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Especial | A História das Princesas – Parte 1

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Era uma vez, em um reino distante…” A clássica frase de abertura dos contos de fada é o convite perfeito para mergulharmos nas histórias de princesas encantadoras, bruxas, dragões, maçãs envenenadas, sereias, príncipes disfarçados, sapatos de vidro, rocas encantadas e lâmpadas mágicas.

Walt Disney, o gênio da animação, assistiu a uma versão muda de “Branca de Neve e os Sete Anões” em Fevereiro de 1917, quando tinha quinze anos e trabalhava como entregador de jornal em Kansas City. Admirado com o que viu, não foi à toa que escolheu o conto dos Irmãos Grimm para servir de inspiração para o seu primeiro longa-metragem.

https://youtu.be/TVOCDB2IufE

Branca de Neve e os Sete Anões” estreou em Dezembro de 1937 e superou todas as expectativas dos críticos e especialistas. Mais do que isso, conquistou o coração do público e lançou o padrão sobre o qual a maior parte dos filmes de animação se espelharia posteriormente: uma história forte, personagens cativantes e canções memoráveis.

A linda donzela invejada pela sua cruel madrasta foi a primeira de muitas outras princesas que seriam criadas pelo estúdio do Mickey e ajudariam a disseminar a cultura Disney. Apesar de terem sido criadas em épocas diferentes por mentes pensantes distintas, todas essas princesas de personalidade única guardam algo em comum: representam a esperança, o amor e a coragem que buscamos dentro de nós.

Em homenagem ao lançamento de “Cinderela” em 26 de Março nos cinemas, decidimos fazer um especial. Falaremos adiante dessas personagens notórias que conquistaram gerações de fãs e atualmente representam uma mina de ouro para o camundongo mais amado do mundo.

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“Se nós limparmos a casa, talvez eu possa ficar aqui. Vocês lavam a louça. Vocês tiram a poeira. Vocês limpam a lareira e eu sou a varredeira.”

Branca de Neve

Tudo começou com Branca de Neve. A primeira princesa a ganhar vida é bondosa, inocente e encantada com tudo o que acontece ao seu redor. Quando o Espelho Mágico proclama que a jovem de apenas catorze anos é a mais bela do reino, ela se refugia na cabana dos sete anões para escapar de sua madrasta, a Rainha Má e acaba ficando amiga dos sete homenzinhos que moram lá. No desfecho clássico da animação, Branca de Neve é acordada com um beijo de amor verdadeiro e parte em direção ao seu final feliz.

Com o passar dos anos, a personagem foi apontada por alguns críticos como um estereótipo de um ideal de mulher antiquado. Para começar, há que se fazer uma análise a partir do contexto em que o filme foi produzido. Nos anos trinta, era comum que algumas mulheres fossem prendadas donas de casa, de modo que não seria esquisito que a Branca de Neve de Disney (para a época) fosse sagaz com os afazeres domésticos.

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Além do mais, isso não tira a sua coragem, nem a sua proatividade de oferecer seu trabalho para os anões em troca de abrigo e proteção. A personagem não estava sendo apenas socorrida, ela estava ajudando e cuidando dos seus amigos. É claro que para os padrões atuais, alguns valores podem parecer ultrapassados. Mas afinal, trata-se de um conto de fadas com valores de amizade e solidariedade tão fortes, que podemos escolher sob qual ótica queremos enxergá-lo. Prefiro sempre a metade cheia do copo.

Branca de Neve já se tornou um ícone no imaginário coletivo. Basta ver quantas adaptações genéricas utilizam o clássico vestido de duas cores e o cabelo curto com um laço. Além disso, ela é a única princesa que possui uma estrela na Calçada da Fama. Entre as suas canções estão “I’m Wishing”, “With a Smile and a Song”, “Whistle While you Work” e a mais famosa: “Someday my Prince Will Come.”

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Em inglês, sua voz foi feita por Adriana Caselotti. Caselotti ajudou a moldar a personalidade inocente da princesa, contribuindo com seus agudos durante as canções. No Brasil, a princesa teve duas dubladoras. Dalva de Oliveira, famosa cantora e atriz de rádio nos anos 30, fez a dublagem original de 1937. Essa dublagem se perdeu e a voz conhecida por gerações, a partir dos anos 60, é a da rádioatriz Maria Alice Barreto, que também fez a voz da Princesa Aurora e da Prenda, de “101 Dálmatas“. Cybele Freire, do Quarteto em Cy, contribuiu com as canções.

Atualmente, a Disney resolveu adaptar novamente a personagem. Dessa vez, para a série de TV “Once Upon a Time“. No seriado, Branca é vivida por Ginnifer Goodwin e se aproxima mais das princesas contemporâneas.

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“Ninguém me impedirá de sonhar. Meu sonho é lindo e pode se realizar.”

