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Entrevista com os produtores de OS MUPPETS

 

David Hoberman e Todd Lieberman seguiram a indicação ao Oscar® de melhor filme, pela produção de “O Vencedor”, com uma ressurreição da amada franquia dos Muppets para a Disney, transformando se na maior dupla eclética de sucesso no negócio. Vindo de Detroit, Hoberman, 59, virou um executivo da Disney nos anos 80, sob Jeffrey Katzenberg, acabou se tornando presidente da Walt Disney Motion Picture Group, durante o início da dos anos 90, a era de “O Pai da Noiva”, “Mudança de Hábito” e “O Clube da Felicidade e Sorte”. Deixando o estúdio em 1994, Hoberman fundou a Mandeville Films e contratou Lieberman, um nativo de Cleveland muito mais jovem, agora com 38, em 1999, pouco antes de partirem para a Hyde Park Entertainment. Juntos, reformularam a Mandeville em 2002, a dupla tornou-se parceira da Disney e fez projetos de orçamento modesto desde então – “Resgate abaixo de Zero (2006), “Soltando os Cachorros” (2006), “Perdido pra Cachorro” (2008), “A Proposta” (2009) e “Substitutos” (2009). (A bem-sucedida incursão na TV, “Monk”, teve oito temporadas na rede USA). Com “Os Muppets”, Lieberman e Hoberman possuem mais de US $ 1,2 bilhão em todo o mundo sob o nome Mandeville, com mais potenciais sucessos em trabalho, incluindo as adaptações das atrações do Parque da Disney, “Jungle Cruise” e “Swiss Family Robinson”, e uma versão cinematográfica da popular série do Disney Channel, “Phineas & Ferb”. A dupla conversou com o The Hollywood Reporter sobre como suas raízes influenciaram os seus gostos, o porquê de eles gostarem do diagrama de Venn e como filmar no México quase matou um deles.

 

David Hoberman e Todd Lieberman

 

The Hollywood Reporter: David, você já viu o interior da Disney, com sua saída e retorno, durante 25 anos. O que o torna um lugar interessante para fazer filmes agora, em contraste com vinte anos atrás?

David Hoberman: Como um executivo [em 1985], estávamos um estúdio extremamente proativo. E quando comecei a tomar mais controle, no final, percebi que a gestão não proativa também é uma forma de gestão – quando você realmente deixa os cineastas fazerem o que fazem. E acho que nós tivemos muita sorte nos últimos anos, a Disney tem confiado em nós. Nós não fazemos filmes caros, e eles nos deixam fazer os filmes ao nosso modo e com todo o apoio que podemos pedir deles, mas eles realmente não se intrometem em nosso processo tanto quanto nos ajudam quando precisamos.

Todd Lieberman: Sim, nós vemos mais como uma parceria, porque, felizmente, temos muito boas relações com todos os executivos. Há uma comunicação constante, estamos sempre negociando informações. Não é como mostrar algo ao estúdio e, em seguida, eles dizem se farão ou não. É realmente o tipo de mentalidade vamos decidir juntos. Por isso, é um ótimo lugar para trabalhar.

THR: Como descrever a relação de trabalho de vocês?

Lieberman: David e eu trabalhamos juntos por treze anos, definitivamente essa relação evoluiu. Quando comecei com ele, era mais jovem e, definitivamente, um executivo mais inexperiente que não tinha trabalhado no sistema de estúdio antes. Então, estava muito feliz de trabalhar junto a alguém com tanta experiência no negócio. Aprendi uma quantidade extraordinária apenas por observá-lo e por ser uma parte de seu processo de trabalho. Venho do mundo de financiamento independente. David tem habilidades de desenvolvimento realmente incríveis e eu estava fora de tudo isso. E como nossa relação se transformou em uma parceria, ela cresceu organicamente, amadureci e fiquei mais confiante em minhas próprias habilidades. Nós estamos trabalhando juntos há tanto tempo, estamos quase como um diagrama de Venn, onde nossas ideias estão meio misturadas, e geralmente, elas se sobrepõem e talvez haja uma parte onde as minhas se estendem e uma parte, do outro lado, onde as deles estendem.

Hoberman: Nós passamos pelas dores do crescimento como em qualquer relacionamento. Acredito que a culpa é mais minha do que do Todd, porque sempre trabalhei tanto para alguém ou as pessoas trabalharam para mim. Então, para mim foi um ajuste. Lembro que eu disse, “Eu quero você como um parceiro.” Mas levei um tempo para aceitar e abraçar isso.

