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Descendentes | Crítica de Fã para Fã

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“Don’t you wanna be evil like me? Don’t you wanna be cruel? Don’t you wanna be nasty and brutal and cool?”

Evil Like Me

Era uma vez… Essa tão conhecida frase já nos levou a conhecer tantos lugares e pessoas diferentes. Uma princesa adormecida, um castelo com objetos encantados, sete anões adoráveis, o fundo do mar, e claro, vilões assustadores. Por anos, conhecemos apenas o lado da história dos mocinhos, e sempre nos perguntamos o que aconteceria depois do tão popular “Felizes para Sempre”.

Descendentes, novo filme original do Disney Channel, traz algumas respostas para essas e outras dúvidas. A premissa começa quando Bela e Fera se casam; criam os Estados Unidos de Auradon, dos quais se elegem Rei e Rainha; e exilam todos os vilões e capangas para a Ilha dos Perdidos. E como parte de seu final feliz, o casal teve um filho, a quem chamaram de Ben.

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Porém, eles não foram os únicos. Jafar; Cruella de Vil; Malévola; Rainha Má; Aurora e Felipe; Mulan e Li Shang; Cinderela e Encantado; Fada Madrinha; e Dunga também tiveram seus filhos. E Ben, decide que os descendentes dos vilões merecem uma chance de terem uma vida digna e os convida para frequentar, junto aos filhos dos mocinhos, a escola de Auradon, comandada pela Fada Madrinha.

Malévola, interpretada por Kristin Chenoweth, que rouba a cena todas as vezes em que aparece, percebe nesse convite a oportunidade de quebrar a barreira mágica protetora da Ilha dos Perdidos e dominar o mundo. Por isso, incumbe à sua filha Mal (Dove Cameron) e aos filhos de Cruella, Rainha Má e Jafar – Carlos (Cameron Boyce), Evie (Sofia Carson) e Jay (Booboo Stewart), respectivamente – a tarefa de roubar a varinha da Fada Madrinha.

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Como se trata de um filme voltado para o público infanto-juvenil, a questão da nossa genealogia ser importante ou não para definir quem somos é trabalhada de forma previsível. Mal é quem mais reluta em aceitar esse novo destino e permanece determinada em honrar o compromisso feito com sua mãe. No entanto, o charme de Ben começa a criar dúvidas em sua cabeça sobre o que é certo e sobre o que é errado.

O roteiro escrito por Josie McGibbon e Sara Parriott (Desperate Housewives) é competente naquilo a que se propõe e se mostra mais fiel e preocupado em manter a essência dos clássicos animados do que as readaptações feitas para o cinema. No texto, há inúmeras referências às histórias originais e aos personagens, de Cinderela (1950) até O Cão e a Raposa (1981). A parte visual também presta suas homenagens, com destaque aos vitrais da igreja, onde é possível ver Anna, Kristoff, Tiana, Quasímodo, Peter Pan e vários outros.

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Apesar disso, o roteiro busca soluções fáceis para os problemas. Faltou um pouco de coerência na escolha dos personagens. Mal troca algumas farpas com Audrey, a filha de Aurora, mas não há menção aos filhos de Gaston e Aladdin, por exemplo, para rivalizar com Ben e Jay. Se há um debate sobre o legado transmitido por nossos pais, os filhos dos vilões deveriam receber contrapesos a fim de criar uma tensão maior e também um equilíbrio.

Nesse mesmo sentido, personagens como a filha de Mulan e o filho da Cinderela acabam sem propósito dentro da trama. E a partir da metade do filme, Jay, Evie e Carlos também ficam de lado, quando a relação entre Ben e Mal (com certeza, uma piadinha das roteiristas) começa a crescer e a receber mais atenção. Talvez, fosse mais sensato cortar alguns descendentes desnecessários para dar mais destaque aos outros, em especial os filhos dos vilões.

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Kenny Ortega mostra confiança comandando um novo musical e repete o mesmo feito de quando esteve à frente da franquia High School Musical. O resultado final se sobressai em relação às outras produções do canal destinadas aos jovens. A trilha sonora é agradável, variando em estilos desde a Broadway ao rap. “Evil Like Me” e “If Only” são as melhores canções, seguidas por “Did I Mention“. Já a nova versão de “Be Our Guest” beira o desastre, ainda mais pela falta de sincronia do áudio com os lábios dos atores.

A casa do Mickey Mouse tem buscado expandir suas marcas. São séries para o público adulto, desenhos para o infantil, repaginações no cinema, e agora, Descendentes. Embora o visual dos personagens não seja o mais atrativo, a ideia por trás do filme é tão boa e interessante que, com poucos minutos, já embarcamos naquela aventura e queremos saber mais sobre os personagens das animações que tanto amamos. Apenas é preciso cuidado para não cair no exagero e estragar a poção do sucesso.

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".