Cinderela

No final dos anos 40, os estúdios Disney estavam arrasados por uma crise. Durante a Segunda Guerra Mundial, o mercado europeu ficou praticamente fechado, e os filmes que Walt e seu time produziram deram pouco retorno financeiro. Nesse contexto, Disney decidiu se voltar mais uma vez para um conto de fadas. Foi “Cinderela” que salvou o estúdio e permitiu que Walt se aventurasse por novos mundos como a televisão, filmes com atores e até a construção da própria Disneyland.

A personagem-título já apresenta uma estrutura psicológica mais trabalhada do que Branca de Neve. Seu objetivo é ir ao baile e se divertir, de modo que o príncipe que aparece em seu caminho é um bônus. Ao contrário de sua antecessora, que cantava “um dia meu príncipe vai chegar”, Cinderela sonhava apenas com uma vida melhor. Esforçada e otimista, a personagem é uma das mais populares entre as princesas, mesmo 65 anos após o lançamento de seu filme.

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Representante de um ideal de vida positivo e maduro, ela engana a quem faz uma análise superficial de considerá-la passiva. Na verdade, além de um objetivo mais claro, seu humor ácido e brincalhão também é considerado um avanço. Esse humor é demonstrado quando dá um peteleco no passarinho que a acordou, chama o gato Lúcifer de Alteza de forma irônica e até mesmo zomba da voz de sua meia-irmã, Drizella.

Suas principais canções são “A Dream is a Wish Your Heart Makes” e “So This is Love”. Ilene Woods, a voz original de Cinderela, com seu tom suave e aveludado, deu forma perfeita à personalidade da princesa. No Brasil, sua voz ficou por conta da rádioatriz Simone de Morais.

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Cinderela ganhou duas sequências diretamente em vídeo. “Cinderela 2: Os Sonhos se Realizam” (2002) e “Cinderela 3: Uma Volta no Tempo” (2007) fizeram um sucesso moderado, apesar de deverem bastante ao clássico original. A voz atual de Cinderela nos Estados Unidos é de Jennifer Hale e no Brasil de Fernanda Baronne.

Uma das mais amadas personagens da Disney em breve estará de volta na tela grande. Lily James vai viver a princesa que perde o sapato de cristal no filme que estreia dia 26 de Março e promete emocionar adultos e crianças.

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“Encontrei alguém. Um príncipe. Ele é alto, é simpático, e tão romântico. Passeamos juntos e conversamos…”

Aurora

Nove anos depois de Cinderela, a terceira princesa de Walt Disney chegou ao cinema: Aurora de “A Bela Adormecida” (1959). Conforme foi dito anteriormente, o sucesso de Cinderela impulsionou Walt por novos caminhos. O visionário sonhador estava determinado em construir a Disneyland, na Califórnia, além de expandir seu programa de TV e a produção de filmes live-action.

Sendo assim, a atenção voltada para o filme ficou em segundo plano. O filme levou seis anos para ficar pronto e custou seis milhões de dólares. Amado por fãs ao redor mundo, o grande atrativo neste clássico são os maravilhosos cenários de Eyvind Earle e a trilha sonora inspirada no balé de Tchaikovsky, que serviu de inspiração para as canções “I Wonder” e “Once Upon a Dream”.

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A princesa aparece em somente dezoito minutos do filme. Quem de fato rouba a cena é Malévola, uma das vilãs mais diabólicas e amadas da Disney. Aurora é charmosa, elegante, positiva e personifica a imagem de princesa do imaginário coletivo. Apesar da grande beleza física (talvez a princesa mais bonita de todas) e da bela voz de ópera (graças à incrível Mary Costa que deu voz à princesa), Aurora poderia ter sido mais bem explorada em seu próprio filme.

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O animado, no entanto, é um dos favoritos do Estúdio e conta com cenas eletrizantes como o momento em que Aurora é hipnotizada para espetar o dedo no fuso da roca e a batalha do Príncipe Felipe com Malévola, transformada em um enorme dragão. No Brasil, quem fez a voz da Bela Adormecida foi Maria Alice Barreto, que também dublou a Branca de Neve. As canções ficaram por conta de Norma Maria.

Ano passado a Disney lançou o filme “Malévola“, com Angelina Jolie. A história é contada do ponto de vista da vilã (ou seria heroína?) e traz Elle Fanning como Aurora. Elle fez uma Aurora mais fofa e inocente do que a versão animada. Ambas no entanto possuem a nobreza interior em comum.

Princesas clássicas no “Dream Along with Mickey“, do Magic Kingdom:

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Na segunda parte do especial, vamos falar das Princesas da Renascença. Após um intervalo de trinta anos de distância dos contos de fada, a Bela Adormecida, enfim, despertou.

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Escrito por Humberto Lima

Disney Lover desde quando pode se lembrar. Já sonhou em nadar no fundo do mar, explorar um castelo encantado, viajar de tapete mágico e pintar com todas as cores do vento. Entusiasta das dublagens, do cinema Hollywoodiano e das grandes animações, sejam elas antigas ou não.