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Descendentes 2 | Crítica de Fã para Fã

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“I’m the queen of this town. I call the shots, you know who I am. I don’t need to wear no fake crown. Stand up to me, you don’t stand a chance.”

What’s My Name

Há dois anos, fomos apresentados ao mundo dos Estados Unidos de Auradon, no qual habitam todos os heróis e heroínas do Universo Disney, enquanto os vilões e seus cúmplices foram banidos para a Ilha dos Perdidos, além de conhecermos os filhos de alguns desses personagens e o que acontece depois do “Felizes para Sempre” do final dos clássicos animados.

Descendentes 2 traz de volta a mesma equipe responsável pelo longa-metragem original. Kenny Ortega, da franquia High School Musical, retorna como diretor, acompanhado de Josie McGibbon e Sara Parriott (Desperate Housewives) como roteiristas. Embora ainda seja uma história interessante, o projeto peca em diversos aspectos, a começar pelo fato de ser uma mera repetição do primeiro.

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Na trama, Mal (Dove Cameron) decide voltar para a Ilha dos Perdidos, após sentir a crescente pressão para se tornar perfeita. Lá, ela acaba descobrindo que sua antiga rival, Uma (China Anne McClain), roubou seu lugar no topo, a qual se sente ofendida por não ter sido convidada pelo Rei Ben (Mitchell Hope) para frequentar a Auradon Preparatória com os demais filhos dos vilões e pretende se vingar.

A premissa em si não soa tão idêntica ao original, no entanto, a execução faz isso acontecer. Podemos observar essa característica pela trilha sonora, a exemplo de “Ways to be Wicked“, a canção de abertura, cuja letra e número musical são versões melhoradas de “Rotten to the Core“; e “Space Between“, uma música dramática relembrando cenas importantes, ao estilo de “If Only“.

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Isso fica mais evidente se analisarmos outros aspectos do roteiro: Mal continua se sentindo deslocada em Auradon, apesar de seus amigos terem se adaptado à nova vida, e mais uma vez, todo o conflito parte dessa relutância; Jay (Booboo Stewart) e Carlos (Cameron Boyce) envolvidos em um esporte; os vilões querendo a varinha mágica; uma transformação mágica no ápice; um importante evento no final…

Basicamente, a equipe criativa pegou a fórmula de Descendentes (2015), trocou alguns elementos, adicionou outros e o roteiro da sequência estava pronto. Em vez de ousarem e ampliarem de forma significativa a mitologia da franquia, as roteiristas ficaram na zona de conforto. A maior mudança foi o fato de deixarmos a Auradon Preparatória para explorarmos a Ilha dos Perdidos.

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Mesmo essa aventura pelo covil dos vilões foi feita de modo seguro e superficial. No lugar da obsessão de Chad (Jedidiah Goodacre) com a impressora 3D de Carlos, a equipe poderia ter se aprofundado no passado dos descendentes principais, mostrando a infância conturbada deles, e apresentado melhor a dinâmica do local, vista brevemente na divertida cena de “Chillin’ Like a Villain“.

Com exceção do restaurante de Úrsula, do salão de Lady Tremaine e do navio de Uma, pouquíssimas novidades foram apresentadas sobre a Ilha dos Perdidos. Nesse sentido, a série de curtas Descendentes: Mundo dos Vilões (2015-2017), totalmente descartada na cronologia oficial, realizou um trabalho melhor ao revelar mais sobre esse mundo, tanto do lado da ilha quanto da escola e seus arredores.

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Porém, há muitos pontos positivos na sequência. A ausência dos pais foi significativa no sentido de tornar seus filhos mais independentes e distanciá-los de serem meras sombras de seus ascendentes. Temos, de forma pontual e bem isolada, apenas a presença de Bela (Keegan Connor Tracy), Fera (Dan Payne) e Fada Madrinha (Melanie Paxson), pois são peças essenciais em Auradon.

Úrsula, mãe de Uma, e Lady Tremaine, avó de Dizzy (Anna Cathcart), não aparecem fisicamente e ouvimos apenas suas vozes, com Whoopi Goldberg interpretando a primeira. Aliás, as novas adições ao elenco foram muito bem-vindas. Dizzy teve bem poucas cenas, mas chamou a atenção por sua personalidade cativante e sua relação fraternal com Evie (Sofia Carson).

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Já Uma e Harry Gancho (Thomas Doherty) são os maiores destaques do elenco, roubando os holofotes dos protagonistas. China e Thomas fizeram um trabalho excepcional compondo os seus personagens. A prepotência de Uma aliada à loucura de Harry, os tornam ameaças muito mais críveis e antagonistas superiores aos do primeiro filme. Mas o filho de Gaston, Gil (Dylan Playfair), é desnecessário dentro da narrativa.

Também é válido apontar que, assim como os descendentes se distanciaram dos pais, o roteiro da continuação se tornou mais independente dos clássicos animados, trazendo um número bem menor de referências, mas, novamente, os vitrais com personagens populares estão presentes. Há, porém, uma grande quantidade de menções ao primeiro filme, como o diálogo de Evie e Doug (Zachary Gibson) sobre Chad.

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Outro ponto positivo, como já esperada, é a trilha sonora e os números musicais. As músicas são envolventes e contagiantes, enquanto as coreografias são visualmente bonitas, em especial as cenas “What’s My Name” e “It’s Goin’ Down“, com a última sendo uma impressionante – dentro do contexto da franquia – batalha de espadas a bordo do navio de Uma.

Em muitos aspectos, a nova aventura se sobressai em relação ao primeiro filme, mas, em outros, é um produtor inferior. Assim, em meios a erros e acertos, Descendentes 2 se apresenta como uma história interessante sobre ser fiel a quem você é. Entretanto, com tantos locais e personagens a serem desenvolvidos, talvez fosse mais interessante o Disney Channel produzir um seriado, em vez de um terceiro longa.

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".