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Carros 2 | Crítica de Fã para Fã

 

 

Devo começar essa crítica lembrando que sou um grande (até demais) fã da Pixar, apaixonado por sua filosofia, arte, filmes e produções. Mas não é por amar esse estúdio que não posso criticar seu trabalho. E Deus sabe como não queria que eles fizessem uma continuação agora, depois de Toy Story 3. Ainda mais uma continuação de Carros, filme que considero o mais fraco entre o belíssimo currículo de longas do estúdio. Esse mesmo Deus sabe o quanto eu gostaria de dizer o contrário, mas Carros 2 é muito inferior aos seus companheiros longas da Pixar.

O filme se passa três anos depois do final do primeiro filme. Relâmpago McQueen já venceu quatro Copas Pistão e está de volta a Radiator Springs para passar mais um verão ao lado dos seus amigos, principalmente de Mate. Porém um desafio surge quando um carro de Fórmula 1 italiano desafia McQueen para participar de um Grand Prix mundial, patrocinado por um carro milionário que acabou de descobrir uma fonte de biocombustível que irá abastecer os competidores. Empolgados com os desafios da competição, que irá fazer os carros correrem em vários terrenos diferentes, McQueen parte com Mate e seus amigos para juntos, como uma equipe, vencer e provar que é o mais rápido do mundo. Porém durante a competição Mate acaba se metendo no meio de uma trama de espionagem, sendo confundido como uma agente secreto americano à serviço da Inteligência Britânica e tendo que se arriscar pra salvar o mundo e seu melhor amigo.

Só dessa sinopse você já pode perceber que o filme é um show, visualmente falando. Dessa vez, saímos de Radiator Springs e vamos conhecer países como Japão, Itália, França e Reino Unido. Todos os cenários do filme são deslumbrantes: a arquitetura das cidades, ruas, hotéis, construções, é pensada para funcionar perfeitamente para os carros andarem. É tudo muito colorido e detalhado (vide as cenas em Tóquio). Sem falar que dessa vez temos personagens novos, como aviões e barcos, mas suas participações são pequenas, afinal, o filme é sobre carros.

 

 

E carros é o que não falta nesse filme. Vemos carros de todos o tipos e de várias nacionalidades durante toda a trama, incluindo alguns famosos como a Rainha da Inglaterra, o Papa, Louis Hamilton (dublado por ele mesmo na versão original do longa) e Fernando Alonso (dublado por ele mesmo na versão em espanhol do filme). Participam do Grand Prix mundial carros de Fórmula 1, da Stock Car, e muitos outros. Até mesmo o Brasil é representado no filme, no papel de Carla Veloso, dublada na versão nacional pela cantora Claudia Leitte, que faz bem seu trabalho, para minha surpresa, mesmo que apenas por duas falas. Crédito, é claro, para o diretor de dublagem Guilherme Briggs que fez um trabalho tão bom quanto a dublagem do primeiro filme.

Eu gostei muito da trama do filme. A ação se faz presente de forma muito mais agressiva nesse longa, se compararmos com o original que, basicamente, só possui duas cenas grandes de ação: o início e o final. Impulsionadas pela temática de espionagem que serve de alicerce para toda a história, o filme é cheio de explosões, perseguições, cenas de tensão e bugigangas. Carros 2 é uma bela homenagem ao gênero de espionagem do cinema, desde sua bela trilha sonora composta por Michael Giacchino, com temas que o tempo todo me lembraram os filmes de James Bond, até as reviravoltas e personagens do filme, como o agente Fin McMíssil e o vilão alemão, Professor Z. Esse lado da espionagem é o que dá força e gera os conflitos da história, já que um filme só com corridas não seria muito interessante, não? Porém a impressão que se tem é que a Pixar se perdeu na ação e no visual e esqueceu o que é mais importante pra mim em seus trabalhos: o coração.

