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Clássicos na Crítica | Aladdin

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Hoje vamos trazer a vocês uma crítica de um dos filmes mais importantes da Era do Renascimento Disney, iniciada em 1989 por A Pequena Sereia. Trata-se de Aladdin, filme lançado em 1992, sendo o quarto filme e mais importante do Renascimento Disney.

O trigésimo primeiro filme do Walt Disney Animation Studios foi um tremendo sucesso de bilheteria. Baseada em Aladim e a Lâmpada Mágica, do livro de contos árabes As Mil e Uma Noites, a história foi modificada para ficar mais atraente para crianças. Foi o filme que mais arrecadou em 1992, chegando a passar de 215 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos.

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Howard Ashman, compositor que já havia trabalhado em A Pequena Sereia (1989) e A Bela e a Fera (1991), foi o criador de diversas das icônicas canções do filme, porém com seu falecimento em 1991, seu parceiro Alan Menken ficou em cargo de terminar as canções.

Para tal, chamou Tim Rice (que trabalhou depois com Elton John na composição dos clássicos Can You Feel the Love Tonight e Circle of Life, ambas de O Rei Leão). Com uma equipe de peso como essa, claro que a trilha sonora seria genial. Um Mundo Ideal (A Whole New World) ganhou o Grammy e o Oscar de Melhor Música no ano de seu lançamento.

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A direção ficou por conta de Ron Clements e John Musker, ambos conhecidos da Disney e que dirigiram vários clássicos como A Pequena Sereia (1989), Hércules (1997), A Princesa e o Sapo (2009), e mais recentemente, ambos estão novamente juntos para dirigir o novo longa Moana (05 de Janeiro de 2017).

Entre os atores, destaca-se o papel do Gênio, interpretado pelo ator Robin Willians. Robin estava extremamente grato pelo sucesso de seu filme Bom Dia, Vietnã (1988), da Touchstone Pictures, e cobrou um valor bem baixo para dublar o personagem, contato que a empresa não utilizasse seu nome e imagem para divulgar o filme e que sua personagem não tivesse mais de 25% do espaço na arte visual da publicidade.

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Porém, por questões financeiras, a Disney acabou voltando atrás em ambas as cláusulas do contrato, gerando um desentendimento com Robin e tendo que ser substituído por Dan Castellaneta em O Retorno de Jafar (1994). Apenas quando Joe Roth entrou para o Walt Disney Studios e emitiu um pedido de desculpas público a Robin, ele e a Disney se entenderam novamente, e ele inclusive aceitou participar de Aladdin e os Quarenta Ladrões (1996).

Na versão brasileira, deram vida aos personagens os dubladores Marcos Jardym e Joseph Carrasco (Diálogos e Canto) para Aladdin; Sílvia Goiabeira e Kika Tristão (Diálogos e Canto) como Jasmine; Jorgeh Ramos para Jafar; e Márcio Simões como o Gênio. A dublagem não deixa nada a dever para o original, com um texto bem construído, músicas muito bem elaboradas e dubladores experientes, que conseguiram passar as emoções dos personagens com clareza.

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A animação começa nos dando uma visão de uma cidade fictícia do Oriente Médio, chamada Agrabah. Ela foi baseada no cenário de fundo de As Mil e Uma Noites, e traz uma versão medieval do Oriente Médio, aproximadamente durante o século IX.

Jafar, o grão-vizir do Sultão, está empenhado em encontrar uma Lâmpada Mágica que dizem conter um Gênio capaz de realizar desejos do possuidor do artefato. Após uma tentativa frustrada do ladrão contratado por Jafar de entrar na Caverna das Maravilhas, onde a lâmpada se encontra, o grão-vizir descobre que somente uma pessoa generosa poderia entrar na caverna.

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Enquanto isso, conhecemos Jasmine, a filha do Sultão que vive uma vida cheia de regalias, porém presa nos portões do palácio. Cansada de sua vida, ela decide fugir e experimentar a vida dos plebeus, indo visitar o popular Mercado de Agrabah. É neste ambiente que ela conhece Aladdin, um jovem morador de rua que comete pequenos furtos para se alimentar e alimentar seu companheiro, o macaquinho Abu.

Jasmine e Aladdin acabam descobrindo que tem muito em comum, mesmo com as diferenças sociais gritantes entre os dois. Quando Aladdin é pego pelos guardas por roubo, Jasmine intercede a seu favor, porém Jafar mente e força Aladdin a ir para a prisão. O plano do grão-vizir prossegue enquanto ele solta o herói da prisão e o leva a Caverna das Maravilhas, disfarçado como um ancião. A Caverna avisa Aladdin que ele deve tocar na lâmpada e nada mais.

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Dentro da caverna, eles são ajudados por um tapete mágico, mas a ambição de Abu o leva a tocar em uma joia que faz a caverna começar a ruir. Jafar deixa Aladdin para a morte, porém o macaquinho consegue recuperar a lâmpada sem que o vilão perceba, e ambos são salvos pelo Tapete Mágico.

Aladdin, então, conhece o Gênio da Lâmpada, que diz ser capaz de realizar três desejos ao portador do artefato, exceto matar alguém, fazer alguém se apaixonar ou trazer alguém de volta dos mortos. Após conseguir enganar o gênio e libertar todos eles da caverna destruída, Aladdin decide que usaria seu último desejo para libertar o Gênio, que se sentia um prisioneiro. Para ter uma chance com Jasmine, ele decide usar seu primeiro desejo para se tornar um príncipe.

