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Os Defensores | Crítica da Primeira Temporada

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Em meados de Agosto, estreou Os Defensores na Netflix, uma série que une os protagonistas de Demolidor (2015-hoje), Jessica Jones (2015-hoje), Luke Cage (2016-hoje) e Punho de Ferro (2017-hoje) e finaliza o grande arco iniciado com a primeira temporada de Matthew Murdock. Se você é fã dos quatro, provavelmente já leu várias críticas online ou até mesmo terminou de assistir ao seriado, e sabe que a união dos quatro heróis não agradou a todos.

Desde a estreia da primeira temporada de Demolidor, em 2015, nossas expectativas foram jogadas no alto com seu bom desempenho, e qualquer série posterior teria que suar muito para nos empolgar do mesmo modo. Jessica Jones seguiu os passos do demônio de Hell’s Kitchen com sucesso, mas nem todos embarcaram do mesmo modo nas aventuras de Cage e Danny Rand.

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Em Os Defensores, esperávamos que a união do quarteto, com a presença de Murdock e Jones, nos empolgasse do mesmo modo que as primeiras séries. Acredito que seja essa expectativa imensa que tenha sido, parcialmente, culpada por nosso desapontamento. Dificilmente, nossa sensação de surpresa ao ver uma série pouco esperada contar tão bem uma história, como foi feito em Demolidor, pode ser recriada.

Caso não tenha assistido as outras cinco temporadas recomendo que o faça antes de começar Os Defensores, pois sua trama está fortemente costurada com as outras e referências são feitas todo o instante. Os quadrinhos, porém, podemos deixar de lado. Afinal, a história foi feita para funcionar no Universo Marvel-Netflix. Não deixe de dizer o que achou nos comentários e cuidado com os – leves – spoilers a seguir.

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“Jessica Jones, pare de falar. Meu nome é Matthew Murdock e sou seu advogado”

Matthew Murdock

A trama começa pouco tempo depois do fim de Punho de Ferro. Os quatro futuros defensores lidam com os problemas de suas vidas particulares como podem, enquanto o Tentáculo nos apresenta mais um de seus integrantes essenciais: Alexandra (Sigourney Weaver). Matthew Murdock (Charlie Cox) ainda possui seu conflito interno, agora mais forte do que nunca, ele luta contra a vontade de ser um vigilante, como um viciado tenta resistir a sua droga.

Jessica Jones (Krysten Ritter) continua sendo uma personagem fascinante. Ela definitivamente não quer a responsabilidade de ser uma heroína, apesar de constantemente agir como uma, e podemos ver que todas as suas atitudes são genuínas e casam com a personalidade que conhecemos. Nem mesmo alguém como Stick poderia dobrá-la.

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Luke Cage (Mike Colter) cresceu como personagem ao longo de sua primeira temporada e, em Os Defensores, começa realmente a apresentar sua personalidade como vigilante. Um dos momentos altos da série é sua conversa sobre privilégios com Danny Rand, um diálogo que prova seu ponto honestamente sem soar condescendente.

E Danny Rand… Bem, muitos não gostaram da escolha do ator Finn Jones para o papel mas a verdade é que os roteiristas são os piores inimigos do personagem. Ele continua com sua constante fala “Sou o Punho de Ferro, sou a arma…” sem realmente mostrar o porquê de ser considerado tão forte. Ele é, porém, aquele que carrega verdadeiro heroísmo e altruísmo dentro de si. Ele quer fazer o bem apenas porque é o correto e, de certo modo, é quem une o grupo no fim.

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“Eu reconheço privilégio quando o vejo. Você pode achar que conquistou sua força, mas ganhou poder no dia em que nasceu. Antes dos dragões. Antes do chi. Você tem a habilidade de mudar o mundo sem ferir ninguém.”

Luke Cage

O principal problema do seriado foi seu ritmo lento, mesmo tendo apenas oito partes. Inicialmente, ver os quatro personagens em seus núcleos separados foi muito bom para cumprir o propósito de entendermos o que cada um estava passando. Porém, eles demoraram muito para se unir.