 

 

Carros 2 possui sim uma mensagem por trás de sua história e mais uma vez quem aprende com essa mensagem é Relâmpago McQueen, porém a lição de moral da vez não tem o mesmo impacto e a mesma profundidade quanto a do primeiro filme. A lição de moral é tão bobinha e infantil que ela é “aprendida” ainda no meio do filme! Faltou o lado adulto no longa, tão comum nos trabalhos anteriores da Pixar. Talvez isso seja uma consequência do fato de a trama girar praticamente o tempo todo ao redor de Mate, agora claramente um protagonista. Eu acho Mate um personagem irritante no primeiro filme e o comparo muitas vezes aos personagens tão comuns que a Dreamworks, por exemplo, gosta de usar como protagonistas: bobões, sempre se metendo em confusões por serem desastrados demais, e um tanto quanto histéricos e exagerados (vide Po, de Kung Fu Panda, o Burro, de Shrek, e Megamente). Apesar de parecido com o estereótipo da Dreamworks, dei uma chance para Mate no primeiro longa por ele ser apenas um coadjuvante, porém em Carros 2 a Pixar me fez o favor de inverter os papéis e assim, fugiu totalmente de sua fórmula perfeita para filmes perfeitos, na minha opinião. Só dou um desconto por eles terem adicionado uma leve carga emocional para Mate, perto do clímax, o que diminuiu um pouco o lado bobão dele e ajudou a criar a imagem de herói que ele assume no clímax do longa.

 

Trailer final dublado de “Carros 2“:


Porém não posso ficar só criticando como um fã e perder o senso crítico. Depois que o filme acabou, ficou claro pra mim que o interesse da Pixar em Carros 2 foi, acima de tudo, comercial, já que é um dos filmes que mais rendeu lucros para o estúdio com produtos de seus personagens. Sem falar no apelo que um carro falante tem para uma criança. É muito maior do que um velho carrancudo de bengala ou um robô que, apesar de apaixonante, não diz uma única palavra além do próprio nome. É uma pena ver a Pixar se render a esses dogmas e não estimular a inteligência e os sentimentos de seu público, principalmente infantil, como fez em Toy Story 3 e Wall-E.

Carros 2 seria facilmente um filme para sair direto em DVD, como uma daquelas continuações de clássicos Disney que nunca é tão lembrada e cultuada como o original. Só não digo que não vale a pena ver no cinema porque seu design é belíssimo, suas cenas de ação são ótimas e a trama de espionagem é interessante, porém fica muito longe do original em termos de profundidade e história. Até mesmo o 3D não acrescenta muito ao longa. Infelizmente Carros 2 não me marcou, o que me faz classificá-lo como desnecessário no currículo da Pixar e acredito que tenha poucas chances para ganhar um Oscar ano que vem. Só me resta torcer para que seus próximos trabalhos não cometam os mesmo erros que esse, afinal, tem outra continuação vindo pela frente, não é mesmo? Espero que eles sejam menos óbvios na próxima vez e aprendam com seus próprios erros. Eles sempre foram os primeiros dessa corrida e não quero ver meu estúdio favorito comer poeira e ficar pra trás.

 

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O astro das corridas Relâmpago McQueen (voz de Owen Wilson) e o incomparável guincho Mate (voz de Larry the Cable Guy) levam sua amizade a incríveis novos lugares em CARROS 2, ao atravessar o mundo para competir na primeira Grand Prix Mundial para determinar quem é o carro mais rápido do mundo. Mas o caminho para o campeonato é cheio de obstáculos, desvios e surpresas hilariantes quando Mate se vê envolvido em uma fascinante aventura de espionagem internacional. Dividido entre ajudar Relâmpago McQueen na corrida e se enganchar em uma missão de espionagem ultra-secreta, a extasiante jornada de Mate o leva em uma caçada explosiva pelas ruas do Japão e da Europa, seguido por seus amigos e assistido pelo mundo inteiro. Somando-se a toda essa diversão em ritmo acelerado há um maravilhoso elenco de carros totalmente novos que inclui agentes secretos, vilões ameaçadores e corredores internacionais.

John Lasseter volta para o banco do motorista para dirigir esta continuação do seu vencedor do Globo de Ouro® de 2006 CARROS. CARROS 2 é co-dirigido por Brad Lewis, produtor do vencedor do Oscar® RATATOUILLE, e produzido pela veterana da indústria de efeitos visuais Denise Ream (produtora associada de UP – ALTAS AVENTURAS; produtora executiva de efeitos visuais de Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith).

 

 

 

Escrito por Felipe Andrade

Estudante de Administração, nerd, cinéfilo, colecionador e uma eterna criança. Não exatamente nessa ordem...