Lieberman: Em certo sentido, é como um casamento. Vejo mais David do que minha própria esposa. Há altos e baixos em qualquer relacionamento, e com uma parceria é a mesma coisa. Mas o que descobri é que ambos estamos bem, como homens, falando sobre as emoções e desabafando. Nossas habilidades de comunicação são muito transparentes, por isso, quando há algo acontecendo, nós não escondemos.

 

David Hoberman, Jason Segel, Todd Lieberman e James Bobin na estreia mundial de “Os Muppets”

 

THR: Qual foi o filme mais difícil de ser feito, e por quê?

Hoberman: “Os Substitutos”. Foi um filme difícil, tinha um monte de efeitos visuais. Nós entregamos o roteiro na noite anterior a greve dos roteiristas. E quando a greve acabou, começamos a pré-produção e estávamos prontos para seguir, e ainda assim nós realmente não estávamos preparados porque, geralmente, é um processo contínuo, sem fim. E quando iniciamos, percebemos que precisávamos trabalhar bastante no roteiro.

Lieberman: Para mim, foi “Perdido para Cachorro”, pois quase morri no México. Foi absolutamente horrível. Perdi dezessete quilos, fui ao hospital três vezes e vomitava uma vez por semana. Foi apenas absolutamente desastroso para mim.

THR: Qual foi a mais gratificante de forma inesperada?

Hoberman: Teria que dizer “O Vencedor”.

Lieberman: Sim. Eu diria “O Vencedor”, também. Porque veio de uma pequena história que ouvimos e se transformou em algo que foi bem além do que nós jamais teríamos esperado que pudesse ter sido.

Hoberman: Muitas pessoas o queriam quando o vendemos. Mas ninguém o queria quando estávamos planejando-o.

Lieberman: “O Vencedor” foi extremamente difícil de fazer. Foi provavelmente o mais difícil de obter o sinal verde. Mas, então, uma vez que temos que conseguimos, foi uma experiência incrível.

Hoberman: Em termos de gratificação, tenho de colocar “Os Muppets” lá em cima. Porque nós desenvolvemos, fizemos e pensamos que fizemos um bom filme. Nunca pensei que “Os Muppets seria um dos filmes mais comentados do ano.

Lieberman: Não sabia a quantidade de pressão que estava sobre este filme, por causa de todas as pessoas que amam a marca e o que poderia ter dado errado com ele, até depois de termos feito. E, finalmente, quando as opiniões saíram, disse a mim mesmo: “Uau, o que teria acontecido se não fosse bem-recebido?” Em retrospecto, agradeço a Deus por ter sido.

 

Todd Lieberman e David Hoberman durante a produção de “Os Muppets”

 

THR: Como vocês foram capazes de se sentirem à vontade de colocá-lo nas mãos dos roteiristas Jason Segel e Nicholas Stoller? Como sabiam que podiam confiar neles com isso?

Lieberman: Bem, eles são incrivelmente talentosos. Todo mundo sabia o campo que estava pisando, e todo mundo foi e continua a ser grandes fãs dos Muppets. Portanto, não era alguém tentando reinventar os Muppets. Nós só queríamos honra-los e fazer uma homenagem a eles. Todos nós queríamos o mesmo objetivo, por isso nunca pensamos que Segel ou Stoller ou [diretor James] Bobin ou alguém ia levar isso para o território proibido para menores de dezoito anos, mesmo por serem conhecidos por isso. Nunca houve essas discussões.

THR: Depois de ser nomeado para melhor filme por um filme como “O Vencedor”, não altera a vontade ou torna menos provável fazer um novo “Perdido para Cachorro”?

Lieberman: Meu gosto foi e sempre será variado. Amo filmes descaradamente comercial, amo comédias, dramas, amo hardcore. Quando estava na Summit, estava envolvido em filmes como “Amnésia”, “American Pie” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”. Sempre fui assim, e nossa empresa é um reflexo disso. Assim, para cada “Os Muppets” ou “Phineas & Ferb”, que possam ser considerados flagrantemente comerciais, nós queremos fazer o nosso melhor para torná-los comerciais. Contudo, também gosto de fazer filmes como “O Vencedor” e outras coisas que estamos desenvolvendo agora, que são mais difíceis, mais corajosos, mais sujos.

Hoberman: Venho da Disney. Eles não eram conhecidos por fazer dramas e estrelados por veículos, e fui criado assim, no sistema de estúdio. Então, quando me tornei um produtor, eu tinha um desejo real de querer fazer alguns dramas, mas a minha reputação não o permitia. Contratei pessoas de Nova York, tentei de todas as maneiras para fazer um como “O Vencedor”. Portanto, não é por falta de querer. “O Vencedor” só intensificou o nosso desejo e vontade para tentar trazer mais alguns nesse estilo e queremos que as pessoas saibam podemos fazê-los bem e queremos fazê-los.

