estúdio, na qual ele tinha o controle de algo e aquilo deixava Walt bem contente.

Em seguida, dentro do estúdio, deu início à primeira produção de filme com atores, chamado Ilha do Tesouro (1950). Sua bilheteria e crítica foram um sucesso, faturando mais de quatro milhões de dólares e, apesar do novo rumo, Walt e Roy sabiam que esses filmes salvariam seus desenhos animados.

Na mesma época, eles infelizmente perderam, em uma queda de avião, Kay Kamen, responsável por cuidar de todo o merchandising da Disney, o qual gerava 100 milhões de dólares ao ano. A partir daí, eles colocaram o contador do estúdio para tomar conta dessa área e, apesar de altos e baixos, estavam se saindo bem.

Com Cinderela (1950) em produção, Walt não estava tão envolvido como em Branca de Neve e os Sete Anões (1937) e Dumbo (1941) devido à sua preocupação com a busca e construção da nova casa para sua família e também de seus trens, mas apesar do descontentamento de alguns animadores quanto a isso, não pareceu interferir na produção até porque esse seria o filme que deveria salvar o estúdio.

Enquanto Walt não levava tanta fé no filme, dizendo ser apenas mais um filme, os críticos e o público que assistiram quando foi lançado em Fevereiro de 1950, consideraram como o retorno do estúdio após os anos anteriores serem um fracasso. O longa-metragem foi considerado o melhor trabalho do estúdio, muitos ousaram dizer ser melhor que Branca de Neve e, assim, o filme foi reconhecido como um clássico.

Por conta das críticas positivas, veio junto o benefício que eles estavam esperando, o dinheiro. Conseguiram faturar 7,9 milhões de dólares apenas em bilheterias, sem contar o merchandising e, claro, a música da Fada Madrinha, que ficou presa na cabeça das pessoas, além de receber uma nomeação ao prêmio da Academia.

Contudo, novamente, Walt não estava satisfeito com o sucesso do filme. Foi bom por levantar o estúdio em questões financeiras, mas faltava mais. Então, enquanto cuidava da construção da sua casa, também foi atrás de criar seu império físico, um local que seria ainda mais incrível que suas animações.

Para Walt, de acordo com a biografia escrita por Neal Gabler, “sempre havia sido uma questão de controlar, de construir uma realidade melhor que a existente fora do estúdio e de demonstrar que possuía capacidade de fazer isso. Isso foi o que Walt deu à América — não a fuga, como muitos analistas imaginaram, mas o controle e o poder indireto que o acompanhavam. E isso era o que a América parecia desejar dele“.

Para recuperar o controle que achava ter perdido dentro de seu próprio estúdio, Walt Disney começou a ir atrás de seu próximo grande projeto. A princípio, ele construiria uma cidade em miniatura a qual depois seria exibida ao redor do país. Para isso, ele contratou um artista para desenhar os cenários, e mais duas pessoas para ajudá-lo para que as coisas se mexessem. No início de 1951, ele começou os estudos e a construir uma realidade simulada através de um animatrônico.

Walt batizou essa exibição de Disneyland que, segundo ele, são “jukeboxes visuais com o mecanismo de tocar os discos sendo substituído por um palco em miniatura“. Em 1952, ele levou uma de suas miniaturas — que tinha uma vovó na cadeira de balanço, tapetes pequenos, piso de madeira, lareira de pedra, toalete com pinico e cortinas de renda — para o  Festival da Vida, na Califórnia e a vitrine que tinha um pouco mais de dois metros atraiu a atenção de muitas pessoas, que acharam aquilo incrível.

E tudo isso era somente um experimento, um teste para Walt criar um parque infantil — apesar de não se saber o momento exatamente, sua filha, Diane, acreditava que a ideia veio quando Walt as levou para andar de Carrossel na Griffith Park. Nas diversas vezes em que Walt esteve em parques de diversões ou locais do gênero, ele comentava com quem estivesse junto que, se um dia criasse um parque de diversões, seria uma local com coisas para todos os membros da família fazerem e também seria muito bem limpo.

Nas palavras de Walt, “será um lugar para as pessoas sentarem e descansarem; mães e avós podem cuidar das crianças pequenas que brincam. Quero que seja muito calmo, bonito e convidativo. Várias lojas pequenas.” E claro que, em sua mente, também teria diversas seções, área festiva, brinquedos e até já estava de olho em arrumar um carrossel.

Mas estava na hora de Walt deixar esse plano de lado e focar no que estava acontecendo naquele momento. A animação em produção era Alice no País das Maravilhas (1951). Na visão de Walt, a jovem moça curiosa não tinha personalidade algumas, mas o estúdio se sentia na pressão de fazer tal filme, e em Julho de 1951, o filme teve sua estreia e arrecadou somente dois milhões de dólares para um investimento de três milhões.

