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Crítica de Fã para Fã: O 3D de A BELA E A FERA

 

O que seria de nós sem as pré-estreias afinal de contas? Neste último sábado prestigiei uma delas e esta certamente foi uma sessão inesquecível. Só poderia estar falando de “A Bela e a Fera” em Terceira Dimensão, relançamento que enfim havia chegado à algumas salas do país e cuja estreia oficial se dá nesta próxima sexta, dia 03.

Não me prolongarei muito sobre o filme, já que todos sabem o quão precioso e inestimável ele é. Posso até exagerar com os elogios, mas é a pura verdade. “A Bela e a Fera” é um dos maiores Clássicos não só da Disney mas também de toda a história do cinema. Trata-se de um longa belíssimo, tocante, divertido e atraente, que consegue equilibrar de maneira impecável os momentos de romance, ação, humor e até suspense. E o que dizer então de sua trilha sonora? É sem dúvidas um dos melhores musicais de todos os tempos, já que as seguintes composições, além de nos entreter, introduzir às personagens e transmitir o que elas sentem, também contribuem em muito com o avanço da narrativa. Nos deparamos igualmente com personagens bastante carismáticas e envolventes, especialmente o casal protagonista: Bela, que deseja viver em um mundo mais amplo do que a pacata aldeia onde mora, e Fera, cuja alma torturada e melancólica depara-se enfim com algo que ele nunca havia sentido antes: o amor.

O filme também possui alguns detalhes belíssimos e bastante sutis, tais como a Ala Oeste sombria e desarrumada, a qual reflete o conflito interno de seu dono, um simples “Obrigada… por salvar minha vida…” que muda completamente a visão que um tinha pelo outro, os olhares despercebidos, Bela se apoiando no ombro de Fera enquanto valsam, a gradativa humanização de Fera ao passo que Gaston se revela como o verdadeiro monstro que é, e, enfim, um simples olhar que permite que a pessoa amada reconheça a outra. Não é à toa que se trata do meu 2º filme favorito de todos os tempos (perdendo apenas para “A Bela Adormecida”, claro).

 

 

Mas enfim, vamos ao objetivo desse texto (sim, eu sei que você estava saindo da página… conheço-o mais do que imagina…)! Como já dito, conferi este Clássico em sua versão tridimensional no sábado, dia 28, e o que posso dizer é que tal conversão está maravilhosa! Tal como em “O Rei Leão”, já no inicio percebemos o quanto o 3D do filme promete ao sermos, praticamente, mergulhados naquela belíssima paisagem da floresta que nos introduz ao castelo do Príncipe. Todavia, não fique esperando por aqueles efeitos tridimensionais que apontam direto para sua cara. Esta conversão dá mais ênfase ao efeito de profundidade dos cenários e sequências do filme. Ou seja, se no ano passado nos deparamos com aquelas savanas que pareciam não ter fim, aqui também somos agraciados com os mais belos cenários europeus e barrocos que, de fato, prolongam-se a uma perspectiva tão grande que sentimos estar dentro daquela aldeia ou daquele castelo encantado.

Não há, por exemplo, visão mais linda do que aquela paisagem de outono vista na reprise de “Belle” que parece se estender até o horizonte e além, isto sem falar dos planos aéreos e/ou horizontais da câmera visualizando a aldeia, o castelo, aposentos como a Ala Oeste, a biblioteca e o salão de baile, a floresta e tantos outros. É muito bonito no geral. Já a qualidade da imagem está igualmente perfeita! Captamos com exímia precisão cada traço, cor, gesto, expressão, movimento… Quanto ao som, não sou um expert no assunto portanto não sei se ele aproveita o máximo de sua potência, mas tenho certeza que o áudio está muito melhor do que o de “O Rei Leão – 3D”. A voz e os gritos de Fera, por exemplo, nunca soaram tão imponentes e arrepiantes, sendo que os coros usados em músicas como “Belle” ou “The Mob Song” também estão bastante claros, limpos e definidos.