Lieberman: Exatamente. Nosso gosto se reflete nisso. Agora as pessoas podem ver que nós podemos fazer isso.

 

David Hoberman e Todd Lieberman no Globo de Ouro 2011

 

THR: Quando o estúdio os coloca em “Jungle Cruise” ou “Swiss Family Robinson”, que são baseados em atrações icônicas, obviamente, as expectativas são enormes, especialmente após “Piratas do Caribe”. Como vocês se sentem com a pressão?

Hoberman: Tenho uma atitude, que eu desenvolvi como um executivo, que é realmente não pensar sobre isso. E digo isso honestamente. Nós não fizemos com “Os Muppets”, era uma responsabilidade enorme tentando reiniciar essa turma. Tudo o que podemos fazer como produtores é tentar fazer o melhor possível. Se ficarmos com medo, nervosos, ou se estamos muito cientes do resultado, seremos influenciados, e acredito que não faremos o melhor filme possível. Costumava-me sentir desse jeito ao fazer diversos filmes, se olhasse para o quanto de dinheiro havia gastado – que Jeffrey Katzenberg apontou-me uma vez -, eu tinha um ataque.

THR: Vocês estão fazendo “21 and Over”, a estreia na direção dos roteiristas de “Se Beber, Não Case”, Jon Lucas e Scott Moore, assim podemos assumir que terá algum material obsceno nele. Existe alguma coisa em particular que podemos esperar?

Hoberman: Podem esperar por uma grande cena de vômito.

 

Hoberman e Lieberman produzem a adaptação cinematográfica da série “Phineas e Ferb”

 

THR: O que está acontecendo com “Phineas & Ferb” agora?

Lieberman: É uma grande prioridade para todos na Disney, e nós amamos o show. Então, acredito que é o nosso próximo projeto.

Hoberman: Michael Arndt acabou de fazer o seu rascunho.

Lieberman: A ideia é levar os personagens de animação e colocá-los no mundo live-action, tipo como Robert Zemeckis fez com “Roger Rabbit”. Um mundo que nunca abordamos é a animação, de modo que será uma oportunidade de aprendizagem emocionante.

THR: A educação interiorana interferiu no gosto cinematográfico de vocês?

Lieberman: Cem por cento, totalmente. Sinto que, quando voltar para Cleveland, me lembrarei de onde veio o meu gosto, que é muito populista. Meus pais foram bem educados, mas temos sensibilidades muito comerciais, e por isso mesmo os filmes menores ou independentes, que nós fazemos, – acredito que “O Vencedor” entra nessa categoria – são entretenimento ainda populistas, eles têm certo apelo comercial para eles.

Hoberman: Estou aqui por tanto tempo. Estou muito bem-acomodado em Los Angeles e em Hollywood. Meu estilo por fazer filmes foi realmente formado em meus anos na Disney.

 

Cena de “Os Muppets”

 

THR: E uma sequência para Muppets, está em trabalho?

Lieberman: Nós estamos discutindo a possibilidade de alguma coisa. Nós não sabemos o que é ou nada sobre isso, só começou recentemente – desde muito cedo, discutimos o potencial de algo que definitivamente irá acontecer, mas não irei dizer o que é.

THR: Se vocês fossem Muppets, quais seriam?

Hoberman: Escolheria Gonzo para Todd. Todd é o tipo de cara que está lá fora e em todas, ele é destemido e não tem medo de arriscar e fazer coisas malucas.

Lieberman: A propósito, gosto bastante de frango. Acho que David é Kermit porque você realmente não consegue um aumento com ele, ele não cede, ele é muito firme, no centro da ação.

Os Muppets” continua em cartaz em alguns dos melhores cinemas nacionais.

De férias em Los Angeles, Walter, o maior fã dos Muppets em todo mundo, e seus amigos Gary (Jason Segel) e Mary (Amy Adams) de Smalltown, nos EUA, descobrem um nefasto plano do explorador de petróleo Tex Richman (Chris Cooper) para destruir o Teatro Muppets e perfurar um poço para extrair o petróleo recentemente descoberto sob o solo onde os Muppets se apresentavam. Para montar o The Greatest Muppet Telethon Ever e arrecadar os US$ 10 milhões necessários para salvar o teatro, Walter, Mary e Gary ajudam Kermit a reunir os Muppets, que haviam tomado rumos diferentes: Fozzie agora está com uma banda tributo que se apresenta no cassino Reno, chamada Moopets, Miss Piggy é uma editora de moda extragrande da Vogue Paris, Animal está em uma clínica em Santa Barbara em tratamento para controle da raiva e Gonzo é um poderoso magnata dos encanamentos.

 

Traduzido de The Hollywood Reporter.

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".