O jogo de cores que fizeram, no qual cada núcleo possui uma iluminação muito singular – tons vermelhos para o Demolidor e azuis para Jessica, por exemplo – foi uma boa sacada técnica. No entanto, após três episódios com essa dinâmica, começamos a sentir como se a série não tivesse sua própria identidade. Ela é ação? É investigação? Policial?

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Quando os quatro heróis, finalmente, se unem, uma chama, mesmo que pequena, se acende dentro de nós. “Eles vão, enfim, mostrar a que vieram!,” pensamos. Afinal, estamos esperando por esse momento há dois anos. Mas enquanto isso não ocorre, teremos que esperar mais um pouco para vê-lo em ação.

Na realidade, essa é uma das coisas interessantes do seriado: os personagens verdadeiramente não quererem formar uma equipe. É algo que acontece organicamente, por terem interesses em comum e soa muito mais genuíno do que o grupo de Capitão América e Homem de Ferro, por exemplo. Ao fim do oitavo episódio, os personagens parecem, finalmente, ter aprendido a lutar com a ajuda um do outro, principalmente Danny e Luke, o escudo de todos.

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“Vocês quatro – o demônio de Hell’s Kitchen, a detetive sabichona, o ex-detento íntegro e o jovem com o punho que brilha –. a guerra por Nova Iorque chegou. Então, recomponham-se.”

Stick

Murdock e Jones roubam a cena quando estão juntos, e dividir a cena com Luke Cage, com certeza, melhora a participação de Danny Rand. Temos também a presença de diversos personagens de apoio como Foggy, Karen, Claire, Misty, Foggy, Trish… Mas é Colleen Wing que merece nossa maior atenção.

Seus diálogos com Claire Temple, embora repetitivos, mostram um lado humano com o qual podemos nos identificar. Ela errou no passado e não finge possuir ter o controle da situação. Esperamos que muito em breve ela e Misty Knight possam se unir e representar em tela As Filhas do Dragão.

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O que não faltou nas séries da Marvel Television e da Netflix até agora foram bons vilões. E em Os Defensores, não foi diferente. Alexandra teria milhares de anos de idade e, agora, tenta desesperadamente usar o Punho de Ferro para voltar a K’un-Lun com o intuito de manter sua longevidade.

Weaver construiu a personagem belamente, trabalhando com sutilezas. Podemos notar o peso da idade nas expressões de Sigourney e seu diálogos, bem construídos e sem exposição demasiada, nos passam sua confiança. Por isso, não poderia ter ficado mais desapontada quando sua personagem saiu para dar lugar à volta de Elektra Natchios.

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“Você nasceu. Viveu e morreu. E o que você viu do outro lado – a escuridão, a ausência de tudo – é assustador, não é? Eu também vi. Mais de uma vez. E tudo o que quero nessa vida é nunca mais vê-lo.”

Alexandra Reid

A icônica personagem e eterno amor de Matthew Murdock apareceu na segunda temporada solo do personagem e agora retorna como Céu Negro, a maior arma do Tentáculo. Sua maior qualidade seria seu modo implacável de lutar, mas nenhum embate é realmente empolgante. Se está esperando uma cena como a do corredor da primeira temporada de Demolidor novamente, esqueça. Na verdade, a famosa guerra da qual Stick tanto nos alerta sobre nunca realmente chega. As ameaças vazias se tornam um grande desapontamento.

Posso ter passado a impressão de que não recomendo a série, mas isso está longe de ser verdade. Primeiramente, porque sua opinião pode ser muito diferente da minha – e de todas as outras críticas que leu – e, em segundo lugar, porque é uma série obrigatória para todos que acompanham os heróis em suas séries solo. Ela fecha o arco principal e nos dá pistas do que está por vir a seguir nas séries solo: A Queda de Murdock, estou olhando pra você…

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Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.