 

 

Mas é claro que nem tudo são flores. “A Bela e a Fera – 3D” possui o mesmo defeito percebido em “O Rei Leão – 3D”: algumas vezes a câmera parece estar meio trêmula e em determinados momentos ela fica meio fora de foco, sem falar é claro dos naturais incômodos gerados pelo formato tridimensional (no meu caso, pelo menos, a região entre o meu nariz e meus olhos sempre fica meio irritada com aqueles óculos). Além disso, para minha surpresa, a versão 3D do Clássico não conta com aquela nova música incluída em 2001, “Human Again”. Gosto muito dessa parte do filme (é impossível ouvir essa canção individualmente e tirá-la da cabeça em seguida) e acho que ficaria muito boa caso também fosse convertida para a Terceira Dimensão (especialmente aquele plano aéreo que mostra as vassouras limpando o salão de baile).

E claro, não posso deixar de dizer algumas palavras sobre a célebre cena da valsa. Confesso que esperava um pouquinho mais da versão 3D dela, mas no geral ela ficou supimpa! Aquela tomada em que a câmera desce do candelabro e focaliza no casal dançando, por exemplo, está de encher os olhos! E se antes os movimentos de câmera já permitiam que ficássemos bem íntimos de Bela e Fera, aqui nós quase conseguimos tocá-los! Na verdade, mesmo que os quesitos técnicos não fossem os melhores, a cena, por si mesma, já é uma das sequências mais belas e tocantes vistas em um longa-metragem animado.

 

 

Em uma avaliação geral, a conversão de “A Bela e a Fera” para o 3D é sim deveras satisfatória. Até possui lá os seus defeitos, mas estes acabam sendo superados pelo fantástico mergulho tridimensional nos seguintes cenários e sequências somado à maior interação proporcionada ao público em relação às personagens e determinados momentos-chave do longa. De 0 a 10, uma nota 8.9, digamos assim. E mesmo que você não goste do formato 3D, vale a pena conferir o filme nos cinemas. Afinal, existe coisa melhor do que presenciar um Clássico Disney nas telonas?! Sempre foi o meu maior sonho, e de todos eles já consegui ver quatro! E com esta conversão, mal vejo a hora de conferir as versões 3D de “Procurando Nemo”, “Monstros S.A.” e meu amado “A Pequena Sereia” (e também não vejo a hora de repetir a sessão, como ano passado!).

 

Trailer dublado de a “A Bela e a Fera 3D” nos cinemas:

 

E não posso me esquecer de falar sobre o curta “Enrolados Para Sempre”. Trata-se de uma pequena animação bastante divertida e recheada de momentos hilários envolvendo Pascal e Maximus. O animado não perde nem um pouco para os quesitos técnicos e narrativos do Clássico original, tanto que, assim como seu antecessor, ele igualmente possui a essência daquelas antigas animações 2D, só que com personagens em CGI mais um estilo novo e irreverente que, espero, esteja presente nas futuras produções do estúdio a serem lançadas a partir de então. E algo curioso que eu notei: Rapunzel, naturalmente, está de cabelos curtos mas o véu do vestido de noiva dela é tão comprido que ele chega a remeter aqueles 21 metros de cabelo que ela tinha antes. Não sei se foi intenção dos cineastas, mas foi uma coincidência muito legal. Ah! E Flynn não é dublado por Luciano Huck, portanto podem ficar tranquilos, na verdade, podiam chamar o cara responsável pela voz do Flynn nesse curta para redublar as falas dele no filme original. O que vocês acham?

 

 

Notas do autor:

Uma dica para vocês, não deixem a sala antes do término dos créditos finais. São exibidos no fundo alguns traços conceituais feitos pelos animadores do filme. Vale muito a pena conferi-los! Isso sem falar da dedicatória ao mestre Howard Ashman, o homem que “deu a uma sereia a sua voz e a uma fera a sua alma”. Que ele descanse em paz.

Escrito por Luís Fernando

"Tupi or not tupi! That is the question..."