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Aladdin volta a Agrabah, sob o nome de Príncipe Ali, mas é prontamente rejeitado pela princesa. Apesar das dicas do Gênio de ser sincero com a garota, Aladdin decide manter a farsa e leva a princesa em um passeio com o tapete voador. Lá, ela cobra a verdade de Aladdin, porém diz que, como ela, também gostava de fugir do palácio e viver como o povo.

Jafar captura Aladdin e revela a farsa do garoto enquanto seu papagaio de estimação, Iago, rouba a lâmpada. Ele usa, então, seus dois primeiros desejos para se tornar Sultão e o maior feiticeiro do mundo.

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Usando seus poderes novos, ele força Jasmine e seu pai a se curvarem a ele e exila Aladdin e Abu para um deserto gélido. Com a ajuda do tapete mágico, Aladdin tenta retomar a lâmpada, mas Jafar percebe e aprisiona Aladdin, gabando-se de ser o homem “mais poderoso da Terra”.

Aladdin percebe a oportunidade e diz que ele não é mais poderoso que o Gênio. Jafar prontamente usa seu último desejo para se tornar um gênio, mas acaba descobrindo que, junto do grande poder, vem a prisão em uma lâmpada.

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Aladdin decide que não ganharia nada mantendo mentiras, e usa seu último desejo para libertar o gênio, mesmo colocando em risco suas chances com Jasmine. Felizmente, após o Sultão observar o amor de sua filha com o jovem plebeu, ele decide permitir o casamento dos dois, enquanto o Gênio vai em busca de seu sonho de conhecer o mundo.

Um dos tema centrais de Aladdin acaba sendo as armadilhas em que os personagens se encontram. Aladdin, por exemplo, pensa que a lâmpada mágica pode ser a solução de todos os seus problemas, porém acaba se prendendo ainda mais na mentira de ser o Príncipe Ali, alguém que ele não é. Desse modo, podemos ser livres a partir do momento em que aceitamos quem somos.

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Por outro lado, Jafar também desejava o artefato mágico para resolver os seus problemas e se livrar do Sultão, um governante bem-intencionado, mas incompetente. No final, ele consegue se libertar da obrigação de servir ao Sultão, no entanto, acaba se tornando um prisioneiro de uma lâmpada.

Ironicamente, o Gênio, quem poderia solucionar os conflitos de Aladdin e Jafar, deseja se livrar da lâmpada para sempre. Portanto, a lâmpada mágica é o principal elemento da trama, quer vista como uma prisão ou como a chave para se libertar de uma prisão, pois é o objeto de desejo que coloca toda a história em movimento.

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Durante todo o filme, presenciamos uma típica jornada do herói. Somos apresentados a Aladdin como um vagabundo, vivendo de artimanhas e pequenos golpes. O encontro com Jafar e a busca pela lâmpada representam seu chamado para a aventura e a possibilidade de ascender na vida.

Com a ajuda do Gênio, ele se transforma em Príncipe Ali, um pretendente digno e merecedor da mão de Jasmine. A verdadeira identidade de Aladdin vem à tona apenas quando Jafar consegue atingir seu propósito e dominar o reino, usando também os poderes mágico do Gênio.

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E para derrotá-lo, Aladdin precisa se despir da falsa identidade e da magia. É Aladdin, e não Príncipe Ali, quem vence Jafar e conquista definitivamente o coração de Jasmine. Além do amor da princesa, o protagonista é recompensado através da aceitação daquelas pessoas, as quais o enxergam como um verdadeiro “diamante bruto”.

Outro ponto interessante no longa-metragem é a forma como trabalham a atemporalidade. A maioria dos clássicos do estúdio não define uma linha do tempo, criando cenários de fantasia ou de época, porém sem retratar nada que possa prendê-los à época em que foram produzidos.

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Apesar disso, o Gênio se transforma em diversas personalidades contemporâneas, de Jack Nicholson a Groucho Marx, e isso funciona sem problemas, porque os roteiristas repetidas vezes reforçam que o personagem é um ser mágico, sem limites de tempo ou espaço.

Logo, a genialidade e o talento de Robin Williams puderam ser aproveitados como deveriam, pois o Gênio tem a capacidade de ir para onde quiser, na hora que bem entender. E isso explica o fato de termos tantas referências atuais em um filme que se passa séculos e séculos atrás.

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O filme foi seguido por O Retorno de Jafar (1994) e Aladdin e os Quarenta Ladrões (1996), lançados diretamente em home vídeo. A animação contou também com um desenho para televisão, e os personagens apareceram em diversos outros programas da Disney, como a série Hércules e Point do Mickey. Aladdin também apareceu em diversos jogos de todas as gerações de vídeo games, tendo seu próprio para Mega Drive e Super Nintendo, além de portáteis da época.

A história de Aladdin nos mostra que a verdade sempre deve sobressair, e que viver baseados em mentiras nunca irá nos levar à felicidade, comprovando que os valores interiores são mais importante do que a aparência. A fábula foi extremamente bem sucedida e coroou a era de ouro da Renascença da Disney.

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Escrito por Sarah

Sarah Campos ama tudo o que diz respeito a Disney, principalmente a Cinderella. Gosta de cinema, jogos de vídeo game, ficção científica e quadrinhos da Marvel. Tem como sonho conhecer o mundo e mais do que ele tem a oferecer.