Enquanto o filme estreava, Walt estava na Europa supervisionando o próximo filme com atores, Robin Hood, o Justiceiro (1952). Quando voltou em Agosto para Burbank, Walt mergulhou novamente nos planos de sua Disneyland. Mandou fazer os esboços e planos gerais do parque e, então, a terra da imaginação de Walt Disney, a terra que estava sob seu poder, começou a tomar forma.

No meio disso tudo, Peter Pan foi lançado em Fevereiro de 1953 e, apesar de conter alguns erros e a satisfação dos animadores continuar declinando, Walt, os críticos e o públicos gostaram mais da história do menino perdido do que da de Alice. Nesse ponto, os dias sombrios da Disney, segundo a mídia, ficavam pra trás e Walt buscava uma forma de inovar na animação, sem ter que elevar o custo, mesmo com o lucro do filme.

Apesar de ter percebido que essa perda de dinheiro vinha do declínio do talento de seus animadores, Walt cada vez mais tinha certeza de que sua Disneyland marcaria época, traria de volta a camaradagem que o estúdio tinha. Acreditava que seu planejamento para o parque traria todo esse espírito de volta. Disneyland representava perfeição e controle, quanto mais Walt planejava, mais entusiasmado ele ficava.

Além de querer colocar o castelo da Bela Adormecida, surgiu a ideia de irradiar para várias terra como Fantasyland, Adventureland, Frontierland e Tomorrowland. Assim foi dito que se criava a metáfora da vida de Walt. Por volta de 1953, Walt decidiu que seu parque ficaria em um terreno de 160 acres em Anaheim e, agora, tudo o que faltava era o dinheiro para tal construção.

Roy, por sua vez, acreditava no poder que o parque teria, mas precisava que o Walt compartilhasse essa ideia com a Walt Disney Productions, para ter o apoio das pessoas e a imprensa não falar que ele estava usando a empresa para benefício próprio e, então, Walt fez isso. Enquanto pensavam em maneiras de financiar todo o projeto, Walt teve a ideia de que a televisão seria a salvação. Ao contrário do que muitos pensavam, a televisão seria a aliada do cinema para o estúdio e, em 1950, Walt falou com Roy para exibir os curtas antigos no meio televisivo e isso traria patrocinadores corporativos. Dito e feito, eles combinaram um acordo com a Coca-Cola para exibir na NBC alguns desenhos no Natal de 1952 e, além de tudo ser pago pela patrocinadora, críticos consideraram um espetáculo encantador.

E mais uma vez, Walt estava certo, a televisão serviria como apoio para o cinema, seria sua aliada para divulgar os filmes. Os Irmãos Disney foram atrás de mais patrocinadores, pois agora queriam um horário exclusivo para eles e ainda, que a emissora investisse no parque que Walt não parava de planejar. Esse acordo então foi fechado com a ABC, em Abril de 1954, após muita luta atrás da emissora que concordasse com toda essa questão de dinheiro.

A partir de Maio do mesmo ano, após um acordo complexo com a emissora, Walt Disney ia construir seu parque de diversões e exibir programas que dessem impulso financeiro ao estúdio e divulgação de seus filmes. E como a maioria do efeito Disney, Walt mudou as condições de negócios do mundo do entretenimento. O programa chamado Disneyland estreou em 27 de Outubro de 1954, e era composto de uma série de trinta minutos chamada World of Tomorrow, combinando atores com animação e descrevia o passado e futuro do homem, e um programa semanal de meia hora chamado Aventuras da Vida Real, que era extraído dos filmes do estúdio sobre a natureza.

Tudo isso iria refletir tanto para divulgar seu parque quanto seus filmes e, como era de se esperar, a crítica considerou o primeiro programa um sucesso e, depois de somente vinte episódios, um jornal dos Estados Unidos já chamava os programas de “uma instituição americana – o primeiro programa de televisão de grande orçamento voltado de forma consistente e bem-sucedida para a grande família“. Nesse ponto, Walt havia conquistado quase um país inteiro, diversas telas — e não somente cinema ou televisão — e então, foi apelidado do que hoje conhecemos por Tio Walt.

Com toda essa popularidade, a ABC queria dar identidade ao programa e então pediu para que seu criador, Walt Disney, fosse o apresentador e mesmo não gostando de grandes aparições devido a diversas particularidades, ele entendia que sua aparição no programa seria o necessário para que decolasse, afinal, ele não estava vendendo somente mais um desenho animado, e sim, um nome e personalidade.

Fiquem ligados para a terceira parte desse especial na qual contaremos um pouco mais sobre a época da Disney na televisão, a inauguração da Disneyland e a triste despedida deste grande homem.

Escrito por Catarina

Colecionadora de tsum tsums, seu filme favorito da Disney varia de acordo com o humor. Apaixonada pelas trilhas sonoras da Disney e o mascote do site é o seu maior xodó gráfico.